O laudo falso apresentado por Marçal contra Boulos foi um fator decisivo para que o candidato ficasse fora do segundo turno. Nesse contexto, uma assessoria competente teria evitado que, na reta final da campanha, Marçal cometesse um erro tão grave, comprometendo sua trajetória e o potencial de crescimento eleitoral.
Por Delmo Menezes
As eleições municipais de São Paulo em 2024 marcaram um dos pleitos mais disputados da história da capital paulista dos últimos anos. Ricardo Nunes (MDB), com o apoio decisivo do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), garantiu uma vaga no segundo turno, enfrentando Guilherme Boulos (PSOL). No entanto, o grande destaque foi a performance surpreendente de Pablo Marçal (PRTB), que ficou em terceiro lugar, conquistando 28% dos votos e agitando o cenário político local e nacional para 2026.
A ascensão de Marçal
Marçal, com uma campanha pautada pelo discurso antissistema, chamou a atenção ao se posicionar como um candidato disruptivo e outsider. Sem tempo de TV, sem o apoio de grandes partidos e sem a máquina pública ao seu lado, ele conseguiu se conectar com uma parcela significativa do eleitorado. Seu desempenho superou as expectativas, gerando apreensão entre adversários de diferentes espectros políticos.
Desde o início da campanha, sua presença foi marcada por episódios inusitados. Um dos mais comentados foi o incidente com José Luiz Datena (PSDB), que, durante um debate, atingiu Marçal com uma cadeirada, elevando ainda mais a notoriedade do candidato. Marçal também protagonizou um polêmico episódio envolvendo um laudo falso contra Guilherme Boulos, que resultou em uma ação do Supremo Tribunal Federal (STF), culminando em multas e na suspensão de suas redes sociais, sendo este o episódio mais lamentável de sua campanha que o tirou do segundo turno.
O impacto político
Apesar de não ter avançado para o segundo turno, o impacto de Pablo Marçal foi claro. Ele representa um novo polo na direita paulistana, ameaçando a hegemonia de figuras como Tarcísio de Freitas e até mesmo de Jair Bolsonaro, que teve participação tímida no apoio a Ricardo Nunes durante a campanha. A força de Marçal sinaliza uma nova dinâmica na disputa pela liderança entre os conservadores e bolsonaristas, e sua projeção já o coloca como um nome a ser observado para as eleições de 2026.
Tarcísio de Freitas, por sua vez, saiu fortalecido como o grande articulador da direita paulista. Seu apoio a Nunes, aliado à falta de engajamento mais forte de Bolsonaro, foi importante para a construção da candidatura do atual prefeito. No entanto, com a ascensão de Marçal, a liderança de Tarcísio pode enfrentar novos desafios.
A resposta dos adversários
Com o sucesso inesperado de Marçal, seus adversários já começam a planejar estratégias para neutralizá-lo nas próximas disputas. Políticos ligados tanto à direita quanto à esquerda demonstram interesse em minar a carreira política do empresário, apostando em questões judiciais para inviabilizar sua candidatura em 2026. O episódio do laudo falso é visto como uma das possíveis armas para que Marçal seja tratado como um “caso de polícia” e não apenas como um adversário político.
A campanha de Ricardo Nunes está otimista com o segundo turno, apostando na rejeição de Boulos por parte do eleitorado de Marçal. “O voto do Marçal não tem dono”, comentou um integrante da equipe de Nunes, que acredita que esse eleitorado dificilmente apoiará o candidato do PSOL.
O futuro de Marçal e a direita paulistana
O crescimento de Pablo Marçal, aliado à força de Tarcísio de Freitas, reflete um fortalecimento da direita em São Paulo. Por outro lado, a esquerda, liderada por Guilherme Boulos, enfrenta dificuldades de renovação e atualização, o que pode prejudicar seu desempenho futuro. As eleições de 2026 já começam a ser desenhadas a partir do resultado em São Paulo, e Pablo Marçal certamente será um dos protagonistas desse novo cenário, seja no embate direto com Tarcísio, seja no papel de rompimento com o atual modelo político.
O que fica claro é que Marçal não apenas causou um impacto significativo nas eleições municipais de 2024, mas também se posicionou como uma força política relevante para o futuro, gerando expectativas e incertezas em todas as esferas do jogo político.
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Da Redação do Agenda Capital