Plataformas digitais serão responsabilidades pela disseminação de conteúdos. Reprodução.

Crime bárbaro no Rio expõe perigos de aliciamento online e reforça necessidade de regulação. No DF, Uma menina de 8 anos morreu no último domingo (13), no Distrito Federal, após inalar gás de desodorante aerossol durante o “desafio do desodorante”, conteúdo que circula na rede social TikTok. 

Por Delmo Menezes

Um adolescente de 17 anos foi preso no Rio de Janeiro após atirar coquetéis molotov em um homem em situação de rua, em um crime transmitido ao vivo para 141 pessoas no Discord. A vítima sobreviveu com queimaduras em 70% do corpo. Investigações revelaram que o ataque foi incentivado e financiado por meio de um servidor na plataforma, onde usuários ofereceram R$ 2 mil como “prêmio” pelo ato violento.

O caso, longe de ser isolado, evidencia os riscos que crianças e adolescentes enfrentam na internet — seja como vítimas ou como recrutados para crimes. A polícia identificou que os administradores do servidor integravam uma organização criminosa envolvida em crimes cibernéticos, incluindo apologia ao nazismo, pornografia infantil e instigação ao suicídio. A gravidade do caso chamou a atenção até de agências dos EUA, que colaboraram com as investigações.

Criança de 08 anos morre no DF

Uma menina de 8 anos morreu no último domingo (13), no Distrito Federal, após inalar gás de desodorante aerossol durante o “desafio do desodorante”, conteúdo que circula na rede social TikTok. A criança sofreu uma parada cardiorrespiratória e teve morte cerebral confirmada dias depois.

A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar como a criança teve acesso ao desafio, e apura se há responsáveis por sua disseminação nas redes. Além disso, segundo a polícia, o celular de Sarah foi apreendido e será analisado pela perícia. A polícia encontrou um desodorante sob a almofada onde a menina estava deitada e identificou que o tecido estava bastante úmido, o que reforça a hipótese da inalação intencional.

Os responsáveis pela publicação ou disseminação do conteúdo podem ser responsabilizados por homicídio duplamente qualificado, com penas que chegam a 30 anos de prisão. A investigação também busca entender se houve falhas de proteção por parte da plataforma digital.

Responsabilidade das Plataformas e Regulação

Rodrigo Nejm, coordenador de educação digital do Instituto Alana, defende que a segurança online de jovens é uma responsabilidade compartilhada entre famílias, escolas e plataformas digitais. Ele critica a falta de mecanismos eficazes para proteger usuários jovens e cobra maior fiscalização sobre as big techs:

— É obrigação das plataformas adotar medidas como sistemas de recomendação que evitem conteúdo violento, além de frear designs manipulativos que prejudicam a saúde mental. Também é preciso responsabilizar empresas que falharem nessa proteção — afirma Nejm.

Um avanço em discussão no Congresso é o PL 2628/2022, que prevê verificação etária rigorosa em redes sociais e sites pornográficos, indo além da simples autodeclaração. O especialista ressalta que métodos variados (de acordo com o risco da plataforma) são essenciais para barrar o acesso precoce a conteúdos inadequados.

Cyberbullying e Impactos na Saúde Mental

O debate sobre violência online ganhou força com o sucesso da série “Adolescência” (Netflix), que retrata crimes entre jovens em ambientes digitais obscuros para adultos. A psicóloga Juliana Gebrin (IPAF/Portugal) destaca que o cyberbullying é uma das ameaças mais comuns, afetando principalmente quem foge de padrões sociais — como pessoas com deficiência, LGBTQIA+ ou tímidas.

— O agressor muitas vezes é alguém que já sofreu bullying e busca poder através da crueldade. Já as vítimas desenvolvem ansiedade, depressão e até tendências suicidas — explica Gebrin. Entre os sinais de alerta estão queda no rendimento escolar, isolamento e mudanças bruscas de comportamento.

Caminhos para Prevenção

Especialistas reforçam a necessidade de:

  • Regulação governamental para obrigar plataformas a adotarem proteções;
  • Ferramentas de verificação etária eficazes;
  • Conscientização em escolas e famílias para identificar sinais de bullying ou aliciamento;
  • Acompanhamento psicológico para vítimas e agressores.

Enquanto casos como o do Discord expõem falhas graves na moderação, a pressão por ambientes digitais seguros se torna urgente para evitar que jovens continuem sendo vítimas — ou instrumentos — da violência online.

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Da Redação do Agenda Capital

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