Criação de megapartido do Centrão desagrada parte da base e pode levar congressistas a migrar para a legenda de Bolsonaro
Por Redação
A recente formalização da federação entre o União Brasil e o Progressistas (PP) — união que promete formar o maior partido do Congresso Nacional — provocou reações negativas em setores das duas legendas. Insatisfeitos com os novos arranjos de poder, parlamentares já articulam a saída dos partidos e consideram ingressar no PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A federação, que funcionará como uma fusão por no mínimo quatro anos, unificará o funcionamento dos partidos, incluindo o uso do fundo eleitoral, montagem de chapas e lançamento de candidaturas majoritárias. Apesar do potencial eleitoral da união, que somaria 109 parlamentares entre Câmara e Senado, superando o PL, o rearranjo não foi bem recebido por todos.
Deputados e senadores, sob condição de anonimato, afirmam que perderão influência política em seus estados, principalmente onde o controle das decisões ficará com dirigentes adversários. Há temor de que essa perda de protagonismo local impacte diretamente no acesso ao financiamento de campanha e na formação das chapas proporcionais em 2026.
A costura da federação, conduzida por figuras como Arthur Lira (PP-AL), que assumirá a presidência da nova estrutura, e Ciro Nogueira (PP-PI), atual líder do PP no Senado, distribuiu o comando político nos estados de maneira estratégica. O PP ficará com Acre, Alagoas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Roraima e Santa Catarina. Já o União Brasil controlará Ceará, Goiás, Amazonas, Bahia, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Norte e Rondônia.
Estados-chave como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais — os maiores colégios eleitorais do país —, além do Distrito Federal, Maranhão, Paraíba, Sergipe e Tocantins, ficarão sob decisão da executiva nacional da federação.
Com a redistribuição de forças, nomes de peso do União Brasil e do PP avaliam trocar de sigla durante a próxima janela partidária. O PL surge como o principal destino, por concentrar grande capital político junto à base bolsonarista e oferecer estrutura sólida para reeleição em 2026.
Apesar da movimentação de bastidores, Ciro Nogueira está otimista. Em entrevista ao portal Metrópoles, o senador afirmou que a federação pode atrair novos parlamentares e crescer ainda mais, chegando a até 150 deputados. “A perspectiva de um fundo partidário robusto e de chapas fortes é um atrativo para muita gente”, disse.
Se confirmada, a federação entre União Brasil e PP deve se tornar a maior força do Centrão, com protagonismo garantido nas articulações para as eleições municipais de 2024 e, sobretudo, na disputa presidencial de 2026. No entanto, os descontentes já se movimentam, e o PL pode ser o grande beneficiado dessa nova dança das cadeiras na política brasileira.
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Da Redação do Agenda Capital