
De acordo com especialistas, o ibuprofeno oferece uma chance maior de sangramento no estômago e danos nos rins.
Por Redação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou nesta terça-feira (17/3) que pessoas com sintomas do novo coronavírus não devem usar ibuprofeno no combate a epidemia.
O aviso da OMS vai no mesmo sentido das recomendações de autoridades sanitárias da França. O ministro da Saúde do país, Olivier Véran, também médico, postou em seu perfil no Twitter no sábado mensagem sobre o medicamento. “A ingestão de anti-inflamatórios [ibuprofeno, cortisona …] pode ser um fator para agravar a infecção. Em caso de febre, tome paracetamol. Se você já está tomando medicamentos anti-inflamatórios, peça conselhos ao seu médico.”
Um artigo publicado pela revista científica The Lancet, divulgado no dia 11 de março, revelou que três estudos feitos em doentes infectados com o novo coronavírus evidenciaram que a classe de anti-inflamatórios não esteroides (conhecidos como AINE’s) aumenta a expressão de enzimas conversoras de angiotensina 2 (ACE2), receptores que existem em células epiteliais dos pulmões, intestinos, rins e vasos sanguíneos, e aos quais o SARS-CoV-2 se liga para infectar o organismo humano.
Outro fato apresentado pelos autores do artigo é que o uso de medicamentos da classe AINE, como iboprufeno, e medicamentos à base de cortisona podem afetar a capacidade de reação do sistema imunitário, responsável por combater o vírus do coronavírus.
De acordo com os mesmos estudos, a gravidade da infeção também pode ser influenciada pelo uso de substâncias ou a ingestão de medicamentos para combater a diabetes mellitus tipo 2, cuja substância ativa são as tiazolidinedionas (TZD’s), que também aumentam a expressão dos receptores ACE2 e facilitam a infecção pelo novo coronavírus no organismo humano.
De acordo com o farmacêutico Ka-Chun Cheung, da organização farmacêutica KNMP, Qualquer pessoa que tenha febre ou dor de garganta devido ao coronavírus é melhor tomar paracetamol. Segundo ele, “não há evidências científicas suficientes de que o ibuprofeno seja contraproducente”, afirma o especialista.
Segundo Cheung, ainda há pouco conhecimento sobre o vírus disponível para afirmar que o ibuprofeno é prejudicial. Ele desaconselha o analgésico por outro motivo: “O ibuprofeno oferece uma chance maior de sangramento no estômago e danos nos rins. Além disso, a interação com outros medicamentos, principalmente em idosos, pode causar efeitos colaterais desagradáveis. Por isso, recomendo fortemente que você tome paracetamol de preferência. Este analgésico tem menos efeitos colaterais e ajuda suficientemente contra mal-estar geral, como febre e dor de garganta”, pontua.
Na Holanda, os farmacêuticos e a autoridade farmacêutica do Conselho de Avaliação de Medicamentos (MEB) aconselham os pacientes com coronavírus a tomar paracetamol em vez de ibuprofeno.
Na França, o uso de ibuprofeno (fármaco do grupo dos anti-inflamatórios utilizado para o tratamento da dor, febre e inflamação), não é recomendado, porque esse analgésico agravaria a infecção pelo vírus.
Os investigadores responsáveis pelos estudos apontam ainda que, caso a influência do ACE2 seja confirmada, será gerado um conflito devido à influência que os medicamentos possuem nos tratamentos para reduzir inflamação e em terapias para curar doenças respiratórias, câncer, diabetes e hipertensão.
A possível relação entre o uso do Ibuprofeno e a piora dos quadros de infeções por coronavírus será avaliada na União Europeia através Comitê de Avaliação de Risco de Farmacovigilância da Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
É esperado que a análise, que deverá ser concluída em maio de 2020, permita esclarecer se existe uma associação entre o uso de ibuprofeno e a piora das infeções por Coronavírus COVID-19. A OMS ainda não se pronunciou sobre o tema.
Da Redação do Agenda Capital e Agências