Jogadores do Flamengo comemoram vitória sobre o Criciúma — Foto: Marcelo Cortes / CRF

Ao ser questionado se pretende dar mais minutos ao atacante Gabigol, autor do gol da vitória, Tite não respondeu. “Pênalti de bilhar” marca jogo no Mané Garrincha, mas não pode esconder erros e acertos do time

Por Redação

Já que o jogo ficou marcado por um “penalti de sinuca”, esta análise vai flertar ao longo do texto com metáforas do outro esporte que também tem bolas em um “tapete” verde. O Flamengo se recuperou dos dois tropeços seguidos no Maracanã e voltou a vencer no Campeonato Brasileiro: 2 a 1 sobre o Criciúma no último sábado no Mané Garrincha. Mas foi sofrido, tipo aquela tacada em que a bola roda na caçapa e fica girando devagarinho, parece que vai parar e de repente cai, chorada!

O lance de bilhar nos minutos finais rouba os holofotes, mas não pode esconder os erros e acertos rubro-negros. Com a tão esperada volta de Arrascaeta e De la Cruz ao time, esperava-se uma equipe mais dominante e criativa, mas não foi isso que aconteceu no primeiro tempo. O Flamengo parecia ansioso, com jogadores errando fundamentos bobos, e demorou 14 minutos para construir o seu primeiro ataque no jogo. E viu o Criciúma ser melhor e ir para o intervalo não só com a vantagem no placar, também com mais finalizações: oito contra seis.

O Flamengo teve apenas duas chances de gol na primeira etapa: uma com Pedro aos 14 minutos, após linda trama de De la Cruz com Ayrton Lucas, em que chutou por cima e poderia ter até tocado para Cebolinha livre. E outra no fim com Fabrício Bruno, aos 46, após uma sobra de escanteio na área. Obviamente é preciso levar em consideração a questão do péssimo gramado do Mané Garrincha, mas isso não foi a principal causa do baixo rendimento.

Só De la Cruz estava conseguindo fazer pressão na saída de bola do Criciúma; Arrascaeta e Gerson participavam pouco, Pedro estava bem marcado… Cebolinha era a exceção e infernizava a defesa adversário pelo lado direito. E o gol de Rodrigo, do Criciúma, aos 34 minutos deixou os jogadores ainda mais nervosos em campo. Afinal, o Flamengo de Tite tinha só uma virada em 10 oportunidades.

As vaias no final do primeiro tempo davam o tom de que as coisas não estavam funcionando, mesmo com o meio de campo rubro-negro considerado ideal, com Pulgar, De la Cruz, Arrascaeta e Gerson. Tite deu um voto de confiança e voltou do intervalo com a mesma formação. Mas a paciência não durou muito, e ao nove minutos ele trocou David Luiz (já amarelado) e Ayrton Lucas por Léo Pereira e Viña.

A mexida na lateral funcionou, e o Flamengo passou a ter mais construção por dentro com o ala uruguaio em campo. Viña entrou muito bem e participou de lances decisivos: deu a bola para Arrascaeta sofrer pênalti; deu a pré-assistência no gol de Pedro e criou a jogada de um gol perdido por Gabigol. Além disso, Tite foi corajoso ao tirar Pulgar, que fazia boa partida, para recuar De la Cruz e colocar Luiz Araújo aos 23.

A tacada de Tite mudou o jogo. Com um homem a mais e um time mais criativo em campo (Arrascaeta passou a participar mais), o técnico deixou o Criciúma em uma “sinuca de bico” (metáfora do bilhar que significa uma situação sem saída). O técnico adversário começou a trocar peças para ter mais fôlego na marcação, mas a qualidade da reposição não manteve a pegada. O Flamengo arrancou o empate, e logo depois Tite foi para o tudo ou nada com Gabigol na vaga de Gerson.

Coletiva de Tite, do Flamengo, após vitória contra o Criciúma

Os números do segundo tempo traduzem o crescimento do Flamengo. O time finalizou nove vezes contra seis do Criciúma, que não levou perigo, e teve cinco chances de gol: o pênalti perdido por Pedro aos 18 minutos; a cabeçada de Pulgar no travessão no lance seguinte; o bonito gol do camisa 9 após excelente movimentação aos 30; o chute por cima de Gabigol aos 37 e o pênalti convertido pelo camisa 99 aos 43.

Por falar no pênalti, Gabigol mostrou que mesmo em baixa ainda tem “aquilo roxo” para momentos decisivos. Havia a pressão de evitar um terceiro tropeço seguido em casa, o que deixaria mais distante da briga pelo título, e Pedro já havia perdido um no jogo. Mas o camisa 99 pediu a bola e bateu muito bem, deslocando o bom goleiro Gustavo. E mostrando que ainda pode ser útil ao Flamengo em seu possível último ano no clube.

E para continuar no tema sinuca, Gabigol encaçapou a segunda virada da “Era Tite”. O desempenho ainda precisa melhorar consideravelmente, a bola aérea defensiva voltou a ser um problema, mas o resultado dá tranquilidade para o técnico tentar reencaixar essa equipe, que tem muito potencial com sua força máxima e precisa agora trocar o bilhar pelo brilhar. Os jogadores voltaram ao Rio de Janeiro logo após a partida e agora iniciam a preparação para enfrentar o Vitória na próxima quarta-feira, às 20 (de Brasília), no Barradão.

Gabigol comemora gol do Flamengo contra o Criciúma — Foto: Marcelo Cortes / CRF

Gramado ruim

O espetáculo fica prejudicado, sim. Nós já tínhamos observado isso no jogo anterior. Na outra vez que estivemos aqui (contra o Santos em 2023), ele estava bom, agora não estava. Tem atletas de alto nível, tem saúde, tem uma série de aspectos envolvendo. Não dá para ser assim. Inclusive com o risco de um giro você estoura o atleta. Tem que haver um cuidado maior, acho que falo isso faz uns 10 anos. Se a gente quer valorizar o nosso produto, coloca gramado bom para todos.

Tite questionado sobre Gabigol

Após Gabigol reclamar na saída de campo do longo tempo sem ter uma chance como titular, Tite foi questionado se pretende dar mais minutos ao atacante, autor do gol da vitória, na maratona que virá pela frente em agosto. O técnico, porém, evitou projetar isso:

“Nosso trabalho sempre é pautado no próximo e nas situações do jogo. Essas projeções, talvez futuramente a gente possa falar. Nesse momento, confesso, não tenho… Tenho desse momento, dessa amostragem, da importância de três pontos que seria exatamente igual independentemente do adversário”, disse Tite.

“Nos três últimos jogos, sim, mas exposto não porque são circunstâncias diferentes. Sair atrás gera uma pressão muito grande, esse fator é gerador de ansiedade. E aí, com a nossa experiência de cabelo branco, todo processo que se faça quando é excessivamente ansioso, com uma camisa pesada como a do Flamengo, tende a acelerar demais, a coordenação se perde um pouco, gera impaciência. O mental nesse aspecto, isso vamos trabalhar. E trabalhamos antes também, no intervalo. Sempre sair na frente era um aspecto emocional, mental, importante”, observou o técnico do Flamengo.

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Da Redação do Agenda Capital e GE

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