
Nancy Faeser, ministra do Interior do país, disse que os controles de fronteira iriam coibir a migração e “proteger contra os perigos agudos representados pelo terrorismo islâmico e crimes graves”. Críticos denunciaram que eles têm motivação política e provavelmente seriam amplamente ineficazes.
Por Delmo Menezes
A Alemanha iniciou nesta segunda-feira (16) o controle temporário de todas as suas fronteiras terrestres durante no mínimo seis meses, para combater a imigração irregular e a entrada de criminosos.
O governo de coalizão em Berlim disse na semana passada que os controles já realizados em suas fronteiras com a Áustria, Polônia, República Tcheca e Suíça seriam estendidos à França, Luxemburgo, Bélgica, Holanda e Dinamarca.
A decisão da Alemanha de reintroduzir controles fronteiriços temporários, marca um ponto de reflexão sobre o Espaço Schengen. O Acordo de Schengen é um tratado internacional que estabelece o Espaço Schengen, uma zona de livre circulação de pessoas na Europa
A medida, justificada pelo governo alemão como essencial para garantir a segurança interna, gerou um intenso debate sobre o equilíbrio entre a livre circulação de pessoas e a necessidade de controlar os fluxos migratórios. Críticos argumentam que a decisão mina um dos pilares da integração europeia e pode ter consequências negativas para a economia e a coesão social. A extrema direita, por sua vez, celebra a medida como uma vitória em sua luta contra a imigração.

“A ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, justificou a medida como necessária para reduzir os fluxos migratórios irregulares e combater o crime organizado. No entanto, críticos argumentam que a Alemanha já possui mecanismos para lidar com essas questões e que a reintrodução dos controles fronteiriços pode ter um impacto negativo na economia e na imagem do país.”
A decisão da Alemanha de reintroduzir controles fronteiriços gerou um debate sobre a necessidade de equilibrar a segurança e a livre circulação de pessoas na União Europeia. As consequências dessa medida ainda são incertas, mas podem ter um impacto significativo na coesão do bloco e nas relações entre os Estados membros.
De acordo com o chanceler Olaf Scholz, a decisão é uma medida necessária para enfrentar “perigos agudos” relacionados ao terrorismo e à criminalidade. A iniciativa recebeu elogios da extrema direita, mas também gerou fortes críticas de líderes europeus, que veem a medida como um golpe contra um dos pilares da integração europeia: o Acordo de Schengen.
Nancy Faeser, ministra do Interior da Alemanha, afirmou que os controles visam reduzir a migração ilegal e prevenir ameaças terroristas, além de crimes graves. No entanto, os críticos, tanto na Alemanha quanto no exterior, sugerem que a decisão tem motivações políticas, e destacam que o impacto prático na segurança seria limitado.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk , foi o primeiro a criticar abertamente a decisão da Alemanha, chamando-a de “inaceitável do ponto de vista da Polônia” e exigindo mais ajuda de Berlim para proteger as fronteiras externas da UE, em vez de controles internos mais rígidos.
O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, disse na quinta-feira (12/9) que seria errado “avançar para uma lógica de isenções do acordo de Schengen, com controles de fronteira que irão prejudicar uma das conquistas fundamentais da UE, a livre circulação”, pontuou.
Elogios da extrema direita
A decisão do governo Scholz foi recebida com entusiasmo por líderes de extrema direita em diversos países europeus.
Líderes de extrema direita ficaram exultantes em resposta às notícias. Geert Wilders, do Partido da Liberdade Holandês (PVV), disse que a decisão de Berlim foi uma “ótima ideia” e perguntou quando a Holanda seguiria o exemplo, enquanto o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbàn, disse no X: “Bem-vindos ao clube.”
Marine Le Pen, do Rally Nacional da França, disse que seu partido propôs um “sistema duplo – de fronteira externa e interna” nas eleições recentes e foi informada de que isso não era possível. “Agora a Alemanha está fazendo isso”, disse ela. “Quando a França seguirá?”
O partido de extrema direita Irmãos da Itália, de Giorgia Meloni, elogiou a decisão de Berlim.
Um caminho incerto
À medida alemã parece destacar as fraturas internas no bloco europeu sobre como lidar com os fluxos migratórios e as ameaças à segurança. Com a extrema direita ganhando terreno em várias partes do continente, a pressão sobre a Alemanha e outros países centrais da UE para equilibrar a segurança e a livre circulação pode colocar em risco a coesão do bloco, especialmente se outros membros adotarem políticas semelhantes
A decisão de Olaf Scholz pode ter sido motivada por razões legítimas de segurança, mas o efeito político e diplomático promete ressoar na União Europeia por um longo tempo, na medida em que se busca um consenso sobre a proteção das fronteiras externas sem prejuízos aos princípios de integração que definem a Europa moderna.
A decisão da Alemanha de reintroduzir controles fronteiriços tem o potencial de gerar uma série de consequências negativas, tanto para a economia europeia quanto para os refugiados e para as relações internacionais. É fundamental que os Estados membros da União Europeia encontrem soluções conjuntas para enfrentar os desafios da migração, preservando ao mesmo tempo os princípios da solidariedade e da livre circulação de pessoas.
Siga o Agenda Capital no Instagram>https://www.instagram.com/agendacapitaloficial
Da Redação do Agenda Capital