As "Águas de Março" também trazem esperança, um convite à renovação e à reinvenção

As “Águas de Março” chegam para nos lembrar que a realidade nos espera, com seus desafios e responsabilidades.

Por Delmo Menezes*

Se o verão fosse um filme, as “Águas de Março” seriam aquela cena final que mistura drama, comédia e um toque de surrealismo. É pau, é pedra, é o fim do caminho, como bem cantou Tom Jobim na voz inigualável de Elis Regina. A música, que parece uma lista aparentemente desconexa de elementos, na verdade é um retrato perfeito da vida: caótica, poética e cheia de significados escondidos. E se pararmos para pensar, as “Águas de Março” são como aquela amiga que chega de repente e diz: “Chega de praia, festa e caipirinha, é hora de encarar a realidade!”

O fim do verão é sempre um momento de transição. As pessoas voltam das férias com a pele bronzeada, o coração leve e a promessa de que, este ano, tudo será diferente. Mas aí chegam as chuvas de março, e com elas aquele banho de realidade: o trânsito caótico, as contas chegando, o trabalho acumulado e aquele projeto de “ano novo, vida nova” que, convenhamos, já está meio esquecido. É como se a natureza dissesse: “Acorda, meu filho, o carnaval acabou!”

E não é que as “Águas de Março” têm mesmo um quê de crítica social? Elas poderiam muito bem ser aquela chuva que lava não só as ruas, mas também as más decisões políticas, os escândalos de corrupção e os preconceitos enraizados. Imagina só: uma enxurrada levando embora os “paus e pedras” que atrapalham o caminho da justiça e da igualdade. Seria ótimo, não? Mas, infelizmente, a chuva molha todo mundo, menos as más intenções de alguns.

A música de Tom Jobim, com sua letra aparentemente simples, esconde uma sabedoria profunda. “É pau, é pedra, é o fim do caminho” pode ser interpretado como aquele momento em que a gente percebe que não dá mais para continuar do mesmo jeito. É o fim da linha para as desculpas esfarrapadas, para a procrastinação e para aquela velha mania de deixar tudo para depois. As “Águas de Março” chegam como um alerta: “Hora de agir, meu amigo!”

E que tal aquele ditado popular que diz que o ano só começa depois do Carnaval? É quase como se o brasileiro tivesse inventado uma desculpa coletiva para adiar a vida real até março. Afinal, entre o Natal, o Réveillon e o Carnaval, quem é que consegue pensar em algo produtivo? Mas aí, quando as chuvas de março chegam, a gente percebe que o ano já está a todo vapor e que, talvez, tenha sido melhor começar antes.

Mas nem tudo é crítica. As “Águas de Março” também trazem esperança. Elas são um convite à renovação, à transformação e à reinvenção. Assim como a natureza se renova a cada estação, nós também podemos nos reinventar. É hora de deixar para trás o que não serve mais, de abrir espaço para o novo e de encarar os desafios com coragem e bom humor. Afinal, se a vida é feita de “paus e pedras”, que pelo menos a gente consiga rir das pedradas que leva pelo caminho.

Afinal, como diz a famosa música que ficou eternizada na voz de Elis Regina: “É pau, é pedra, é o fim do caminho, é um resto de toco, é um pouco sozinho”. Porém, no fim do caminho, sempre há um novo começo.

As “Águas de Março” são um símbolo de transição, renovação e esperança. Um lembrete de que a vida é feita de ciclos, e que cada fim é também um novo começo.

Siga o Agenda Capital no Instagram>https://www.instagram.com/agendacapitaloficial

*Delmo Menezes – Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo, especialista em relações institucionais com experiência e participação política.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here