Em entrevista ao Metrópoles, um assessor do Planalto diz que, no dia das invasões terroristas, a sede da Presidência estava “abandonada”
Por Guilherme Amado e Bruna Lima
Os militares do Batalhão da Guarda Presidencial do Palácio do Planalto se omitiram de proteger a sede da Presidência da República, por despreparo ou conivência. A afirmação é de um assessor do Planalto que presenciou a destruição do palácio por golpistas no dia 8 de janeiro e, em entrevista exclusiva à coluna, conta o que viu.
Sob a condição de anonimato, temendo represálias, o assessor afirma que a sensação era de que o Palácio do Planalto estava abandonado.
“Não existia comando, não existia orientação, dava a impressão de que existia um completo abandono”, detalha o assessor.
Segundo ele, os golpistas só foram controlados após a ação da Polícia Militar do Distrito Federal.
“Eu visualizei e ouvi alguns militares indicando uma saída para os invasores. Eu entendi que era uma saída que estava sendo coordenada por eles [militares]. Não era uma saída para existir qualquer tipo de prisão, mas para liberar os invasores”, lembra o assessor.
Na hora em que percebeu a inação dos policiais da guarda presidencial, o assessor recuou, por medo, segundo ele, da violência dos terroristas, e esperou alguma medida dos militares que conversavam com o grupo de invasores.
De acordo com ele, em determinado momento, agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) passaram a transitar no Palácio do Planalto, mas sem reprimir os terroristas.
“Desde a chegada dos invasores o Palácio estava abandonado, as funções e os pontos de localização dessa guarda estavam abandonados. A pergunta que fica é: onde eles estavam? Por que eles não atuaram? É impossível você acreditar que o batalhão presidencial, que é o responsável por aquela casa, não atuou conforme sua função. A pergunta é: quem estava no comando? Pra mim fica muito claro que ocorreu alguma omissão ou conivência.”
Com informações do Metrópoles
Como o próprio assessor afirma: “é impossível acreditar que o batalhão presidencial, que é o responsável por aquela casa, não atuou conforme sua função”. Tiveram, inclusive, o necessário apoio em sua rota de fuga após a prática dos atos criminosos.
Considerando que alguns integrantes do MST já foram identificados, conforme publicações nas redes sociais, não posso deixar de dar razão ao governador Zema quando ele fala em omissão proposital cujos atos, convenientemente, serviram para justificar as medidas arbitrárias e ilegais que foram tomadas em seguida.
Não vamos confundir bandidos, pertencentes a uma organização criminosa que todos conhecem e hoje atua no comando do país, conforme entendeu o ministro Gilmar Mendes, com patriotas que exerciam seu direito de manifestação contra uma eleição recheadas de suspeitas não esclarecidas.