O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) Foto: Werther Santana/Estadão

Deputado do PSOL estaria disposto a abrir mão da reeleição para integrar o Planalto; articulação busca melhorar diálogo com movimentos sociais

Por Redação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discutiu, em conversa reservada, a possibilidade de o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) assumir a Secretaria-Geral da Presidência, pasta estratégica para a relação com movimentos sociais. O encontro ocorreu há cerca de três semanas no Palácio da Alvorada, segundo aliados do governo.

Embora não tenha feito um convite formal, Lula sondou se Boulos estaria disposto a deixar a Câmara para integrar o governo até o fim do mandato, em 2026. O parlamentar, que foi o mais votado de São Paulo em 2022, afirmou que aceitaria a proposta e reforçou seu apoio à reeleição do petista. Procurados, Boulos e o Planalto não se manifestaram.

A possível mudança ocorre em um contexto de reformulação ministerial, na qual Lula tem evitado nomear aliados que pretendam concorrer em 2026 – já que, pela legislação eleitoral, precisariam deixar o cargo até abril daquele ano. Recentemente, o ex-ministro Alexandre Padilha (Saúde) foi realocado justamente por ter planos eleitorais.

Aprovação no PSOL e resistências no PT

A indicação de Boulos, antes polêmica no PSOL, agora encontra menos resistência interna. No início do ano, o partido defendia manter independência em relação ao governo, mas a unidade após a votação da cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) criou um clima mais favorável.

Apesar disso, há preocupação com o impacto eleitoral: a saída de Boulos do Legislativo enfraqueceria o partido nas urnas, reduzindo possíveis cadeiras. Nesse cenário, o PSOL já projeta a deputada Erika Hilton como sua principal candidata em 2026.

No PT, a avaliação é dividida. Alguns veem Boulos como um nome capaz de melhorar a relação com movimentos sociais, enquanto outros resistem a ceder mais espaço ao PSOL, que já tem Sonia Guajajara no Ministério dos Povos Indígenas. Alternativas internas incluem Marco Aurélio de Carvalho, do grupo Prerrogativas, e o ex-ministro Paulo Pimenta (RS), mas ambos têm obstáculos: Marco Aurélio já declarou que prefere atuar na sociedade civil, e Pimenta foi demitido da Secom em janeiro.

Crise na Secretaria-Geral impulsiona mudança

O atual ministro Márcio Macêdo (PT) enfrenta críticas por não avançar no diálogo com movimentos sociais, que reclamam de falta de acesso a Lula. Dentro do PT, há quem avalie que “pior que está não fica” – em referência ao bordão do deputado Tiririca (PL-SP).

Se confirmada, a entrada de Boulos no governo pode reverter esse cenário, mas também manteria o núcleo de poder restrito a aliados próximos, sem abrir espaço para novas siglas. A decisão final depende do xadrez ministerial, que ainda pode surpreender.

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Da Redação do Agenda Capital

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