A concentração de cursos de excelência em São Paulo reforça desigualdades regionais na formação de médicos.

O Abismo na Formação dos Novos Médicos no Brasil. Como o Enade revela a crise na formação médica no Brasil

Por Delmo Menezes

Os resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2023 revelam um cenário preocupante sobre a formação médica no Brasil: apenas seis cursos de medicina alcançaram a nota máxima (5), sendo cinco em São Paulo e um em Minas Gerais. Entre eles, apenas um é público (Famerp), enquanto os demais são de instituições privadas.

Esses dados não apenas destacam a excelência de poucas faculdades, mas também expõem uma queda na qualidade geral do ensino médico, com a maioria dos cursos (156) recebendo nota 3 e outros 22 com conceito 2 – indicando formação abaixo do esperado.

A Disparidade na formação médica

A avaliação do MEC considera desempenho dos alunos, infraestrutura, corpo docente e recursos pedagógicos. O fato de apenas 1,9% dos cursos atingirem a nota máxima mostra que a expansão desregulada de vagas, especialmente em instituições privadas, pode estar comprometendo a qualidade da formação.

Enquanto instituições tradicionais, como a Santa Casa de São Paulo e a Faculdade Albert Einstein, mantêm altos padrões, muitas novas faculdades não oferecem estrutura adequada ou professores qualificados, formando médicos com deficiências técnicas e éticas.

Dos 309 cursos de medicina que foram avaliados pelo Ministério da Educação via Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), aplicado em 2023, apenas seis tiraram nota 5, o mais alto conceito do exame. 

Apenas um dos cursos de nota 5 é público e cinco são de instituições particulares: 

  • Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) – Pública
  • Universidade do Oeste Paulista (Unoeste/ SP) – Privada
  • Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP/SP) – Privada
  • Centro Universitário Governador Ozanam Coelho (UNIFAGOC/MG) – Privada
  • Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE/SP) – Privada
  • Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium (UniSalesiano/SP) – Privada

O Impacto na saúde pública

A medicina foi a área com melhor desempenho no Enade (nota 65), mas a grande diferença entre as melhores e as piores instituições preocupa. Um médico mal formado coloca em risco vidas e sobrecarrega o sistema de saúde.

Além disso, a concentração de cursos de excelência em São Paulo reforça desigualdades regionais, deixando outras regiões com poucas opções de ensino de qualidade.

O Que precisa mudar?

  1. Fiscalização mais rígida do MEC – Cursos com notas baixas devem sofrer intervenções ou até fechamento.
  2. Investimento em faculdades públicas – Apenas uma pública está entre as melhores; é preciso ampliar recursos para federais e estaduais.
  3. Valorização da prática médica de qualidade – Estágios em hospitais de referência e corpo docente experiente são essenciais.

A medicina brasileira ainda produz excelentes profissionais, mas a proliferação de cursos sem qualidade ameaça o futuro da profissão. Manter o padrão de ensino é importante para garantir não apenas a competência dos novos médicos, mas também a segurança e a saúde da população.

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Da Redação do Agenda Capital

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