Apagão na cidade não traz impacto significativo para o prefeito na corrida eleitoral
Por Redação
O apagão que atingiu São Paulo dominou o debate da campanha eleitoral do segundo turno na capital, mas não mudou de forma significativa o cenário da corrida segundo o Datafolha. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) segue à frente com 51% das intenções de voto, ante 33% do deputado Guilherme Boulos.
Contratado pela Folha, o instituto ouviu 1.204 eleitores de terça (15) a quinta (17). Com margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos, o levantamento está registrado na Justiça Eleitoral sob o código SP-05561/2024.
O cenário permaneceu estável ante ao que o Datafolha verificou há uma semana, quando 55% diziam votar no candidato à reeleição e 33%, no psolista.
A oscilação negativa de Nunes ocorre dentro do limite da margem de erro, mas seus votos não foram para Boulos e sim para a rubrica brancos e nulos, que ganhou os quatro pontos percentuais perdidos pelo prefeito, indo de 10% para 14%. Indecisos seguem sendo 2%.
Desde que o temporal da sexta passada (11) deixou milhares de pessoas sem energia, várias até agora, o manejo da crise virou o tema central da campanha. A crise foi abordada de maneiras distintas pelos rivais, em especial na propaganda eleitoral obrigatória, que recomeçou na segunda (14).
Nunes, o alvo mais óbvio por estar na cadeira de prefeito e ser responsável pela poda das árvores cujos galhos derrubaram fios elétricos na tempestade, buscou se vende como um gestor aplicado.
Atacou Boulos de forma direta, associando ao deputado a falta de iniciativas parlamentares sobre o tema, e indiretamente, criticando o governo federal pela falta de ação contra a concessionária Enel —ainda que a fiscalização recaia mais sobre a agência reguladora Aneel, com mandato independente.
Lula (PT) é o principal fiador da candidatura de Boulos, que já é bombardeada pelo partido do mandatário pela distância de Nunes no segundo turno —a sigla, que passou vexame com o sexto lugar de 2020, foi obrigada pelo presidente a desistir da cabeça de chapa. Hoje, 65% dos que votaram no petista em 2022 na capital vão de Boulos, ante 26% que preferem Nunes.
Na primeira rodada, o prefeito apareceu marginalmente à frente do deputado, tendo vencido com 29,5% dos votos válidos, ante 29,1% do rival. Esta é métrica adotada pela Justiça Eleitoral para divulgação de resultados, excluindo votos brancos e nulos.
A esta altura da corrida, contudo, os votos totais ajudam a entender o cenário entre quem ainda pode mudar de ideia.
Na intenção de voto espontânea, na qual o entrevistado não tem acesso à cartela com o nome dos candidatos, Nunes está à frente com 41%, e 2% afirmam que vão escolher “o atual prefeito”, sem nomeá-lo, enquanto outros 2% falam “no 15” —o número do emedebista. Já Boulos marca 30%. Em relação à semana passada, há estabilidade nesse quesito.
A crise não afetou a rejeição de Nunes, que oscilou de 37% para 35%, ou a de Boulos, que foi de 58% para 56%. O índice é vital para as pretensões numa disputa no formato de tira-teima.
Isso ocorre em momento de maior assertividade de Boulos em suas críticas a Nunes, que tem sido explorada na propaganda eleitoral do prefeito. Enquanto o nome do PSOL apresenta o mandatário atual como inepto e usou até o xingamento de uma moradora com a luz cortada no seu programa, o emedebista diz que seu rival “só reclama”.
No debate promovido pela TV Band na segunda (16), o deputado foi mais incisivo nos seus questionamentos ao prefeito, trabalhando com a até aqui correta hipótese que sua alta rejeição, atribuída ao histórico associado ao movimento dos sem-teto e seus conflitos, não teria mais para onde subir.
Nunes, por sua vez, também tem tentado se preservar de escrutínio. Não compareceu ao debate Folha/UOL/RedeTV! desta quinta após confirmar presença, alegando compromissos ligados à crise do apagão.
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Com informações da Folha de São Paulo