A ideia é mais inclusão e crescimento saudável para pessoas, empresas e mercado para os profissionais de TI
Por Delmo Menezes
Não é nenhuma novidade que a oferta de empregos é muito abundante na área de tecnologia. Hoje, a demanda das empresas é muito maior do que o número de profissionais que podem preenchê-la, logo, bons especialistas são disputados a tapa pelas organizações.
De acordo com o levantamento da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação – Brascom, o mercado brasileiro vai precisar de 797 mil profissionais de TI até 2025, mas as universidades formarão apenas 265 mil. Um caso agudo de muita demanda com pouca oferta. E o resultado é óbvio: os profissionais da área passam a ser disputados a tapa.
Mas mesmo com abundância de vagas no setor de TI, há profissionais da área que conseguem empregos na área mais rápido que outros. Mas isso, claro, não apenas pelo seu nível de senioridade, mas também pela demanda das empresas por determinadas especialidades e as exigências que são cada vez mais complexas.
Por ser um mercado diferenciado que evolui sempre, o profissional de tecnologia pode ficar ultrapassado rapidamente se não buscar novos conhecimentos. No entanto, ele deve ter consciência tanto para seu desenvolvimento profissional no presente quanto em relação ao futuro de sua carreira.
Não podemos responsabilizar unicamente a alta demanda em tecnologia para justificar a dificuldade de contratar profissionais de TI. Existem aspectos que as empresas podem e devem trabalhar para reverter essa estatística. O primeiro ponto que quero chamar a atenção diz respeito a cultura organizacional, a forma como as empresas a definem e a praticam, pode se tornar um verdadeiro empecilho para contratar trabalhadores de tecnologia.
Pensando nisso, um grupo de empresas e organizações resolveram se unir e lançar um manifesto para o mercado de TI no país. Leia a íntegra do manifesto:
Manifesto para o mercado de tecnologia brasileiro:
Estamos descobrindo maneiras melhores de lidar com a forte expansão do setor de tecnologia em cenário de escassez de profissionais, para isso, valorizamos:
- Contratar pessoas em desenvolvimento, e não só as experientes.
- Promover cultura de crescimento com aprendizado contínuo.
- Habilitar essas pessoas a entregarem valor em projetos reais.
Com esses valores, pretendemos mais inclusão e crescimento saudável para pessoas, empresas e mercado.
Princípios por trás do manifesto
- Nossa maior prioridade é remover amarras para expandir o mercado de tecnologia brasileiro e, assim, catalisar seu potencial de transformação social.
- Empresas e organizações precisam assumir o protagonismo na transformação do mercado e serem verdadeiras empresas-escola, acolhendo e desenvolvendo mais pessoas de forma sustentável.
- É mais eficaz contratar pessoas iniciantes e investir em seu crescimento do que apenas competir pelas poucas pessoas experientes disponíveis.
- Vagas para iniciantes devem exigir menos conhecimento prévio e experiência anterior e focar mais em acelerar o desenvolvimento das pessoas.
- Crescimento exige oportunidade e uma cultura saudável de aprendizado, mentoria e evolução. Ser empresa-escola vai muito além de apenas oferecer bons cursos.
- Evolução pessoal acontece em ambientes seguros para poder errar, iterar e aprender.
- Pessoas mais experientes são fundamentais no acompanhamento de pessoas em desenvolvimento. Seu papel também é apoiar, ensinar, inspirar e multiplicar.
- Novas pessoas são capazes de entregar valor rapidamente em projetos reais se apoiadas e habilitadas para isso.
- Projetos e processos precisam ser acolhedores e acessíveis para quem está começando. Evitar complexidade diminui barreiras na entrada de novas pessoas.
- O foco em vagas para iniciantes que impulsionam crescimento abre importante espaço para a inclusão de pessoas de perfis mais diversos e grupos sub-representados.
- Times mais diversos, socialmente e em conhecimento, são essenciais para a solução de problemas complexos em tecnologia.
Signatários
Sérgio Lopes – CTO na Alura
Renan Martins – Head de Tecnologia da Thoughtworks Brasil
Mariel Reyes – CEO na Reprograma
Phil Calçado – CTO no PicPay
Alberto Souza – CTO People na Zup
Marcell Almeida – CEO na PM3
Robson Rodrigues – CTO na Gupy
Karen Kanaan – Diretora na 42 São Paulo
Camila Achutti – CEO da Mastertech e Presidente da SOMAS
José Messias Jr. – CEO na Cubos Academy
Victor Cavalcante – CEO na Lambda3
Felipe Matos – CEO na Sirius
Tomás Ferrari – CEO da GeekHunter
Gabriel Massote – CTO na idwall
Robson Marques – CEO na Rocketseat
Alan Batista – Fundador da Rebase
Renato Feder – Secretário da Educação do Paraná
João Almeida – Fundador da Campus Code
Tatiana Di Rienzo – Fundadora da Remotar
Vinicius Bufoni – CTO na Vindi
Wesley Willians – CEO na Full Cycle
Caio Rodrigues – CEO na Toti Diversidade
Gabriel Ferreira – CTO na Coodesh
Da Redação do Agenda Capital