Por Dr. Cid Carvalhaes*
Fiquei a pensar, sexta-feira, dia sagrado para os Muçulmanos, sábado para os Judeus, domingo para os Cristãos. Todos professam a crença de um só Deus e desejam plena felicidade na vida eterna, ao seu lado. Conflitos teológicos, debatem sobre divindades, para uns é Alá, outros Jeová e, ainda, Deus. Todos atribuem a cada seu Deus, ou seu Ser Supremo, atributos e semelhanças que se confundem. Pode-se concluir, mudam-se denominações, porém, não se alteram os fundamentos.
Posturas transcendentais asseguram, e é a pura verdade, nossa permanência terrena é transitória. Chegamos, pelas mãos de outrem, ao nascer, despidos, indefesos, sem trazer nada em nossa primeira viagem. Partimos inertes, conduzidos pelas mãos de outrem, sem levar nada em nossa última viagem. Chegamos e partimos de forma assemelhada. O intervalo é permeado de intensas oscilações.
Existem convergências em alguns interesses. Manifestam-se egoísmos, defesa de interesses escusos, confrontos de toda ordem com seus semelhantes, coincidências para acumulação de todas as naturezas, em especial, econômicas e financeiras. Perseguições, embates, discriminações, desperdícios, agressões de toda natureza, assassinatos.
O ser humano transcende, conflita, confronta. Todos pregam preceitos de irmandade. Todos se comportam como inimigos mortais. Despejados dos egoísmos, vícios comportamentais, desenvolvendo espírito de respeito e solidariedade, dirimir grandes diferenças sociais, defender e praticar preceitos de equidade, direitos e deveres iguais para todos, profundo respeito ao seu semelhante, deferências e tolerâncias para virtudes e vícios, assim como desejamos que acatem os nossos, viver torna-se fácil. De fato, vive-se bem com pouco.
Todas as religiões professam a crença em um Deus único, onipresente, onipotente, onisciente, protetor e acolhedor, sem preconceitos ou distinções. Se esse é o fundamento de todas as crenças, onde reside a justificativa para os conflitos? Talvez a resposta esteja na incapacidade humana de transcender suas próprias limitações e egoísmos. Enquanto não conseguirmos enxergar além das diferenças e reconhecer a unidade na diversidade, continuaremos a perpetuar os mesmos erros.
*Dr. Cid Célio Jayme Carvalhaes – Médico neurocirurgião, advogado e escritor. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Presidente do Conselho Deliberativo da SBN, Presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo e Presidente da Federação Nacional dos Médicos. Especialista no Direito Médico e da Saúde e Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direito da Escola Paulista de Direito. É Colunista do Agenda Capital.
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