
Aumentos são no Amazonas, Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul
Por Redação
O Boletim Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado nesta quinta-feira (10), mostra aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) provocados por covid-19 entre a população adulta dos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e de São Paulo.
Os casos com comprovação laboratorial para o vírus Sars-CoV-2 se referem à semana epidemiológica 44, de 30 de outubro a 5 de novembro, e com os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 7 de novembro.
De acordo com o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, a atualização do boletim alerta o país para a disseminação da doença, após a constatação de aumento no Amazonas na semana passada.
“Na atualização, a gente observa não apenas a manutenção dessa tendência no estado do Amazonas, mas também em outros três estados. É importante lembrar que os dados de resultados laboratoriais são parciais, são informações ainda incompletas em relação ao cenário recente e ainda assim foi possível observar aumento nos casos comprovados.
Gomes explica que, nas próximas semanas, a atualização dos dados dará um panorama mais concreto sobre a mudança do cenário da pandemia.
“Como os dados laboratoriais demoram mais a entrar no sistema, é esperado que os números de casos das semanas recentes sejam maiores do que o observado nesse boletim, podendo inclusive aumentar o número de estados em tal situação”.
Segundo ele, ainda não é possível relacionar o aumento dos casos com a identificação de novas sub-linhagens do coronavírus, identificadas recentemente no Amazonas e no Rio de Janeiro.
Sazonalidade
O pesquisador explica também que a covid-19 tem demonstrado tendência a ter picos anuais de sazonalidade no Brasil, ao contrário de outras doenças respiratórias, como a influenza ou gripe, que aparecem com mais frequência no país apenas nos meses de inverno.
“Diferente do Influenza e de outros vírus respiratórios com tipicamente um pico por ano, a covid-19 pode estar se encaminhando para uma realidade na qual a gente tenha que conviver com dois momentos do aumento de sua circulação”.
O Brasil registrou aumento de casos de covid-19 entre maio e junho de 2022, depois da forte onda verificada em janeiro e fevereiro. Neste momento, a Fiocruz indica aumento de internações por doenças respiratórias de pessoas a partir de 18 e no Rio Grande do Sul, na faixa a partir de 60 anos.
Segundo o Infogripe, nas últimas quatro semanas, a prevalência de casos com teste laboratorial positivo para vírus respiratórios foi de 14,8% para influenza A; 0,5% para influenza B; 26,1% para vírus sincicial respiratório (VSR); e 36,9% para Sars-CoV-2 (Covid-19). “Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de 10,4% para influenza A; 0,0% para influenza B; 0,0% para VSR; e 74,6% Sars-CoV-2 (Covid-19)”, informa a Fiocruz.
Nota Técnica da Sociedade Brasileira de Infectologia
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), por meio de seu Comitê Científico de Covid-19 e Infecções Respiratórias (CCCIR) vem alertar para o aumento significativo do número de casos de covid-19 no Brasil nas últimas semanas, decorrente da circulação da subvariante Ômicron BQ.1 e outras variantes. Pelo menos em quatro estados da federação já se verifica com preocupação uma tendência de curva em aceleração importante de casos novos de infecção pelo SARS-COV-2 quando comparado com o mês anterior.
Nesse momento, para reduzir o impacto de um possível cenário futuro de aumento de hospitalização e óbito por covid-19 são indispensáveis algumas medidas urgentes, à saber:
1. Incrementar as taxas de vacinação covid-19 principalmente no que tange as diferentes doses de reforço de primeira geração à depender da população elegível, que se encontram todas em níveis ainda insatisfatórios nos públicos alvo;
2. Garantir aquisição de doses suficientes de vacina para imunizar todas as crianças de 6 meses a 5 anos independente da presença de comorbidades.
3. Promover rapidamente a aprovação e acesso às vacinas covid-19 bivalentes de segunda geração, que estão atualmente em análise pela Anvisa;
4. Relembrando a Nota Técnica desse Comitê em 05/10/2022, é essencial que medicações já aprovadas pela ANVISA para o tratamento e prevenção da covid-19, estejam disponíveis para uso no setor público e privado, medida que ainda não se concretizou após mais de seis meses da licença para esses fármacos no Brasil.
5. Adoção de medidas de prevenção não farmacológicas como uso de máscaras e distanciamento social, evitando situações de aglomeração principalmente pela população mais vulnerável, como idosos e imunossuprimidos.
O CCCIR e a SBI solicitam ao Ministério da Saúde, à CONITEC e à ANVISA atenção especial para as medidas sugeridas acima com brevidade, objetivando otimizar as tecnologias de prevenção e tratamento já disponíveis, colaborando para o enfrentamento da situação atual e reduzindo a chance de um possível impacto futuro de óbitos e superlotação dos serviços de saúde públicos e privados por casos graves de covid-19.
Da Redação do Agenda Capital/FioCruz