Palácio do Planalto: Foto: Reprodução

Enquanto centrão consegue emplacar indicações em cargos nos estados, ‘banco de talentos’ permanece paralisado. Ministro da Secretaria de Governo tem conversado com coordenadores de bancadas na Câmara

Por Bruno Góes e Natália Portinari

BRASÍLIA

Brasília – O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, prometeu a parlamentares que irá acelerar as indicações políticas para cargos do governo federal nos estados. Ramos tem conversado com coordenadores de bancadas na Câmara e já chegou a listar, para alguns deles, as vagas disponíveis.

Coordenador da bancada de Pernambuco, Augusto Coutinho (SD-PE) diz que recebeu recentemente a relação de cargos disponíveis no seu estado. São postos em órgãos como a Delegacia do Trabalho, Infraero, Funasa, Dnit e Conab. Ele está coletando indicações. Depois, terá uma audiência com o ministro da Secretaria de Governo.

– A bancada de Pernambuco achou por bem não avançar na indicação de cargos antes da aprovação da reforma da Previdência porque isso seria interpretado como uma compra (de votos). Vamos avançar agora, conversando para ver o que seria passível de indicação política – disse ele.

Na próxima semana. Ramos tem uma conversa marcada com Diego Andrade (PSD), coordenador da bancada de Minas Gerais. O deputado diz que tratará sobre o assunto e que está pronto para ajudar os colegas do estado, mas que prefere que essa interlocução seja feita pelos partidos.

Na última quinta-feira. Ramos levou os deputados e senadores do Rio para uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro, conforme o blog do colunista Lauro Jardim. Na ocasião, pediu aos parlamentares para encaminharem suas indicações para cargos.

ALAGOAS SEM QUEIXAS

Enquanto a maioria dos coordenadores de bancadas estaduais relata que suas listas de indicados foram engavetadas, Marx Beltrão (PSD), coordenador de Alagoas, não tem queixas da relação com o governo. Segundo ele, foram atendidas demandas dos deputados para a Superintendência do Trabalho, Ibama, Secretaria Especial de Saúde Indígena, Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Funasa, Secretaria de Agricultura e Pesca, INSS e lncra.

No Incra, o indicado da bancada do Alagoas, Adalberon Nonato Sá Junior, foi vetado pela Casa Civil no fim de julho por já ter sido cabo eleitoral da ex-senadora Marina Silva (Rede). No seu lugar, entrou o ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), indicado de Beltrão. Ele substituiu César Lira, primo de Arthur Lira, líder do PP na Câmara.

Desde o início do ano, há dificuldades para atender a demandas de deputados, mas uma pequena parcela j á conseguiu emplacar apadrinhados. A função de intermediar as escolhas já foi da líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), passou pelo ex-ministro Carlos Alberto Santos Cruz e depois recaiu sobre o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Agora, com Ramos incumbido da tarefa, líderes do centrão tiveram sucesso na nomeação para o comando da Codevasf e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com orçamentos de R$ 1,3 bilhão e R$ 54,5 bilhões.

Para os demais deputados, porém, as indicações de terceiro escalão continuam travadas, com poucas exceções, como diretorias regionais do Incra, em que deputados do PSD, DEM e PP conseguiram emplacar suas indicações. Na Codevasf, esses postos devem ser repartidos entre diversos partidos, como o PP.

O “banco de talentos” de Onyx, no qual indicações seriam feitas com base em currículos de aliados recomendados por deputados, não andou. O fato de Ramos ter assumido a interlocução, porém, deu esperança a alguns. Os deputados de Goiás devem se reunir na semana que vem para chegar a um consenso sobre os nomes.

Onyx criou um “banco de talentos” e colheu indicações de todas as bancadas estaduais entre abril e maio, mas foram nomeados mais aliados do governo do que indicados por parlamentares, mesmo em cargos oferecidos inicialmente ao Legislativo. Ainda no início do governo, cinco coronéis do Exército foram nomeados nas superintendências do Patrimônio da União, por exemplo.

O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente da República, liderou trocas em cargos de direção de hospitais do Rio. A diretora do Hospital Federal do Andaraí, Maria Lucia da Silveira, por exemplo, foi exonerada no início do mês e deu lugar ao ex-vereador Dr. Eduardo Moura (MDB).

No Paraná, deputados indicaram 12 nomes, mas nenhum andou. A situação se repetiu em Rondônia, Rio Grande do Sul e Maranhão. No Espírito Santo, três indicações saíram no fim de junho, após pressão dos deputados: Secretaria da Agricultura e Pesca, Superintendência Federal de Agricultura e Ibama.

– Foram atendidos só deputados que foram falar diretamente com eles (o governo). É uma falha grave, porque se dão uma tarefa para a gente fazer, tem que ter consideração pelo trabalho que a gente faz. A gente fica meio| constrangido – diz Toninho Wandscheer (PROS), coordenador do Paraná.

*Com informações do O Globo

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