Por Raimundo Feitosa *
De acordo com a reportagem do G1, em matéria publicada nesta quinta-feira (18/01), ele se chama Reinaldo Nunes de Almeida, tem 40 anos e mora em Itapetininga – SP. Sua façanha foi usar as redes sociais para encontrar a dona de um celular que ele achou na rua quando ia para o trabalho. O ato que poderia ser corriqueiro sem merecer destaque midiático, infelizmente não o é. Embora normal, não é comum.
Mas é o discurso de Reinaldo que impressiona. Ele diz: “Não é meu é meu dever devolver”. No mundo de hoje isso é revolucionário. Já pensou se a moda pega? Seria um “Deus nos acuda”.
Imagine o chefe reunindo a equipe para devolver o cargo que “surrupiou”, o funcionário devolvendo a vaga que “tomou” do outro, mulher devolvendo marido e vice versa, sacerdote devolvendo indumentária eclesiástica, político devolvendo mandato, eleitor mudando o voto, patrão restituindo empregado, empregado corrigindo o banco de horas, empresário devolvendo licitação, advogado devolvendo habeas corpus, juiz revogando sentença, empresas de comunicação devolvendo concessão, TRE trocando urna eletrônica por cédula (ou não?) e por aí vai.
Olhando por esse ângulo e até entendo o espanto.
Ohhhhh! Ele devolveu!
Ohhhh! Ele foi atrás do dono!
Ohhhhh!!!!!
Mas confesso que não consigo me livrar do ceticismo da atual conjuntura. Será que isso daria certo? Será que as pessoas seriam, de fato, honestas? Será?
O clima de desconfiança é tão grande que tem gente desconfiando da honestidade do Reinaldo. Por que ele faria isso? Devolver um celular caro que achou na rua sem saber quem era o dono? Aí tem!
Evidentemente Reinaldo não é o único honesto por aqui. Mas sua honestidade faz dele um herói sim. Sem medalha, sem status, mas com um exemplo a ser seguido por todos nós.
Tomara que surjam outros Reinaldos assim, sobretudo em ano de copa do mundo e eleições no Brasil.
E daí se não acreditarem?
Como diriam Alberto Paz e Edson Menezes “deixa que digam que pensem que falem…”
*Raimundo Feitosa – Jornalista, Teólogo e Escritor. Colunista do Agenda Capítal