Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Em entrevista nesta quinta (15/8), governo brasileiro criticou a falta de transparência nas eleições da Venezuela e não reconhece vitória de Maduro

Por Delmo Menezes

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, nesta quinta-feira (15), que ainda não reconhece Nicolás Maduro como presidente reeleito da Venezuela. Em uma entrevista à Rádio T, em Curitiba, Lula surpreendeu ao sugerir, pela primeira vez, a possibilidade de novas eleições no país vizinho, caso Maduro decida demonstrar “bom senso”. No entanto, o presidente brasileiro ressaltou que é delicado para um chefe de Estado interferir na política de outra nação.

Durante sua visita ao Paraná, onde participa de uma série de compromissos, Lula afirmou que os problemas nas eleições venezuelanas começaram a ser observados pelo Brasil após a não publicação das atas eleitorais. “Ainda não [reconheço o resultado], ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade e para o mundo”, disse Lula, sublinhando a necessidade de transparência.

A ideia de novas eleições na Venezuela é vista com ceticismo pela comunidade internacional, sendo interpretada por muitos como uma estratégia para dar a Nicolás Maduro uma chance de recuperar legitimidade. A proposta, que parece ter surgido entre aliados do regime chavista, agora encontra apoio também em setores do governo brasileiro, que mantém a pressão por uma maior clareza nos resultados eleitorais.

As eleições na Venezuela, realizadas em 28 de julho, resultaram na reeleição de Maduro com 52% dos votos contra 43% do opositor Edmundo González Urrutia, de acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE). No entanto, a ausência de divulgação das atas eleitorais levantou suspeitas. A oposição, que coletou e publicou online cópias de 25 mil atas, alega que sua contagem dá vitória ao desafiante, com uma margem inatingível para Maduro.

Além disso, apurações independentes indicam que González teria recebido pelo menos meio milhão de votos a mais do que o contabilizado oficialmente. Diante desse cenário, Lula e seu governo têm insistido na publicação dos dados eleitorais como um passo essencial para qualquer reconhecimento oficial do resultado.

No Senado, o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula para assuntos internacionais, reforçou a posição do Brasil ao afirmar que o governo brasileiro não reconhecerá a vitória de Maduro se as atas eleitorais não forem publicadas. Amorim também destacou que, embora o Brasil não estabeleça um ultimato, continuará pressionando por maior transparência.

Internamente, o governo Lula tem discutido, a portas fechadas, a sugestão de novas eleições, possivelmente em um “segundo turno” entre Maduro e González. Essa ideia, que dependeria de um acordo entre as forças políticas venezuelanas, incluiria a presença de observadores internacionais e, possivelmente, o relaxamento de sanções contra o regime chavista, em troca de um compromisso de transparência e justiça no processo eleitoral.

Enquanto a crise política na Venezuela continua a se desdobrar, com prisões aos opositores de Maduro, a população continua na espera de que será o próximo presidente.

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Da Redação do Agenda Capital

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