Nicolás Maduro. Reprodução.

Cerca de 60 sites independentes foram bloqueados na Venezuela a pouco dias das eleições Venezuelanas

Por Delmo Menezes

A cinco dias das eleições na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro tomou uma medida drástica ao bloquear o acesso a sites de notícias independentes. A ação, denunciada por organizações não governamentais e pelo sindicato da imprensa, afeta mais de 60 portais, incluindo sites especializados em checagem de notícias falsas.

Segundo a VE Sin Filtro, organização dedicada ao monitoramento de censura na Internet, as restrições foram implementadas pelas principais operadoras de internet estatais e privadas. Entre os sites afetados estão Tal Cual, El Estímulo, Runrunes, Analítico e Mediaanálisis, além do próprio site da VE Sin Filtro, um braço da ONG Conexión Segura y Libre.

O bloqueio teve início por volta das 12h locais (13h de Brasília) desta segunda-feira (22/7). O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP) confirmou as informações, indicando que a ordem partiu da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel). Com isso, os sites estão inacessíveis para IPs na Venezuela.

Impacto na Checagem de Notícias Falsas

Dentre os sites bloqueados, pelo menos três são dedicados à checagem de fake news: Espaja.com, Cazadores de Fake News e Observatorio Venezolano de Fake News. Destes, os dois primeiros foram bloqueados no início da campanha eleitoral, evidenciando um esforço sistemático para restringir o acesso à informação verificada.

Com as novas restrições, o número de meios de comunicação bloqueados pelas operadoras venezuelanas ultrapassa 60, muitos dos quais já estavam inacessíveis antes das eleições.

Preocupações Internacionais

Em um relatório recente, o chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, manifestou preocupação com o aumento dos bloqueios de sites no país. Em julho, eram pelo menos 50 portais restritos, seis a mais do que no relatório anterior. Turk exortou as autoridades venezuelanas a suspenderem as restrições e garantirem processos eleitorais transparentes, inclusivos e participativos, em conformidade com padrões internacionais.

O relatório da ONU foi publicado quase cinco meses após a expulsão do escritório do comissário de direitos humanos do país, em fevereiro.

Tensão Pré-Eleitoral

À medida que as eleições presidenciais do próximo domingo (28/7) se aproximam, Maduro tem intensificado suas ações contra a oposição. O principal adversário do presidente, o diplomata Edmundo González, lidera as intenções de voto, de acordo com pesquisas recentes. González tornou-se candidato após a principal figura da oposição, María Corina Machado, ser impedida de concorrer, seguida pela impossibilidade de candidatura de Corina Yoris.

A Plataforma Unitária Democrática, principal coalizão de oposição, criticou o bloqueio em uma publicação no X (antigo Twitter), afirmando que a medida revela o desespero de um governo que teme a derrota e busca restringir o acesso à informação. “Seguir censurando meios é uma medida de quem se sabe perdido e que busca restringir o acesso à informação diante do 28 de julho, mas os venezuelanos a esta altura já têm claro o seu voto”, declarou a coalizão.

Siga o Agenda Capital no Instagram>https://www.instagram.com/agendacapitaloficial

Da Redação do Agenda Capital

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here