Eleições na Venezuela sob pressão internacional por transparência. Segundo o Painel da ONU, o CNE declarou a vitória de Nicolás Maduro sem apresentar os resultados desagregados por centro de votação, o que levantou preocupações sobre a veracidade do resultado
Por Redação
Mais de 40 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) se uniram em um apelo para que a Venezuela publique as atas detalhadas das eleições de 28 de julho, em um esforço para garantir a transparência do processo eleitoral. A declaração, assinada por 41 nações, foi divulgada nesta quinta-feira (12), solicitando que o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) permita a verificação pública dos resultados.
A pressão internacional surge após um relatório preliminar do Painel de Peritos das Nações Unidas, que esteve no país entre o final de junho e o início de agosto. O relatório concluiu que o processo eleitoral ficou aquém das “medidas básicas de transparência e integridade” esperadas em eleições democráticas. Segundo o painel, o CNE declarou a vitória de Nicolás Maduro sem apresentar os resultados desagregados por centro de votação, o que levantou preocupações sobre a veracidade do resultado.
O ministro de Relações Exteriores do Panamá, Javier Martínez Acha, que leu a declaração em nome dos países signatários, reforçou que a publicação das atas eleitorais seria um passo crucial para promover a credibilidade do processo. “Tomamos nota do relatório preliminar do Painel de Peritos das Nações Unidas, que concluiu que o processo eleitoral ficou aquém das ‘medidas básicas de transparência e integridade’ que são essenciais para a realização de eleições credíveis”, afirmou.
O apelo internacional foi feito em um contexto de desconfiança crescente dentro e fora da Venezuela. A oposição venezuelana, que publicou mais de 80% das atas eleitorais, alega que os resultados que divulgou mostram uma vitória diferente da oficial, contrariando o anúncio feito pelo CNE e posteriormente validado pelo Tribunal Superior.
Além das críticas sobre o processo de apuração, a crise política também se agravou com o exílio forçado para a Espanha de Edmundo González, um dos candidatos à presidência. Os países subscritores do apelo internacional afirmaram que González foi “forçado ao exílio” em resposta a uma ordem de prisão emitida pelas autoridades venezuelanas, considerada por muitos uma medida política.
O governo de Nicolás Maduro, por sua vez, rejeitou as alegações do painel da ONU e a declaração dos países, afirmando que o relatório preliminar não passa de uma tentativa de desestabilização, “um ato de propaganda que serve os interesses golpistas da extrema direita venezuelana”.
A declaração também reconheceu a participação significativa do povo venezuelano nas eleições, apesar dos desafios enfrentados. Entretanto, os 41 países destacaram a importância de que a vontade popular seja respeitada, com a publicação dos dados detalhados e a verificação dos mesmos como parte de um processo eleitoral transparente e justo.
O futuro das eleições venezuelanas segue incerto, com uma crescente pressão internacional para garantir maior transparência e respeito às normas democráticas básicas. Enquanto isso, a Venezuela permanece dividida entre a resistência da oposição, o apoio de parte da comunidade internacional e a retórica de resistência do governo Maduro.
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Da Redação do Agenda Capital