Apesar de nossos amigos nos oferecer compreensão e conforto, seu trabalho não será de apoio profissional

Por Delmo Menezes*

O amigo que nos ouve e o psicólogo com quem fazemos terapia desempenham papéis distintos em nossas vidas quando buscamos apoio emocional e suporte. Embora ambos possam ser fundamentais para o nosso bem-estar mental, existem diferenças significativas em relação às suas funções e à natureza do suporte que oferecem.

Um amigo pode servir de apoio, compreendê-lo e animá-lo. No entanto, não lhe podemos exigir que carregue tudo o que levamos em nossa mochila particular. Neste artigo, iremos abordar os limites que não são recomendáveis ultrapassar.

Você tem um ou mais amigos com quem pode compartilhar suas emoções, medos e experiências mais íntimas? Ter essas figuras próximas é um pilar muito enriquecedor para o nosso bem-estar mental. No entanto, seus amigos não são seu psicólogo. Às vezes há limites que vão além, barreiras muito porosas e através das quais se pode abusar da confiança.

Um amigo que nos ouve é alguém próximo, com quem temos um relacionamento pessoal e que está disponível para nos escutar. Eles são pessoas em quem confiamos e com quem compartilhamos nossas experiências, preocupações e emoções. Os amigos estão presentes em nosso cotidiano e nos conhecem bem, o que lhes permite ter uma perspectiva mais ampla sobre nossas circunstâncias. Eles nos oferecem um espaço seguro para expressar nossos sentimentos e desabafar, fornecendo empatia, conselhos e apoio emocional.

No entanto, embora os amigos possam ser ótimos ouvintes e nos ofereçam suporte valioso, eles nem sempre têm a formação profissional necessária para lidar com problemas mais complexos de saúde mental. É aí que entra o papel do psicólogo ou terapeuta.

Nossos amigos podem nos oferecer compreensão e conforto, mas mesmo que fossem psicólogos, seu trabalho também não será o de nos oferecer apoio profissional.

O psicólogo é um profissional treinado e qualificado, com conhecimentos teóricos e técnicas terapêuticas específicas para ajudar as pessoas a enfrentar desafios emocionais e psicológicos. Eles são imparciais e objetivos, fornecendo um ambiente seguro e confidencial para explorar questões pessoais. Ao longo das sessões terapêuticas, o psicólogo emprega uma variedade de abordagens terapêuticas baseadas em evidências para ajudar os pacientes a entender suas emoções, identificar padrões de pensamento negativos e desenvolver habilidades para lidar com suas dificuldades.

Ao contrário dos amigos, os psicólogos são profissionais treinados para diagnosticar problemas de saúde mental e oferecer intervenções terapêuticas adequadas. Eles têm um conhecimento aprofundado sobre uma ampla gama de transtornos mentais e podem fornecer orientação personalizada para cada indivíduo, com base em sua situação específica. Além disso, eles podem ajudar os pacientes a desenvolver estratégias de enfrentamento saudáveis e promover mudanças duradouras em sua vida.

Os amigos são aliados da vida, mas não são figuras encarregadas de curar nossas feridas ou resolver nossos problemas.

Embora tanto o amigo que nos ouve quanto o psicólogo com quem fazemos terapia desempenhem papéis importantes em nossa vida emocional, é essencial entender suas diferenças. Os amigos oferecem um apoio valioso e são fundamentais para o suporte social, enquanto os psicólogos são profissionais especializados que fornecem uma abordagem terapêutica estruturada e baseada em evidências. Ambos desempenham um papel complementar em nosso bem-estar mental, e a escolha entre buscar o apoio de um amigo ou de um psicólogo dependerá da natureza dos problemas que estamos enfrentando e das nossas necessidades individuais.

Veja algumas dicas:

1. Cada pessoa é um “mundo”

Cada pessoa é um mundo, apresenta um contexto, características e necessidades próprias. Nossos amigos nos darão conselhos de sua própria experiência, na qual nem sempre nos encaixamos.

2. Seus amigos não são seu psicólogo

Seus amigos não são seu psicólogo, nem estão sempre nas melhores condições para ouvi-lo, por melhor que seja sua vontade ou intenção.

3. Amigos são aliados

Não podemos negar, as amizades são aliadas nos piores momentos. É possível que mais de um tenha tirado um problema da sua cabeça, aliviado cargas e te guiado para sair de um labirinto. Porém, a função de uma amizade não é resolver o que nos machuca ou dar uma solução para nossas encruzilhadas.

4. O apoio de um amigo é o primeiro passo, mas não é suficiente

Você pode estar passando por um momento doloroso. Um colapso emocional, perda de emprego, um problema familiar, desesperança que obscurece todas as suas perspectivas. Os amigos podem ser seu melhor apoio, mas não têm as habilidades de um profissional de saúde mental.

Para concluir, existe uma regra fundamental na terapia psicológica: limites claros devem ser mantidos entre o profissional e seu paciente. Assim como é fundamental que a posição de cada um não se dilua, também é fundamental que se forme uma boa aliança terapêutica com a qual se construa a confiança mútua.

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*Delmo Menezes – Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

Da Redação do Agenda Capital

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