Foto: José Cruz/Agência Brasil.

O resultado das urnas em 2024 deixa claro que os extremos estão em declínio no Brasil. Tanto o bolsonarismo quanto o lulismo, enfrentaram um revés, indicando que o eleitorado está mais inclinado a buscar moderação, diálogo e governança eficiente.

Por Delmo Menezes

As eleições legislativas de 2024 no Brasil revelaram um recado claro das urnas: a exclusão do extremismo político, seja de esquerda ou direita. Os representantes sinalizaram que o desgaste com a polarização entre o bolsonarismo e o lulismo chegou a um ponto de saturação, refletindo um desejo crescente por alternativas menos radicais e mais pragmáticas para 2026.

A derrota de muitos candidatos associados a Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reflete o cansaço do eleitorado com a polarização. Os deputados estão cansados ​​dos conflitos constantes, das trocas de acusações e da falta de diálogo que têm marcado a política nacional nos últimos anos. Isso sugere uma fadiga com o discurso de ódio e os ataques, que dominaram os debates nos últimos ciclos eleitorais, principalmente na última eleição majoritária. Com isso, o espaço para propostas mais moderadas e conciliatórias parece ter se ampliado.

Fortalecimento do Centrão

Os maiores beneficiários desses excluídos aos extremos foram os partidos do Centrão, como o PSD, MDB, União Brasil e PP, que conquistaram cerca de 62% das prefeituras do país. O desempenho expressivo mostra essas legendas, com uma abordagem mais flexível e voltada para o pragmatismo político, visando atingir uma fatia específica do eleitorado. Gilberto Kassab, líder do PSD, e outros nomes proeminentes do Centrão foram hábeis em consolidar alianças e explorar o desgaste dos polos ideológicos.

O PSD, em particular, emergiu como um dos grandes vencedores, consolidando a sua força nas grandes cidades e capitais, além de fortalecer a influência política de figuras como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Ratinho Júnior (PSD). Essa conquista projeta o Centrão como um bloco importante para as eleições majoritárias de 2026, com a possibilidade de se apresentar como uma alternativa viável para o eleitorado insatisfeito com a polarização.

Desempenho das esquerdas e direitas

O PT obteve uma vitória significativa em Fortaleza, a maior cidade do Nordeste, marcando a única capital que será governada pelo partido a partir de 2025. Embora essa conquista simbolize um rompimento em comparação com 2020, quando o partido não governou nenhuma grande cidade, o desempenho geral ficou abaixo das expectativas. As derrotas em Porto Alegre, Natal e Cuiabá reforçam a necessidade de o PT compensar suas estratégias e buscar alianças mais amplas para as próximas disputas. O PSol não elegeu nenhum prefeito nas Eleições Municipais de 2024 e perdeu a única prefeitura que tinha, Belém (PA), ainda no primeiro turno.

Do lado da direita, o bolsonarismo também saiu enfraquecido. O PL conquistou apenas algumas capitais de menor expressão populacional, como Aracaju e Cuiabá, e perdeu em importantes centros urbanos onde Bolsonaro se envolveu diretamente, como Fortaleza, Goiânia e Manaus. As derrotas mostram que, sem alianças amplas e sem um discurso capaz de ir além do eleitorado radical, a força do bolsonarismo em 2024 foi limitada.

Cenário para 2026

Os resultados das eleições municipais apontam para um cenário promissor para lideranças que consigam navegar além da dicotomia Lula-Bolsonaro. Figuras como Tarcísio de Freitas e o ex-coach Pablo Marçal, que obtiveram destaque na eleição para prefeito de São Paulo, representam essa tendência de busca por renovação e uma política menos conflituosa. O sucesso de Ricardo Nunes (MDB) na capital paulista, com uma vitória mais expressiva do que indicavam as pesquisas, sugere que uma gestão eficiente e o apoio de líderes locais, como o governador Tarcísio, podem ser fatores decisivos para o sucesso nas urnas.

Além disso, o fortalecimento do Centrão e a capacidade de articulação política dessas legendas indicam que o caminho para 2026 passa pela construção de uma coalizão ampla, que possa agregar setores diversos da sociedade. A necessidade de atrair o eleitorado insatisfeito com a polarização e o desejo de alternativas mais equilibradas será um fator central para determinar os protagonistas das eleições futuras.

O resultado das eleições de 2024 deixa claro que os extremos estão em declínio no Brasil. Tanto o bolsonarismo quanto o lulismo, enfrentaram um revés, indicando que o eleitorado está mais inclinado a buscar moderação, diálogo e governança eficiente. A predominância dos partidos do Centrão, a resiliência de figuras políticas regionais e a busca por alternativas mais conciliatórias são os principais sinais de que a política brasileira caminha para um novo capítulo.

Com a proximidade das eleições de 2026, os desafios para os líderes tradicionais são evidentes: será necessário adaptar os discursos e as alianças, buscando superar a retórica polarizadora para conquistar um eleitorado que demonstrou claramente sua insatisfação com os extremos. Isso pode abrir espaço para um novo equilíbrio político, com soluções mais centradas nas necessidades práticas da população e menos pautadas por ideologias radicais.

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Da Redação do Agenda Capital

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