Eleição para presidente da CBF vive impasse com articulação nos bastidores. Foto: Wilton Junior/Estadão

Apoio maciço de clubes da série A e B a Reinaldo cria impasse na eleição presidencial. Dirigente paulista tem agremiações a seu favor, mas cenário indica federações articulando por candidatura de Samir Xaud, de Roraima, e os dois podem não ter chapas homologadas

Por Redação

A menos de dez dias da eleição que definirá o novo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o cenário é de impasse e tensão entre clubes e federações estaduais. Com apoio declarado de 32 clubes das Séries A e B, o presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, surge como favorito entre as principais agremiações do país. No entanto, sua candidatura corre o risco de sequer ser homologada, diante da força das federações estaduais que articulam apoio ao nome de Samir Xaud, presidente da Federação Roraimense de Futebol (FRF).

De acordo com o estatuto da CBF, para registrar oficialmente uma candidatura, é necessário o apoio formal de ao menos 13 membros do colégio eleitoral – sendo oito federações estaduais e cinco clubes da Série A ou B. Embora Reinaldo tenha conseguido mobilizar um expressivo apoio entre os clubes (mais de 80% dos possíveis apoiadores), sua articulação com as federações tem esbarrado no movimento pró-Xaud.

Samir Xaud, que tem o respaldo declarado de 22 das 27 federações estaduais, fortaleceu sua pré-candidatura com um manifesto assinado por 19 filiadas em favor da “estabilidade da CBF” e críticas indiretas ao presidente afastado Ednaldo Rodrigues. Com esse apoio maciço das federações, Xaud não apenas consolida sua candidatura, como também pode inviabilizar a inscrição da chapa de Reinaldo.

Entre os 32 clubes que endossam a candidatura de Reinaldo estão potências do futebol nacional como Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Internacional, Cruzeiro, Fluminense, Athletico-PR e Atlético-MG, além de outros como Bahia, Ceará, Fortaleza, Juventude, Bragantino, Santos, Sport, Vitória, América-MG, Goiás e Avaí. O apoio foi formalizado após uma reunião entre representantes da Liga do Brasil (Libra) e da Liga Forte União (LFU), que enxergam no dirigente paulista um nome capaz de modernizar a entidade e promover maior equilíbrio na gestão do futebol brasileiro.

Por outro lado, clubes como Botafogo, Vasco, Grêmio, Athletic-MG, Volta Redonda-RJ, Paysandu e Remo optaram por não se alinhar com Reinaldo, sendo que os dois últimos já manifestaram apoio direto a Samir Xaud. O Palmeiras, embora presidido por Leila Pereira, dirigente de um dos clubes mais influentes de São Paulo, decidiu manter cautela, diante da instabilidade jurídica que ainda ronda a CBF. Leila, inclusive, esteve ao lado de Ednaldo Rodrigues durante evento da FIFA no Paraguai, o que alimentou rumores sobre uma eventual reviravolta judicial.

Vale lembrar que a eleição ocorre sob a intervenção de Fernando Sarney, designado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) para conduzir o processo eleitoral após o afastamento de Ednaldo. A votação está marcada para o próximo dia 25 de maio, véspera da apresentação oficial de Carlo Ancelotti como novo técnico da Seleção Brasileira e da convocação para os jogos das Eliminatórias.

No entanto, neste sábado (17), Samir Xaud solicitou o adiamento da eleição para o dia seguinte, 26 de maio, sob a alegação de que a data atual coincide com uma rodada do Campeonato Brasileiro, o que dificultaria a presença de dirigentes dos clubes. O pedido ainda aguarda resposta.

Enquanto isso, cresce a tensão nos bastidores da entidade máxima do futebol brasileiro. O risco de nenhuma das chapas conseguir a homologação formal está no radar, o que poderia empurrar a CBF para um novo vácuo de poder – cenário já experimentado no fim de 2023, quando um processo eleitoral foi iniciado, mas acabou sem conclusão.

A disputa entre clubes e federações revela, mais uma vez, o racha interno da CBF e o embate entre modelos de gestão: um representado pelas federações, que historicamente dominam o colégio eleitoral da entidade, e outro encampado pelos clubes, que buscam mais protagonismo e transparência nas decisões que envolvem o futebol brasileiro.

Resta saber se a articulação das federações conseguirá barrar o desejo da maioria dos clubes ou se uma reviravolta de última hora poderá redesenhar o mapa de apoios e garantir a homologação de ambas as candidaturas. Até lá, a bola segue rolando, mas fora das quatro linhas, o jogo está cada vez mais acirrado.

Siga o Agenda Capital no Instagram>https://www.instagram.com/agendacapitaloficial

Da Redação do Agenda Capital

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here