Raimundo Ribeiro - Advogado, ex-secretário de Justiça do DF e ex-deputado distrital.

Por Raimundo Ribeiro*

Há 04 anos escrevi um artigo denunciando a aliança prostituta celebrada entre as bandas podres existentes no Ministério Público (MP) e a mídia capitaneada pela vênus platinada. Os documentos divulgados pelo presidente Bolsonaro, no qual jornalistas saqueiam os cofres públicos a pretexto de proferir palestras (ué, copiaram o Lula?) e os vazamentos de conversas indecentes (para ser elegante) entre membros de órgão acusador e membros do Judiciário, além naturalmente de atos ilícitos praticados, comprovam a denúncia e escancaram o esgoto onde escorre o que há de mais podre e fétido no reino do Brasil.

Mas não tive qualquer mérito em prever que isso aconteceria. Muitos sabiam disso também, só não tinham coragem nem interesse em rocar no assunto, atemorizados com o destino de quem ousa combater esses “poderosos”. Poderiam ser “denunciados “pelo que nunca fizeram, mas antes seriam execrados publicamente quando fosse anunciado: “a Rede Globo acompanha, com exclusividade, a prisão (ou busca e apreensão ou condução coercitiva) de fulano de tal.” Aí, já teríamos o circo armado e o espetáculo começaria.

Se fosse apenas crimes de conduta (o que já seria asqueroso -vale relembrar o assassinato, com requintes de crueldade, do reitor Cancellier), seria grave; mas agora começa a aparecer dinheiro. É procurador recebendo mais de meio milhão de reais por “palestras” (olha aí Lula fazendo escola novamente) inclusive para banqueiros, coincidentemente não investigados como confessado por alguns boquirrotos); É jornalista recebendo milhares de reais dos cofres públicos para proferirem “palestras” também; É “fundação” criada  por quem não tem competência para fazê-la e, se levado adiante tungaria 2,5 bilhões dos cofres públicos; são 6,8 bilhões recebidos da Odebrecht em 2016 e depositados, em segredo de justiça em Curitiba (quando deveria ser depositado, se ainda existir, nos cofres da União).

E quando parecia que nada pior poderia ser revelado, eis que se descobre que debocham e fazem piadas das mortes da esposa, do irmão e do neto de um dos condenados (in casu o ex-presidente Lula). Apesar da extrema gravidade de todos os ilícitos já praticados, esse último episódio me parece mais grave pois escancara o lado arrogante, prepotente, asqueroso e nojento que lhes retira a condição humana presente na maioria dos seres humanos.

Diante desse quadro, o que falta aos legítimos e legais verdadeiros poderes da república, é promover as intervenções necessárias, para estancar as sucessivas tentativas de obstrução e apurar integralmente a verdade dos fatos, expurgando o desavergonhado corporativismo reinante, e também reavaliar as concessões. Creio que ainda falta, e não deveria faltar em quem exerce funções públicas, CORAGEM. Coragem para determinar o afastamento dos notórios elementos que estão desonrando a instituição do MP; coragem para buscar e apreender os computadores e celulares funcionais que se encontram sob a guarda de todos os acusados; coragem para extinguir os atuais conselho superior e o Conselho Nacional do Ministério Público por notório vício de corporativismo (na pior acepção da palavra), e criar um verdadeiro conselho social para fiscalizar a atuação desses servidores públicos; coragem para obrigar que seja revelado o que foi feito com os 6,8 bilhões depositados erradamente e em segredo de justiça na 13a. Vara federal de Curitiba, à disposição da, pasmem, Lava Jato; coragem para punir a tentativa de desvio de recursos públicos na natimorta fundação do “delta”.

Enfim, é hora dos que integram os verdadeiros poderes da República (relembrando que são apenas três – Executivo, Judiciário e Legislativo), honrarem suas funções e tenham a coragem necessária para o exercício dos honrosos e elevados cargos que ocupam.

Assim agindo, além de cumprirem suas obrigações, terão oportunidade única de retirar o Brasil da marginalidade para a qual foi empurrado e resgatar o império da lei, viga mestra do estado democrático de direito.

(“Vocês podem até não fazer nada agora, mas no futuro próximo não podem alegar que não sabiam”).

*Raimundo Ribeiro – Advogado (OAB-DF 3.971); Ex-secretário de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania; Ex-deputado distrital. Colunista do Agenda Capital.

(As opiniões veiculadas nos artigos dos colunistas não refletem necessariamente a opinião do Agenda Capital).

1 COMENTÁRIO

  1. É a mais pura verdade! Os poderes têm que honrar suas funções e OBRIGAÇÕES!
    O Dr. Raimundo Ribeiro é um homem de coragem e sabedoria! Parabéns e obrigada pelo maravilhoso texto!

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