De acordo com Conselho de Saúde do Distrito Federal, esse era o tamanho da fila no início de 2018. Órgão autorizou GDF a contratar 14.386 exames
Por Isadora Teixeira
Quem depende da rede pública de saúde sofre e se angustia com a longa espera em filas para consultas, vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs) e exames. Para se ter ideia, no Distrito Federal, 13.148 pessoas aguardam para fazer tomografia computadorizada, radiografia interna do corpo fundamental para diagnóstico e tratamento de doenças graves, como o câncer.
O número, referente ao início do ano, foi revelado pelo Conselho de Saúde do Distrito Federal, na Resolução nº 499, de 13 de março de 2018, publicada na edição do dia 2 de abril do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). No texto, o GDF fica autorizado a contratar “serviços complementares” e credenciar empresas “para prestação de serviços de 14.386 exames de tomografia computadorizada, apenas em caráter provisório e complementar”.
Com a medida, o órgão considera a possibilidade de zerar a demanda reprimida, ampliar o acesso da população ao procedimento e diminuir o número de processos judiciais, entre outros pontos.
A Secretaria de Saúde afirma que apenas cinco dos 11 tomógrafos da rede estão em funcionamento. De acordo com o Conselho de Saúde, há processos em curso para compra e também locação de novos aparelhos, mas este último procedimento está atrasado “em decorrência da dificuldade em se obter propostas de empresas para o estudo de viabilidade econômica”.
O órgão, que tem poder de deliberação, mostra também, por meio da resolução, existir previsão na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2018 para a contratação do serviço: R$ 1.719.755,26. A tomografia pode confirmar o que a análise clínica supõe, explica o vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), Carlos Fernando. “É indicado para olhar a parte tumoral do corpo, fraturas, esclarecer exames que o raio-x não clarifica”, pontua.
Para o sindicalista, no entanto, a contratação do serviço pode não ser a solução para o problema. “Os aparelhos estão sem funcionar há muito tempo. Hoje, têm uma alta resolutividade, a assistência técnica é fácil. Deveriam regularizar os contratos de manutenção“, opina.
O Conselho de Saúde do Distrito Federal também frisou a necessidade de deixar em dia os acordos para conserto dos tomógrafos. “É de fundamental importância que se cumpra o pagamento regular dos contratos de manutenção, para evitar a impossibilidade de uso dos equipamentos e otimizar os recursos existentes”, comenta.
O assunto já foi alvo do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e do Ministério Público de Contas local (MPC/DF). Em 2016, os órgãos recomendaram o conserto de dois tomógrafos do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF): um aparelho estava quebrado desde janeiro de 2015, e o outro, em funcionamento intermitente, segundo os promotores. À época, o GDF disse que um operava normalmente e o segundo estava desativado, aguardando reparos.
Outros caminhos
A morosidade do Estado para atender a população obriga os pacientes a buscarem alternativas. Foi peregrinando por um tratamento contra o câncer que a dona de casa Maria José Santana de Almeida, 61 anos, descobriu a sofrida realidade de quem depende da rede pública para sobreviver. “Você paga ou morre”, desabafa.
Maria José já esteve na fila por uma tomografia e esperou cinco meses por uma resposta da rede pública, de acordo com ela. Segundo a idosa conta, há um ano recebeu a solicitação para fazer o exame com objetivo de avaliar a extensão dos linfonodos que surgiram, inicialmente, no pulmão. “Ligaram em setembro de 2017. Falaram que o pedido estava autorizado”, relata. Por causa da demora, amigos e familiares pagaram o procedimento.
Em março deste ano, a idosa se submeteu a outra tomografia. Dessa vez, o exame foi custeado pela Associação Brasileira de Assistência às Pessoas com Câncer (Abrapec).
Da Redação com informações do Metrópoles