Dra. Greice Madeleine Ikeda do Carmo, Coordenadora Geral de Vigilância e Resposta às Emergências em Saúde Pública (CGVR), do Ministério da Saúde. Foto: Agenda Capital

Temos um processo de trabalho instituído no CIEVS que se chama detecção digital de doenças, que realiza busca em vários sites tanto abertos, como site fechados restritos a organismos de saúde nacional e internacional, afirma Greice do Carmo

Por Delmo Menezes

Greice Madeleine Ikeda do Carmo, médica veterinária, mestre e especialista em epidemiologia, consultora regional da Organização Pan-Americana da Saúde em Inocuidade de Alimentos e Alerta e Resposta as Emergências em Saúde Pública e servidora do Ministério da Saúde. Atualmente trabalha como coordenadora geral de vigilância e resposta às emergências em saúde pública, no Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde do Brasil.

Em entrevista concedida ao Agenda Capital nesta quinta-feira (27), a coordenadora do Ministério da Saúde, Greice do Carmo, afirma que o Brasil está preparado para eventos de grande porte. Segundo ela, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) tem sido uma referência nacional no monitoramento de epidemias, surtos e outras emergências no país.

Leia a íntegra da entrevista:

AC – Em 2018 o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) completou 12 anos de atividades. Neste período, como tem sido a atuação do principal centro de referência nacional no monitoramento de surtos, epidemias e outras emergências em saúde pública do Brasil?

Greice – Eu tenho trabalhado na Coordenação Geral de Vigilância e Resposta às Emergências em Saúde Pública (CGVR), vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), no qual o CIEVS é um dos componentes, desde 2013. Eu comecei trabalhando dentro da CGVR organizando toda a estrutura de vigilância em saúde que foi aplicada para os principais Eventos de Massa de importância internacional, que foram a Jornada Mundial da Juventude, a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo Fifa 2014, e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos em 2016. Nesse percurso de 2013 a 2018, eu passei a ser coordenadora geral de vigilância e resposta às emergências em saúde pública em 2017, da qual tive uma oportunidade maior de trabalhar com a rotina do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS). Neste período que estou à frente da CGVR, temos conseguido juntamente com a equipe que trabalha no CIEVS, a manter todas as estratégias que foram desenhadas para este Centro desde 2006 quando ele foi implantado. Isso é muito importante você não desfazer aquilo que está dando certo. Temos dado continuidade e aprimorado os processos de trabalho. A gente tem conseguido instalar no Brasil, outras atividades inovadoras e que se referem às atividades previstas no regulamento sanitário internacional. É importante mencionar, que o CIEVS também atua como ponto focal nacional do Brasil para o regulamento sanitário internacional. Por meio deste centro, nós fazemos as comunicações internacionais que se dizem respeito à comunicação com outros países a consulta e resposta sobre evento de saúde pública.

Dra. Greice Madeleine Ikeda do Carmo, Coordenadora Geral de Vigilância e Resposta às Emergências em Saúde Pública (CGVR), do Ministério da Saúde. Foto: Agenda Capital

AC – Os eventos de interesse à saúde pública são monitorados pela Secretaria de Vigilância em Saúde, no âmbito do Comitê de Monitoramento de Eventos (CME). Como detectar se esses “rumores ou eventos” não se tratam de Fake News?

Greice – Esta é uma prática que o CIEVS desde 2006 tem adotado em relação a Fake News. Nesta época nem existia a terminologia que é atual. Nós trabalhamos isso de forma internacional, como uma nomenclatura que se chama “Rumores”. Temos um processo de trabalho instituído no CIEVS que se chama detecção digital de doenças, que na verdade nada mais é do que uma busca em vários sites tanto abertos para qualquer público, como site fechados restritos a organismos de saúde nacional e internacional. Nesta busca utilizamos palavras chaves de importância para a saúde pública, dos principais “Rumores”, que estão acontecendo no país e no mundo, vindo da internet. Para eventos relevantes, nós fazemos uma consulta a Secretaria Estadual de Saúde por meio do CIEVS estadual, e eles avaliam se esta informação é verdadeira ou uma notícia falsa (Fake News).

AC – No âmbito da SVS, qual é a principal atribuição da Coordenação Geral de Vigilância e Respostas às Emergências em Saúde Pública (CGVR) do Ministério da Saúde?

Greice – Nossa principal atuação tem sido a detecção, monitoramento e respostas as emergências em saúde pública nacional. Trabalhamos para conseguir atingir estes objetivos, através dos componentes: O CIEVS (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde) ,o EpiSUS (Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada ao SUS). No EpiSUS temos duas frentes. O avançado e o fundamental. O avançado é um programa de formação de epidemiologistas de campo, com duração de dois anos, e que é de responsabilidade da CGVR do Ministério da Saúde. O programa EpiSUS fundamental, é um curso de menor duração, com menos complexidade com duração de três meses, e acontece em determinado município. Nossa equipe vai até a cidade para ministrar o curso para turma de 25 pessoas. Atualmente temos alcançado com o EpiSUS fundamental, cerca de 350 pessoas formadas desde março de 2017. Para o EpiSUS avançado estamos completando dezoito anos de curso dentro da SVS e temos 127 formados pelo EpiSUS.

Dra. Greice Madeleine Ikeda do Carmo, Coordenadora Geral de Vigilância e Resposta às Emergências em Saúde Pública (CGVR), do Ministério da Saúde. Foto: Agenda Capital

AC – Nos últimos anos, o Brasil tornou-se referência internacional na preparação e realização de “Eventos de Massa”. Qual é o planejamento do CIEVS para a Copa América que será realizada no Brasil em 2019?

Greice – Nossa grande experiência com estratégias em vigilância em saúde para o monitoramento de potenciais ameaças em emergências de saúde pública para eventos de massa, aconteceram principalmente no período de 2013 a 2016. Temos também o histórico anterior que vem desde 2009 com os jogos mundiais militares, Rio Mais 20 e outros eventos de massa. Ao longo desses anos estamos bem consolidados em relação a metodologia e estratégias epidemiológicas para detectar e monitorar esses eventos. Com relação à Copa América de 2019, em breve nós iremos começar o planejamento com os organizadores do evento e todas as cidades sedes que serão envolvidas. Este projeto chamamos de Preparação da Vigilância em Saúde para a Copa América. Isto inclui principalmente uma avaliação de risco para identificar as potenciais ameaças que ocorrem em outros países, e que podem vir para as cidades sedes no Brasil, assim como também potenciais ameaças que os estrangeiros visitantes podem estar expostos para doenças e agravos que acontecem em nosso território nacional.

AC – Existe algum aplicativo software livre disponibilizado para os profissionais de saúde no âmbito da sua coordenação?

Greice – Existem aplicativos que foram desenvolvidos justamente para o período da Copa do Mundo e das Olimpíadas. O “Saúde na Copa em 2014”, que teve uma grande adesão e recebeu um prêmio internacional muito importante. Outro aplicativo é o Diário da Saúde que está em processo de desenvolvimento.

Da Redação do Agenda Capital

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here