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Reagentes são necessários para processar amostras dos pacientes, mas governo diz ter dificuldade de encontrar produto no mercado internacional; secretários dizem que produtos não têm sido entregues com regularidade

Por Redação*

BRASÍLIA – Quase seis meses após decretar o estado emergência pela covid-19 no País, o Ministério da Saúde ainda guarda em seus estoques 9,85 milhões de testes, segundo documentos internos da pasta aos quais o Estadão teve acesso. O número é quase o dobro das cerca de 5 milhões de unidades entregues até agora pelo governo federal aos Estados e municípios. O exame encalhado é do tipo PT-PCR, considerado “padrão-ouro” para diagnóstico da doença.

O principal motivo para os testes ficarem parados nas prateleiras do ministério é a falta de insumos usados em laboratório para processar amostras de pacientes. Isso porque, segundo secretários de saúde locais, não adianta só enviar o exame, mas também é preciso distribuir reagentes específicos.

O governo federal comprou os lotes de exames, mas sem ter garantia de que haveria todos esses insumos, indispensáveis para usar os testes. Estes produtos não são entregues “com regularidade” pela pasta, afirma o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Questionado pela reportagem, o Ministério da Saúde afirmou que teve dificuldades para encontrar todos os insumos no mercado internacional, mas que está estabilizando a distribuição conforme recebe importações de fornecedores. A pasta não explicou se houve alerta dos técnicos durante o planejamento sobre o risco de os testes ficarem parados pela falta de insumos. Também não informou quantos reagentes usados na etapa de extração das amostras foram entregues.

Dados apresentados na sexta-feira pelo ministério mostram que o Brasil realizou 2,3 ​​milhões de testes do tipo RT-PCR para covid-19 , sendo 1,4 milhão na rede pública e 943 mil, na privada. 

O Secretário Executivo do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Mauro Junqueira, disse que ficaram estocados por falta de todo o equipamento para análise. “Não tinha o material de extração. Chegou incompleto. Foi feito um acordo e (uma compra) está sendo centralizado. Já melhorou muito nas últimas semanas”, disse.

De acordo com dados do ministério, obtido pelo Estadão, a União já tem contratos para receber 23,54 milhões de testes RT-PCR, por R $ 1,58 bilhão. A pasta ainda espera a entrega de 8,65 milhões de unidades para depois repassar para Estados e municípios. Sobre o estoque de kits parados, o Ministério da Saúde disse que os Estados “não possuem capacidade para armazenar uma grande quantidade de insumos de uma só vez”. Portanto, “os testes em estoque são distribuídos à medida que os Estados exigem”.

*Com informações do Estadão

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