Dr. Adriano Ibiapina, Dr. Carlos Portilho, Dr. Ricardo Monteiro, Dr. João Eudes e Dr. Pedro Zancanaro. Foto: Delmo Menezes / Agenda Capital

Hospital Regional da Asa Norte é considerado referência nacional no tratamento da Covid-19 e já realizou mais de 1 milhão de exames laboratoriais durante a pandemia

Por Delmo Menezes

Muito se fala dos problemas da saúde pública na capital do país, que diga-se de passagem não são poucos, porém há que se destacar o trabalho desenvolvido pela equipe multidisciplinar do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), que durante toda a pandemia do novo coronavírus, foi referência não somente no Distrito Federal, mas para todo o país.

No início da pandemia da Covid-19, foi criado um Gabinete de Crise pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) no HRAN, que durante os duzentos dias da pandemia, tem se mostrado eficiente nos resultados obtidos, e com uma gestão de fazer inveja até mesmo aos melhores hospitais da Europa no combate ao vírus.

De acordo com dados fornecidos pelo hospital, cerca de 98% dos pacientes que foram internados com a Covid-19 se recuperaram.

Se destacam os gestores que estão na linha de frente do enfrentamento à pandemia no HRAN: Dr. Paulo Feitosa (pneumologista), Dr. Ricardo Monteiro (urologista), Dr. Pedro Zancanaro (dermatologista e diretor de assistência), Dr. João Eudes (farmacêutico), Dr. Adriano Ibiapina (cirurgião-geral), Dr. Ulysses de Castro (diretor do HRAN), Dr. Carlos Portilho (superintendente do hospital), Ubiratan Gonçalves (servidor da radiologia), além de outros profissionais que atuam no combate à Covid-19.

Gestores que compõe o Gabinete de Crise do HRAN durante a pandemia do novo coronavírus. Foto: Delmo Menezes/Agenda Capital.

O superintendente Carlos Portilho ficou mais de vinte dias na UTI do hospital em estado grave, retornando ao trabalho nesta quinta-feira. Praticamente todos os gestores que atuam na linha de frente no combate a Covid-19, adoeceram. Segundo relatos, muitos desses gestores ficaram praticamente 36h a disposição da população para o enfrentamento do novo coronavírus.

Dr. Paulo Feitosa, chefe da pneumologia do HRAN

Segundo o Dr. Paulo Feitosa, que é o chefe da pneumologia do HRAN, a união da equipe é um fator preponderante para os resultados até aqui alcançados. “A união e o esforço de cada um dos servidores, foi fundamental para alcançarmos os objetivos, o que nos enche de orgulho como profissional que atua no hospital há muitos anos. Sabemos que ainda falta muita a coisa a ser feita, mas com trabalho e dedicação chegaremos lá”, destacou Feitosa. De acordo com o médico pneumologista, “a pessoa com suspeita de ter contraído Covid-19 tem várias opções na rede pública de saúde. Não só o Hran, mas Ceilândia (HRC), Gama (HRG) também possuem médicos experientes e preparados”, destacou.

Acolhimento familiar

De acordo com o Dr. Ricardo Monteiro, médico urologista do HRAN que faz parte do Gabinete de Crise, no hospital foi criado um serviço pioneiro de acolhimento familiar fora da triagem que faz uma interface entre a família e os pacientes internados, para que a família pudesse não somente receber os dois boletins diários fornecidos pelos médicos (que estavam em teleatendimento) como também a troca de informações, pertences particulares, celulares, o que ajudou muito no contato com a família humanizando a internação.

Dr. Ricardo Monteiro, urologista e um dos responsáveis pelo Gabinete de Crise do HRAN. Foto: Delmo Menezes/Agenda Capital.

“O relato sobre o acolhimento familiar é o melhor possível, ele foi realizado sete dias por semana durante vários meses, agora somente nos finais de semana no período da manhã. O pessoal do serviço social que é o responsável por este acolhimento, traz para nós no Gabinete de Crise, muitos elogios de pessoas que ficaram extremamente satisfeitas com o atendimento e sobre como a internação se processou até a alta dos pacientes”, destacou o urologista.

Testemunho de paciente

De acordo com o paciente Adriano Paulino, que foi atendido no dia 14/09, o atendimento do HRAN foi de excelência. “Cheguei na triagem com suspeita de COVID-19, imediatamente fui encaminhado para o acolhimento, onde fizeram avaliação preliminar do meu estado clínico, e dentro de 10 minutos já estava em consulta com o médico especialista, que me encaminhou para realização do teste rápido (coleta de sangue) e o teste RT-PCR. Tudo isso em torno de 1 hora. Peguei os resultados dos testes pelo portal de exames da Secretaria de Saúde, e hoje estou curado da Covid-19”, relatou Adriano.

Hospital de Campanha

No início da pandemia, como o HRAN era o único hospital de referência para recebimento de pacientes da Covid de todo o DF e cidades circunvizinhas, o hospital de campanha do Mané Garrincha estava sobre a tutela do HRAN. Os leitos funcionavam como leitos de retaguarda. Os pacientes que estavam terminando o tratamento eram conduzidos ao Mané Garrincha possibilitando a abertura de vagas para o recebimento de novos doentes. “No auge da crise nós chegamos a fazer de 30 a 40 altas e remoções todos os dias durante semanas. A partir do momento que foi determinado pelo nível central da Secretaria de Saúde, que outros hospitais da rede iriam fazer o atendimento da Covid-19, o controle dos leitos do Mané Garrincha foram passados para a central de regulação de leitos”, pontuou o Dr. Adriano Ibiapina.

Protocolos

De acordo com a direção do hospital foram criados vários protocolos durante a pandemia no HRAN pela equipe de planejamento do Gabinete de Crise, como uso de EPI’s, medicamentos que foram dinâmicos no tratamento, a pronação (técnica que consiste em posicionar o paciente em decúbito – deitado de bruços) que era somente feita para pacientes de UTI sendo o HRAN pioneiro nesse procedimento que ajuda as pessoas a aumentar a quantidade de oxigênio que entra nos pulmões.

Dr. Ulysses de Castro, diretor do HRAN

O HRAN foi um dos primeiros a tratar os pacientes ainda na fase da tempestade inflamatória da doença, a entrar com medicamentos à base de corticoide para poder diminuir as complicações. “Foram criados vários protocolos pela equipe multidisciplinar do hospital. Protocolo de medicação, de exame de imagem para fixação de diagnóstico, de exame de laboratório, de fluxo limpo dentro do hospital, de protocolo sobre como lidar com os óbitos, dentre outros”, disse o Dr. Ulysses de Castro, diretor-geral do Hospital Regional da Asa Norte.

Ubiratan Gonçalves, servidor da radiologia do HRAN. Foto: Delmo Menezes/Agenda Capital

Números de exames

A quantidade de exames que foram realizados no HRAN nestes duzentos dias de pandemia, é impressionante. A coleta de RT-PCR, que é o teste que detecta o vírus na fase aguda da doença, em amostra obtida por meio de SWAB, foi em torno de 350 exames por dia, o que dá um total de 63 mil exames até o dia 24/09. Foram contabilizados 12 mil exames de tomografia computadorizada desde o início da pandemia. O total de exames laboratoriais que o HRAN realizou chega a um milhão. Mais de 50 mil pessoas passaram pela triagem do hospital. (Dados fornecidos pelo HRAN).

Referência para outros hospitais fora do DF

Dr. Adriano Ibiapina. Foto: Delmo Menezes/Agenda Capital

“Fizemos várias trocas de informações com gestores de outros estados, que nos procuraram para saber da nossa experiência, o que foi sem dúvida nenhuma bastante exitoso. Queria destacar aqui o envolvimento de centenas de profissionais, não somente os médicos, mas enfermeiros, técnicos, auxiliares, fisioterapeutas, farmacêuticos, assistentes sociais, nutricionistas, fonoaudiólogos, enfim, toda equipe do HRAN. É uma coisa que ninguém faz sozinho, são muitas pessoas trabalhando, muita gente envolvida, com dedicação praticamente exclusiva visando minimizar os efeitos desta pandemia”, destacou o Dr. Adriano Ibiapina, que faz parte do Gabinete de Crise do hospital.

Nestes meses, o Hospital Regional da Asa Norte só teve a perda de um profissional para a Covid-19. Ele atuava no Pronto Socorro e de acordo com a direção, tinha algumas comorbidades.

“Queria ressaltar a importância da equipe de limpeza do hospital, que tem sido irrepreensível para manter o ambiente limpo, bem como a equipe de segurança”, finalizou Ibiapina.

A cada exame de tomografia, uma equipe realiza imediatamente o serviço de limpeza e antissepsia do equipamento. Foto: Delmo Menezes/Agenda Capital

Volta das especialidades

“É natural que com a queda dos números a gente comece a olhar para os nossos pacientes. Estamos procurando nos organizar para os atendimentos laboratoriais e cirúrgicos, inclusive na área oncológica. As cirurgias eletivas vão ficar para um segundo momento por conta da questão dos insumos, pois não podemos ter competição com os pacientes da Covid-19”, pontua o urologista Ricardo Monteiro.

Nesta quinta-feira (24) a taxa de ocupação do HRAN estava em torno de 280 leitos para covid-19, e o hospital ainda tem perto de 200 pessoas internadas.

Da Redação do Agenda Capital

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