Instituto Hospital de Base do DF. Foto: reprodução

Por Redação

O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, sancionou hoje (3) a Lei nº 1.486, que cria o Instituto Hospital de Base. Durante a solenidade, que ocorreu no Palácio do Buriti, Rollemberg afirmou que manterá a natureza pública da unidade. “É um passo muito importante para a profissionalização do serviço de saúde”, disse o governador.

Segundo o governador, algumas das principais vantagens da transformação do Hospital de Base em instituto, são as compras mais rápidas de insumos, medicamentos e equipamentos e a abreviação de processos de substituição de mão-de-obra.

Rollemberg citou a recessão do país como um dos fatores que justificam a mudança. Segundo ele, os usuários de planos de saúde privados teriam se deslocado em massa para o Sistema Único de Saúde, sobrecarregando o sistema hospitalar. “Não podemos mais viver com um sistema travado, um sistema que não tem qualquer tipo de avaliação pelo mérito e que demora muito, mas muito mesmo para garantir compras de medicamentos e de insumos fundamentais para uma boa prestação de serviço público”, afirmou.

O secretário de Saúde, Humberto Fonseca, disse que a modificação será uma “ferramenta de maior qualidade, mais profissional”. “É uma gestão autônoma, de dar solução para seu próprio problema. Essa é a mudança mais estruturante e mais edificante [da área, na região]”, disse.

Serão destinados R$ 602 milhões ao empreendimento, mesmo valor reservado para a unidade hospitalar em 2017. A distribuição do orçamento em cada área ainda não foi determinada. As próximas etapas são a redação do estatuto, do regimento interno e a elaboração do contrato do instituto.

Antes da aprovação na Câmara do Distrito Federal, por 13 votos a 9, distritais da oposição haviam criticado o modelo, com o argumento de que o governo não teria condições de custeá-lo. O governador assumiu, durante a cerimônia, que herdou uma dívida que, na área da saúde, já somava R$ 600 milhões.

Em consulta ao Portal da Transparência do DF, a reportagem identificou despesas da pasta. Foram reservados cerca de R$ 38,8 milhões para o desenvolvimento das ações de Atenção Primária em Saúde, um campo que, segundo Fonseca, “merece resgate para que se torne novamente padrão de excelência”. Dessa quantia, pouco mais de R$ 22 milhões já foram pagos.

Adicionalmente, o governo local decidiu alocar R$ 204,3 milhões para a aquisição de remédios. Desse total, apenas R$ 187,6 foram quitados, até o momento.

Servidores

O governador Rollemberg destacou que o regime de CLT garantirá uma avaliação mais rigorosa do serviço prestado pelos profissionais do hospital. “Tenho convicção de que os maiores defensores do instituto, daqui a alguns meses, serão os próprios servidores do instituto, que vão poder trabalhar em melhores condições. Com a gestão mais ágil, mais rápida, certamente, esses servidores terão melhores condições de prestar o serviço inigualável à população, que é a assistência à saúde, que se confunde com a própria vida”, acrescentou.

O voluntário de Saúde Mental José Justino, que interpreta a decisão como privatização, apoia a avaliação periódica mais severa. “O [hospital] que privatiza, nos países de primeiro mundo, praticamente funciona. E eu acho que vai mudar muito a saúde, porque eu vejo hoje a máquina de Brasília parada. E, privatizando, acho que os médicos e enfermeiros que não querem trabalhar vão sair do hospital. Se eles não trabalharem, vão pra rua”

De acordo com o secretário de Saúde, a pasta tem feito um levantamento do quantitativo necessário para o novo quadro. Ele informou que os servidores do Hospital de Base “terão seus direitos preservados” e que aqueles que não desejarem trabalhar no instituto serão remanejados para outros locais.

Oposição

Por outro lado, um dos principais argumentos da oposição é que a medida é inconstitucional. Segundo um entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), baseado na Constituição Federal, a gestão da Saúde é dever intransferível do Estado e não pode ser atribuída a uma organização social ou a qualquer outro tipo de entidade.
Em novembro do ano passado, a ministra Rosa Weber anulou um edital que autorizava que as organizações sociais (OSs) administrassem as UTIs e unidades semi-intensivas dos hospitais estaduais. O GDF, porém, argumenta que o modelo pensado para o hospital não se enquadra no mesmo caso.
Além da oposição na Câmara Legislativa, sete sindicatos que representam os trabalhadores da Saúde, profissionais como médicos, enfermeiros, auxiliares, laboratoristas e odontólogos, também são contra a proposta.
Da Redação com informações da Ag. Brasil

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