Após uma década, a Orquestra Sinfônica reencontra sua casa no Teatro Nacional
Por Delmo Menezes
Após uma década de itinerância e no ano em que celebra 45 anos de existência, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS) vive um momento histórico: o retorno à sua casa, com a reabertura da Sala Martins Pena. A tão aguardada volta marca o fim de um período de desafios e o início de um novo capítulo para a música erudita em Brasília.
A última apresentação da orquestra dentro do Teatro Nacional ocorreu em dezembro de 2013, pouco antes da interdição do espaço por questões de segurança, combate a incêndio e acessibilidade. A saudade e a frustração marcaram os últimos dez anos, como relatam os próprios músicos. Lilian Raiol, que é a spalla da orquestra, relembra a tristeza de ter que deixar o espaço sem perspectiva de retorno. A musicista, que ingressou na orquestra há 19 anos, conta que foi dentro do Teatro Nacional, na Sala Villa-Lobos, que decidiu dedicar sua vida à música orquestral.

O sentimento de ansiedade e expectativa também é compartilhado por Larissa Mattos, violoncelista que ingressou na OSTNCS em 2018 e nunca teve a oportunidade de se apresentar no Teatro Nacional. Para ela, o retorno representa a concretização de um sonho e a realização do propósito que a motivou a ingressar na orquestra.
O maestro Cláudio Cohen, regente atual, destaca a importância deste retorno para a orquestra, que completa 45 anos em 2024. A data ganha um significado ainda maior com a reabertura da Sala Martins Pena, representando um presente para o grupo e para a comunidade brasiliense.
“Isso para nós é um presente, como se fosse realmente uma alegria, uma coisa que vem no momento certo”, afirma o maestro Cláudio Cohen, regente atual. “A gente fica muito feliz e agradece ao Governo do Distrito Federal pelo empenho no sentido de realmente trazer de volta o Teatro Nacional para a população do DF.”
Mais do que uma questão afetiva, o retorno ao Teatro Nacional representa a volta para um espaço adequado às necessidades técnicas da orquestra. Francisco Orru, músico há 15 anos na OSTNCS, enfatiza a perda que representou a ausência de um ambiente preparado para o trabalho musical. O maestro Cláudio Cohen complementa a fala de Orru comparando a situação da orquestra à de um time de futebol que precisa do melhor campo para jogar. Ele explica que as salas que acolheram a orquestra durante este período, embora tenham oferecido apoio, não oferecem as condições acústicas ideais para o desenvolvimento do trabalho orquestral e para a apreciação do público.

A Sala Martins Pena foi totalmente restaurada e oferece agora uma sala de apoio climatizada com banheiros e espaço para guardar os instrumentos, além de uma área reservada no foyer para apresentações de grupos menores. Felipe Ramón, secretário de Patrimônio Cultural da Secec-DF, reforça a importância da orquestra para o Teatro Nacional e o compromisso do governo em oferecer um espaço adequado para seus integrantes. “A orquestra é o coração do Teatro Nacional”, observou Felipe.
Desde a interdição, a OSTNCS realizou apresentações em diversos espaços da cidade, como o Teatro Pedro Calmon, o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o Santuário Dom Bosco, o Teatro dos Bancários, o Cine Brasília e o Museu Nacional da República, fixando-se desde 2022 no Teatro Plínio Marcos.

As obras de restauração do Teatro Nacional tiveram início em dezembro de 2022, com investimento de R$ 70 milhões do GDF, por meio da Novacap e da Secec-DF, nesta primeira etapa. As intervenções se concentraram na construção do sistema de combate a incêndio, implementação de acessibilidade e restauro do foyer e da Sala Martins Pena. O GDF já anunciou um investimento de R$ 320 milhões para as próximas etapas, que contemplarão a Sala Villa-Lobos, o Espaço Dercy Gonçalves, a Sala Alberto Nepomuceno e o anexo.
A reabertura da Sala Martins Pena representa, portanto, um marco na revitalização do Teatro Nacional e um presente para a música e a cultura de Brasília.
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Da Redação do Agenda Capital