Deputado Federal licenciado Eduardo Bolsonaro. Foto: Reprodução

Deputado é acusado pela PGR de liderar campanha internacional de intimidação contra autoridades brasileiras; ex-presidente será ouvido na investigação

Por Redação

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de um inquérito para investigar o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por suposta atuação nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras. A decisão atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta o parlamentar como responsável por uma campanha de intimidação e perseguição contra ministros do STF, procuradores e delegados da Polícia Federal.

Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, Eduardo Bolsonaro estaria tentando influenciar autoridades norte-americanas a adotar sanções contra ministros da Suprema Corte, delegados da PF e membros do Ministério Público Federal que atuam em processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros aliados políticos. Entre as medidas sugeridas pelo deputado estariam o bloqueio de bens e contas, além da cassação de vistos de entrada nos EUA.

A PGR acredita que Eduardo Bolsonaro tenta, com tais ações, obstruir investigações como a ação penal do golpe — na qual Jair Bolsonaro figura como réu — e o inquérito das fake news. Para Gonet, há indícios de que o deputado cometeu pelo menos três crimes: coação no curso do processo, embaraço à investigação de organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Moraes já determinou as primeiras medidas da investigação, como o monitoramento e a preservação das publicações de Eduardo nas redes sociais, além dos depoimentos tanto do deputado quanto do ex-presidente Jair Bolsonaro, que deverão ocorrer no prazo de dez dias. Como Eduardo está nos Estados Unidos desde fevereiro, a notificação será feita por e-mail, e ele poderá responder por escrito.

A PGR também justifica o depoimento de Jair Bolsonaro sob o argumento de que ele é diretamente beneficiado pela campanha liderada pelo filho e é responsável financeiro por sua estadia em solo americano.

Eduardo reage e fala em “perseguição política”

Em suas redes sociais, Eduardo Bolsonaro reagiu com indignação à abertura do inquérito. Ele classificou a medida como “injusta e desesperada” e acusou o procurador-geral Paulo Gonet de agir politicamente. O deputado, que se licenciou do mandato para permanecer nos EUA, alega que está no país para buscar “as justas punições que Alexandre de Moraes e a sua Gestapo da Polícia Federal merecem”.

Desde que chegou aos EUA, Eduardo vem mantendo contato com parlamentares republicanos e integrantes do círculo do ex-presidente Donald Trump, numa tentativa de influenciar o governo norte-americano contra o STF.

Em um dos exemplos mencionados por Gonet no ofício enviado ao STF, o senador Marco Rubio, um dos principais nomes do Partido Republicano, chegou a declarar que há “grande possibilidade” de o ministro Alexandre de Moraes ser alvo de sanções por parte de um eventual governo Trump.

PT anuncia ação contra Eduardo no conselho de ética

A repercussão no Congresso também foi imediata. O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), anunciou que ingressará com uma representação no Conselho de Ética contra Eduardo Bolsonaro.

“Ele está licenciado, mas ainda é deputado. Está articulando com autoridades estrangeiras sanções contra ministros do STF, contra o procurador-geral da República e contra delegados da Polícia Federal. Um fato dessa gravidade não pode passar sem uma resposta do Parlamento”, afirmou Lindbergh.

O petista também acusou Eduardo de mentir fora do país e de tentar coagir ministros do STF por meio de articulações internacionais. “É um atentado contra a soberania nacional”, disse.

Clima de tensão entre Poderes

O caso reacende o clima de tensão entre o Judiciário e o bolsonarismo, especialmente em meio aos desdobramentos das investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro e outras iniciativas antidemocráticas.

Com a nova investigação autorizada por Moraes, o STF sinaliza que seguirá firme no enfrentamento a ações que possam representar ameaça ao Estado Democrático de Direito, mesmo quando elas ocorrem além das fronteiras do país.

A defesa de Eduardo Bolsonaro ainda não se pronunciou oficialmente sobre os próximos passos diante da decisão da Corte Suprema.

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Da Redação do Agenda Capital

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