“Todas as coisas me são lícitas, mas nem tudo me convém”, é um dos versículos mais polêmicos da Sagrada Escritura. Neste artigo você saberá os limites e responsabilidades da vida cristã
Por Delmo Menezes
A frase de 1 Coríntios 6:12, escrita pelo apóstolo Paulo, é uma das mais ricas em significado na Bíblia, convidando o cristão a refletir profundamente sobre a liberdade em Cristo e a responsabilidade que essa liberdade traz. Em sua essência, o versículo nos lembra que, embora possamos ter o direito de fazer muitas coisas, nem todas são benéficas ou alinhadas com os valores do Reino de Deus.
Paulo, em sua carta aos Coríntios, estava lidando com uma comunidade cristã que, em meio a uma cultura pagã com costumes muito liberais, estava questionando os limites da liberdade cristã. A frase “todas as coisas me são lícitas” era um slogan popular entre os gregos, expressando a ideia de que tudo era permitido desde que se tivesse os meios para isso.
Paulo, no entanto, não nega a liberdade dos cristãos, mas a qualifica. Ele afirma que, embora todas as coisas sejam lícitas, nem todas convêm. Em outras palavras, apenas porque algo é possível, não significa que seja bom ou construtivo. A liberdade cristã não é uma licença para o egoísmo, mas uma oportunidade para servir a Deus e ao próximo.
Contexto e significado
A expressão “todas as coisas me são lícitas” reflete uma frase provável comum entre os coríntios, que usavam sua liberdade cristã como justificativa para práticas questionáveis. Paulo, no entanto, responde com sabedoria: a liberdade não deve ser confundida com libertinagem ou irresponsabilidade.
A primeira parte do versículo, “mas nem tudo me convém”, traz à tona a necessidade de discernimento. Nem tudo o que é permitido é útil, edificante ou saudável. O objetivo aqui não é apenas a legalidade ou permissão, mas se aquilo que faz promove o bem, honra a Deus e edifica a nós mesmos e aos outros.
Já a segunda parte, “mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”, é um lembrete de que a verdadeira liberdade está em não ser escrava de nossos desejos, hábitos ou impulsos. Mesmo coisas lícitas, como comer, beber, ou prazeres da vida, podem se tornar um perigo se assumirem o controle sobre nós.
A liberdade cristã e a responsabilidade
Paulo ensina que a liberdade em Cristo não é uma licença para agir de forma egoísta ou prejudicial. Pelo contrário, a liberdade cristã é uma oportunidade de viver com responsabilidade, colocando a vontade de Deus e o bem-estar do próximo acima de nossos interesses pessoais.
Esse princípio pode ser aplicado em diversas áreas da vida:
- Relacionamentos: Embora tenhamos o direito de nos manifestarmos livremente, convém agir com amor, paciência e respeito.
- Hábitos e vícios: Coisas como o consumo de bebidas alcoólicas ou o uso da tecnologia são lícitas, mas podem nos dominar se não forem cuidadosos.
- Tomada de decisões: Nem tudo o que é moralmente permitido ou socialmente aceito é bom para a nossa alma ou para a comunidade.
Um chamado à maturidade espiritual
A mensagem de Paulo em 1 Coríntios 6:12 é, acima de tudo, um chamado à maturidade espiritual. A liberdade em Cristo exige sabedoria para discernir o que é bom, autocontrole para resistir ao que nos prejudica, e humildade para reconhecer que nossas escolhas devem glorificar a Deus.
Essa passagem também nos desafia a avaliar constantemente nossas motivações. Por que fazemos o que fazemos? Estamos sendo guiados pelo Espírito Santo ou pelo desejo de agradar a nós mesmos? Estamos usando nossa liberdade para edificar ou para nos destruir?
O apóstolo está nos convidando a uma vida de domínio próprio, onde nossas escolhas são guiadas não pelos nossos desejos egoístas, mas pela vontade de Deus. A verdadeira liberdade não está em fazer tudo o que queremos, mas em sermos livres das coisas que nos escravizam.
Em resumo, 1 Coríntios 6:12 não é uma carta branca para qualquer tipo de comportamento. É um chamado à sabedoria, ao discernimento e ao amor. A liberdade cristã é um dom precioso, mas deve ser exercida com responsabilidade e sabedoria.
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Da Redação do Agenda Capital