O rastro do prejuízo deixado pelos suspeitos ultrapassa meio milhão de reais e envolveu pelo menos 10 vítimas, parte servidores públicos

Por Carlos Carone*

Um grupo de advogados é investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal por aplicar golpes e conduzir esquema criminoso envolvendo pirâmides financeiras. O rastro do prejuízo deixado pelos suspeitos ultrapassa meio milhão de reais e envolveu pelo menos 10 vítimas, a maioria servidores públicos, entre eles quatro policiais civis. O inquérito é apurado pela Coordenação de Repressão à Fraudes (Corf). Todos os golpes foram aplicados entre agosto do ano passado e abril deste ano.

O operador do esquema e responsável por captar investidores para engrossar a base da pirâmide era o advogado Glauber Melo Nassar (veja galeria de fotos abaixo), 38 anos, segundo todas as vítimas que prestaram depoimento à PCDF. O advogado se dizia uma espécie de “trader” – profissional especializado em operações no mercado financeiro.

Nassar prometia rentabilidade vertiginosa, com ganhos de 10% mensais sobre o valor investido. Com todos os investidores, o advogado assinava contrato, garantindo a efetividade dos pagamento.

Para muitas vítimas, Nassar garantia que os valores seriam investidos na bolsa de valores, mas o dinheiro era revestido para a alimentação da pirâmide financeira da qual outros advogados participariam na base e teriam seus ganhos garantidos com a manutenção do esquema. Após a quebra da corrente financeira, quem amargaria os prejuízos seriam justamente os últimos investidores a embarcarem no esquema fraudulento.

Dinheiro de uma vida

Parte das vítimas perdeu economias de uma vida, dinheiro amealhado ao longo de suas carreiras profissionais e até recursos de aposentadorias. Uma das pessoas que teve o maior prejuízo é escrivão da PCDF. Ele contou em depoimento que, de junho a novembro do ano passado, fez uma série de investimentos com o grupo, totalizando R$ 238 mil. O policial chegou a pedir emprestado R$ 100 mil à mãe para ajudar a aumentar o aporte financeiro.

Segundo o escrivão, alguns contratos tinham a obrigação de repassar, mensalmente, 10% sobre o valor aportado. O advogado captador teria afirmado que investimentos superiores a R$ 100 mil pagariam a porcentagem de 12%. Seduzido pela suposta rentabilidade, o policial caiu no golpe.

Ele conheceu Glauber Melo Nassar em festa agostina de uma comunidade evangélica, onde outros policiais civis também estavam e resolveram investir. A promessa era a mesma: garantir o pagamento mensal de 10% sobre o valor aplicado. No entanto, a partir de março deste ano, os advogados deixaram de fazer os repasses.

Inicialmente, de acordo com o policial, Nassar apresentava desculpas, afirmando ter esquecido de depositar o dinheiro. Em outras oportunidade, o advogado dizia que acompanhava a mãe no hospital, entre outras justificativas.

Quebra de contrato

O mesmo modus operandi adotado pelo advogado é narrado por praticamente por todas as vítimas. Após atrasar os pagamentos depois que a pirâmide financeira se rompeu, Nassar afirmava que havia rompido os contratos unilateralmente e que o valor total aportado, além do pagamento dos juros, seriam quitados – o que nunca ocorria. Outro policial civil alvo do grupo amargou um prejuízo estimado em R$ 98 mil.

O policial também havia conhecido Nassar por meio de amigos em comum e aceitou investir. Em depoimento, ele contou que entre junho e dezembro de 2019 fez uma série de investimentos com Nassar. No entanto, a partir de abril deste ano, o advogado cortou os repasses e passou a inventar uma série de desculpas para justificar a inadimplência. O golpista chegou a marcar uma reunião com três policiais para entregar cheques com os valores devidos, mas nenhum deles tinha fundos.

O Metrópoles tentou entrar em contato com os advogados por meio de telefones comerciais, residenciais e móveis, mas nenhum deles atendeu as ligações até o fechamento desta matéria. O espaço permanece aberto a manifestações.

*Com informações do Metrópoles 

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