Grupo extremista islâmico atrasou a libertação de 13 israelenses e quatro estrangeiros alegando que Israel não teria respeitado os termos do acordo, sobretudo entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Israel nega violação.

Por Redação 

Depois de sete horas de atraso e após acusar Israel de violar o acordo intermediado por Catar, Egito e Estados Unidos, o grupo radical islâmico Hamas  anunciou na noite deste sábado (25/11) que entregou 13 reféns israelenses – cinco mulheres e oito crianças – e quatro tailandes ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) antes do prazo de meia-noite. A informação foi confirmada por Israel. 

Inicialmente, o Catar havia informado a libertação de sete prisioneiros estrangeiros.

Os reféns foram levados para a passagem de Rafah, de onde cruzaram a fronteira para o Egito. Em troca, Israel soltou 39 prisioneiros palestinos, sendo seis mulheres e 33 jovens do sexo masculino com menos de 19 anos.

A liberação do segundo grupo de árbitros deveria ter ocorrido tarde. O Hamas, no entanto, adiou a entrega dos reféns, acusando Israel de violar o acordo.

“Adiamos a libertação do segundo grupo de prisioneiros até que a ocupação cumpra os termos do acordo em relação à entrada de caminhões de ajuda no norte da Faixa de Gaza, e devido ao não cumprimento das regras acordadas para a libertação de prisioneiros”, anunciaram as Brigadas Al-Qassam , braço armado do Hamas, em comunicado.

Fontes israelenses negaram à agência de notícias EFE violaram os termos do acordo.

Horas antes do comunicado, Taher al-Nono, assessor de Ismail Haniyeh , chefe do escritório político do Hamas – ambos baseados no Catar – já havia acusado Israel de desrespeitar o pacto.

O acordo prevê uma trégua de quatro dias nos combates para a troca de 50 reféns israelenses por 150 prisioneiros palestinos, além da entrada diária de 200 caminhões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

Na sexta-feira, o primeiro dia da trégua, o Hamas libertou 13 reféns israelenses – além de dez tailandeses e um filipino –enquanto Israel soltou 39 prisioneiros.

Mediação de Catar e Egito

A troca deste sábado só foi possível após mediação de Catar e Egito. 

“Após um atraso na implementação da libertação de prisioneiros de ambos os lados, os obstáculos foram superados por meio de comunicações entre o Catar e o Egito com ambos os lados, e hoje à noite 39 civis palestinos serão libertados em troca da libertação de 13 reféns israelenses de Gaza”, disse Majed al Ansari, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, em sua conta oficial no X (antigo Twitter).

De acordo com a mídia hebraica, Israel teria ameaçado o grupo islâmico de que retomaria sua intervenção militar em Gaza se o segundo grupo de reféns não fosse libertado até a meia-noite.

Ajuda humanitária insuficiente

O Hamas afirma que Israel não cumpriu os termos do acordo em pelo menos dois pontos: a antiguidade dos prisioneiros libertadas e o número de caminhões de ajuda humanitária.

O assessor de Haniyeh reclamou que o fluxo de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza está sendo “muito menor do que o acordado”, principalmente no norte. 

O Egito confirmou que cerca de 50 caminhões de transporte de ajuda humanitária com destino ao norte da Faixa passaram neste sábado na passagem de Rafah, enquanto o Crescente Vermelho disse que eram 61.

A ONU informou que 137 caminhões de ajuda e cerca de 130 mil litros de combustível entraram na sexta-feira, o primeiro dia do acordo, mas o COGAT, o órgão militar israelense que controla os assuntos civis nos territórios palestinos ocupados, estimou o número em 200 caminhões.

A televisão egípcia Al Qahera News disse que as autoridades israelenses se comprometeram em transportar mais 100 caminhões ainda na noite deste sábado, “alguns deles para o norte da Faixa de Gaza”, para cumprir o acordo.

A emissora, que é próxima ao governo egípcio, acrescentou que o governo do Cairo trabalhará para garantir que os drones israelenses “não sobrevoem o sul de Gaza” durante a trégua.

Outros restos do Hamas

De acordo com Nono, Israel também não cumpriu, na primeira libertação, a exigência de antiguidade dos 39 prisioneiros palestinos (24 mulheres e 15 adolescentes).

“O descaso da ocupação com a questão da antiguidade na libertação de prisioneiros coloca o acordo em perigo real”, ressaltou Nono.

Além desses dois pontos, o Hamas alega que houve descumprimento do cessar-fogo.

“A ocupação [israelenses] realizou operações de tiro contra muitos cidadãos durante a trégua, o que levou ao martírio de dois cidadãos ontem”, relatou Nono.

A ONU confirmou neste sábado que pelo menos um civil da Faixa de Gaza foi morto por tiros israelenses em Deir al-Balah, no sul do enclave, enquanto grupos de habitantes tentavam aproveitar o cessar-fogo para retornar às suas casas no norte, de onde Israel havia ordenado a saída de moradores semanas atrás.

Em 7 de outubro , combatentes do grupo radical islâmico Hamas cruzaram a fronteira da Faixa de Gaza com Israel e mataram 1.200 pessoas, sequestrando cerca de 240, segundos números do governo israelense. O ataque deu início ao atual conflito na Faixa de Gaza.

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Com EFE/LUSA/OTS

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