Bispo Robson Rodovalho, fundador e presidente da Sara Nossa Terra. Foto: Reprodução

Presidente da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil, bispo deve influenciar outras igrejas evangélicas a fazer o mesmo

Por Redação

Única candidata evangélica na disputa ao Planalto, Marina Silva (Rede) não terá apoio das igrejas nesta eleição. Os evangélicos, que representam cifras milionárias e apoio massivo nas urnas, estão entre Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB). O capitão do Exército, também evangélico, saiu na frente após conquistar um importante cabo eleitoral: o bispo Robson Rodovalho, fundador e presidente da Sara Nossa Terra. Com poder de influenciar em todo país, Rodovalho tem se mostrado favorável às alianças com o deputado em almoços e reuniões com grupos religiosos. O acordo está tão solidificado que, na próxima semana, o líder da Sara vai compartilhar vídeos pedindo votos para o PSL nas redes sociais.

Representantes da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil (Concepab),  presidida por Rodovalho, dizem que a população evangélica corresponde a 40% dos eleitores brasileiros — 58,8 milhões de pessoas. O último número oficial é de 2010, retirado do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que registra 42,2 milhões de evangélicos no país. “Temos mais de dois mil pastores apenas no Distrito Federal. Mais de quatro mil em São Paulo. Somos uma força importante nas eleições”, diz o secretário-nacional da Concepab, pastor Valdery Alves.

A Confederação de pastores congrega as principais agremiações neopentecostais do Brasil, e é vista como uma das mais prestigiadas instituições evangélicas que existem. “A tendência é de que a gente siga o bispo. Mas ainda não dá para bater o martelo. Cada cidade, cada município tem um conselho de pastores. Eles precisam estar de acordo com essa iniciativa”, complementa o pastor Valdery. Não é permitido falar de política no púlpito das igrejas. Por isso, essa articulação em favor de Bolsonaro tem de ser feita mais discretamente, em encontros da igreja e reuniões religiosas. Muitos consideram, até mesmo, a ideia de publicar vídeos do bispo Rodovalho apoiando o capitão nas redes sociais “uma manobra arriscada”.

O que pode ser um divisor de águas também pode começar uma guerra ideológica na igreja, ainda dividida entre Alckmin e Bolsonaro. O tucano desponta entre os eleitores mais moderados, explicam parlamentares da bancada evangélica. “O discurso do Bolsonaro é muito agressivo, muito cheio de radicalismos. Nessa hora, ele perde a razão contra o Alckmin. A grande questão é a seguinte: se Jair Bolsonaro for para o segundo turno com Fernando Haddad (PT), o que é uma possibilidade, aí sim, todos nós devemos ir às urnas em favor dele”, conta um aliado de Rodovalho no Congresso.

Disputa

Pesquisa da XP Investimentos divulgada ontem mostra que foi entre esse público que o capitão reformado cresceu mais na última semana no Sudeste, a região mais populosa do país, de 26% para 39%. Há uma ala de evangélicos contra a mistura de política com religião. O nível de aceitação de Bolsonaro é 17% maior que Haddad nesse meio em outros levantamentos. Enquanto o deputado tem 51% de apoio, o petista tem 34%. Em 2012, quando foi eleito prefeito de São Paulo, Fernando Haddad conseguiu aliar-se à igreja evangélica, especialmente ao bispo Rodovalho. Seis anos depois, o religioso afirma que “só Bolsonaro é capaz de colocar um freio de arrumação no Brasil”. O bispo cumpriu agenda fechada, ontem, em São Paulo.

Abraçada pelos evangélicos em 2014, hoje Marina Silva só tem 12% das intenções de voto entre os fiéis dessas igrejas. Ela foi a opção de 43% dos eleitores que migraram para Bolsonaro. Questões como aborto e casamento gay esfriaram o desempenho da ex-senadora na corrida eleitoral. “A falta de posicionamento da candidata, que falou sobre um plebiscito para resolver esses temas, foi considerada uma traição às questões evangélicas”, criticou o deputado Marco Feliciano (Podemos), ainda na pré-campanha.

Três perguntas para Robson Rodovalho, presidente da Igreja Sara Nossa Terra

Os evangélicos estão divididos entre Alckmin e Bolsonaro?

Já estiveram mais. Mas faltou posicionamento incisivo do Geraldo Alckmin. O Bolsonaro é mais decidido, mais explícito em relação às nossas bandeiras. Com essa história de voto útil, coerência… Queremos compromisso com as nossas bandeiras.

Pesa o fato de o Alckmin ser católico? A Marina é evangélica.

Nesse ponto, não. A Marina se diz evangélica e está extremamente longe do nosso posicionamento. Falta ela falar das reivindicações, tratar de ideologia de gênero, casamento tradicional… Ela não fala da nada. É melhor um católico que tenha convicções alinhadas com os evangélicos.

O senhor apoiou Fernando Haddad em 2012 e Dilma Rousseff em 2010. Não vai mais investir no PT?

Quando Haddad ganhou a eleição para a prefeitura, era um discurso mais tolerante, inclusivo. Mas ele criou o kit gay. Aí, meu caro, não tem como. A performance do PT é essa: faz um compromisso mas, não o executa. O partido atropela e acaba tudo. Vamos de Bolsonaro.

Da Redação com informações do Correio

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