Não vai sobrar pedra sobre pedra na “delação do fim do mundo”.

A revista Veja desta semana (28) trouxe ao público uma matéria que tem como título “A delação do fim do mundo”, mostrando detalhes da delação premiada de Marcelo Odebrecht, do seu Pai Emílio e todo primeiro escalão da empresa. Essa delação já vinha sendo aguardada a bastante tempo, e com isso se fechou um ciclo. A delação da Odebrecht tem potencial para provocar enorme impacto no mundo político, uma vez que atinge praticamente todos os partidos.

De acordo com especialista em delação premiada, é de se esperar mais de 300 novos casos de corrupção que virão ao público nos próximos meses. Com certeza, a equipe de Sérgio Moro e da Polícia Federal, terão muito trabalho ainda este ano, e no decorrer do próximo ano.

A nota oficial da Odebrecht anuncia o que chama de “cooperação definitiva” com a Lava Jato, já traz uma confissão terminante, a de que os fatos apurados na operação “revelam na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país”. É de esperar que os executivos da empresa, exponham à luz do dia, todo o sistema “ilegal e ilegítimo”, praticado nos últimos anos em financiamento eleitoral de campanhas políticas no país.

O acordo de delação premiada assinado com o Ministério Público envolve os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, o atual, Michel Temer, tucanos de alta plumagem, como José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin, peemedebistas fortemente ligados a Temer, como o senador Romero Jucá e o ministro Geddel Vieira Lima, e os dois principais nomes do PMDB no Rio de Janeiro: o prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral, além de uma série de políticos dos vários partidos. É inevitável que não sobre pedra sobre pedra do conjunto todo.

De acordo com a Veja, os parlamentares incumbidos de julgar o governo, no processo de impeachment, também tendem a ser atingidos, o que de fato configura um cenário de “fim de mundo”, de modo que a Lava Jato está plenamente justificada, na medida em que a nota da Odebrecht promete “adotar novas práticas de relacionamento com a esfera pública”.

Negociação para o acordo

marcelo_odebrecht3Quando já completava um ano de prisão do ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht em Curitiba, a corporação passou a negociar um acordo de colaboração coletivo, incluindo não só os atuais dirigentes, mas também ex-funcionários da empresa.

Por essa negociação, Marcelo Odebrecht permaneceria quatro anos preso em regime fechado e o dinheiro seria devolvido aos cofres públicos, em valores ainda não definidos.

Até aqui, os representantes da Odebrecht que aderiram à delação premiada forneceram “apenas informações preliminares”. A partir da assinatura do acordo é que prestarão depoimentos oficiais, formalizando assim a deleção premiada em troca de benefícios como penas de prisão reduzidas.

Só depois de assinado com o Ministério Público Federal é que o acordo é encaminhado ao ministro Teori Zawaski, relator no Supremo Tribunal Federal dos processos relativos à Operação Lava Jato.

O sempre moderado juiz federal Sergio Moro, encarregado da Lava Jato, também dá dimensão da turbulência que se aproxima ao comentar: “Espero que o Brasil sobreviva”.

O mundo político está em “êxtase”, aguardando o que virá pela frente, pois com certeza, a delação da Odebrecht irá provocar dias de grande turbulência no cenário político, com reflexos nas eleições de 2018.

Da Redação do Agenda Capital /Delmo Menezes/Veja

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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