Objeto estava preso em uma árvore, numa região alagada dos rios que dividem o Brasil e o Peru; indigenista Bruno Pereira e jornalista inglês Dom Phillips estão desaparecidos desde domingo, 5

Por Vinicius Valfre

ATALAIA DO NORTE, ENVIADO ESPECIAL – Uma mochila com pertences iguais aos que eram levados pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista Dom Phillips foi localizada por equipes de busca na região do Vale do Javari, neste domingo, 12, quando se completa uma semana desde o desaparecimento de ambos na Amazônia. “Nessa mochila, tinha notebook, todos os pertences, meias, camisas, bermudas”, disse o porta-voz do Corpo de Bombeiros em Atalaia do Norte (AM).

O objeto, de cor preta e da marca Equinox, estava preso a uma árvore numa região alagada dos rios que dividem o Brasil e o Peru.

O item foi localizado por mergulhadores do Corpo de Bombeiros do Amazonas por volta das 16 horas, no horário local (18 horas em Brasília).

Indígenas que acompanhavam os trabalhos de busca no rio e que conheciam Bruno e Dom atestaram que a mochila pertencia a um dos dois.

Trata-se de uma mochila de viagem grande. Dentro havia vários livros. O material foi entregue à Polícia Federal para perícias. “Tivemos a grata satisfação de ter êxito e encontrar uma mochila”, complementou o porta-voz do Corpo de Bombeiros.

Mochila encontradas pelos Bombeiros no Vale do Javari. Foto: Divulgação.

Bruno Pereira está desaparecido junto com o jornalista britânico Dom Phillips desde a manhã de domingo, dia 05. Apenas na manhã desta terça-feira, dia 07, o Comando Militar da Amazônia, do Exército, e a Marinha mobilizaram aeronaves para intensificar a busca pelos dois desaparecidos.

Os dois sumiram durante uma viagem de barco entre a comunidade ribeirinha de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. Como mostrou o Estadão, Pereira foi mencionado em um bilhete apócrifo com ameaças, escrito por pescadores ilegais que atuavam na área e dirigido à entidade para a qual o indigenista trabalhava.

Bruno estava na região ensinando matises, kanamaris, mayorunas, kulinas e marubos a vigiar a floresta e capturar imagens que comprovariam crimes na área. Razão pela qual estava ameaçado de morte. Ao desaparecer, levava à Polícia Federal um novo conjunto de diários, fotos, vídeos e informações georreferenciadas feitos pela equipe. O jornalista inglês, colaborador do The Guardian, que o acompanhava, percorre a Amazônia para a produção de um livro.

Há muito mais riqueza que peixes, ouro e madeira nos rios e florestas do Vale do Javari, região que concentra o maior número de comunidades isoladas do mundo. Com recentes descobertas de áreas de nióbio, potássio, manganês e óxido de tântalo em outras regiões da Amazônia, o território indígena no extremo oeste do País voltou a atrair a cobiça internacional. Possíveis campos de extração de gás e óleo na reserva de 85 mil quilômetros quadrados foram mapeados ainda nos anos 1980, quando a Petrobras realizou pesquisas de campo.

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Com Estadão 

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