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País ultrapassa a marca chega a 200 mil mortes por Covid-19 sem vacina e sob risco de repetir piores momentos da pandemia

Por Redação

BRASÍLIA (Reuters) – O número de mortos no COVID-19 no Brasil ultrapassou 200.000 nesta quinta-feira (7/2), disse o Ministério da Saúde, enquanto novos casos diários aceleraram para um recorde de 87.843 após feriados de fim de ano no país com o segundo surto mais mortal do mundo.

Especialistas alertam que o Brasil ainda não viu o auge de casos decorrentes de pessoas que comemoram Natal e Réveillon com amigos e familiares. Outros, incluindo o presidente Jair Bolsonaro, reservaram suas férias regulares na praia no auge do verão no hemisfério sul.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta quinta-feira que o país já está em uma segunda onda.

“É uma pena o que aconteceu no verão. O que esperamos é que a partir de 15 de janeiro, infelizmente, voltemos a enfrentar um estado crítico nos hospitais”, disse Rafael Deucher, médico do Paraná, onde ocupam 80% dos leitos de terapia intensiva pública.

Os imunologistas afirmam que vários fatores podem exacerbar a segunda onda. O Brasil ainda está a pelo menos três semanas de iniciar sua campanha de vacinação, segundo o governo, que tem sido amplamente criticado por não ter se movido tão rapidamente quanto outros países.

“As pessoas estão cansadas e não aderem mais às medidas preventivas por estresse psicológico, mas também pela falta de um discurso político unificado”, disse Alexandre Naime, chefe do departamento de doenças infecciosas da faculdade de medicina da Universidade Estadual Paulista.

“Há muita gente que é contra a ciência e a saúde pública, contra a máscara e a favor dos grandes encontros.”

O Brasil registrou 1.524 mortes adicionais nas últimas 24 horas, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Desde o início do surto, quase 8 milhões de pessoas foram infectadas, enquanto 200.498 morreram.

“Queremos oferecer nossa solidariedade a todas as famílias que perderam entes queridos”, disse o ministério em um comunicado.

No 2º semestre do ano passado, o país chegou a registrar queda na média móvel das mortes pela doença. Cidades e estados flexibilizaram restrições à circulação, e hospitais de campanha foram desmontados. Mas no final do ano os números voltaram aos patamares de setembro e preocupam especialistas.

A primeira morte pela doença no país aconteceu em fevereiro do ano passado. Nos meses seguintes, o número de óbitos subiu gradativamente, até que em junho foi atingido um estágio de platô com cerca de 1 mil mortes diárias.

Em 8 de agosto, 100 mil vidas haviam sido perdidas na pandemia. Mas em meados daquele mês, começou a ser observada uma tendência de queda nos números da tragédia. Cidades e estados flexibilizaram restrições à circulação, e muitos hospitais de campanha foram desmontados.

Em novembro, as mortes voltaram a aumentar – e, no início deste ano, o Amazonas voltou a reviver momentos difíceis da pandemia, com hospitais e cemitérios lotados. Nos últimos dias, Manaus atingiu recorde de novas internações, que superaram números registrados em abril e maio, quando houve colapsos no sistemas público de saúde e no funerário.

Nesta quarta-feira (6), Manaus registrou 110 enterros nos cemitérios, número que se aproxima do recorde registrado em 26 de abril do ano passado, quando houve 140 sepultamentos.

À espera da vacinação

Mais de 40 países já começaram a aplicar vacinas contra a Covid-19. O Reino Unido foi o primeiro a usar a vacina da Pfizer/BioNTech, seguido de Estados Unidos, Canadá, Arábia Saudita de Israel, além dos 27 países da União Europeia.

Os EUA também começaram a aplicar a vacina da Moderna. Outros países deram início a campanhas com a Sputnik V e as vacinas da Sinovac e da Sinopharm. Em todo o mundo, mais de 15 milhões de doses já foram aplicadas.

Entre os países com maior percentual da população vacinada, estão Israel, com 15%, e Emirados Árabes Unidos, com quase 8%.

No Brasil, o Instituto Butantan pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para uso emergencial da CoronaVac, a vacina produzida em parceria com o laboratório Sinovac. Mesmo sem ter recebido o aval, o governo de São Paulo prometeu começar a imunização a partir de 25 de janeiro. A taxa de eficácia da vacina foi divulgada nesta quinta: 78%, sendo 100% para casos moderados e graves.

O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira (7/2), contrato para compra de 100 milhões de doses de vacina do Instituto Butantan. Toda a produção do instituto será incorporada ao Plano Nacional de Imunização, para distribuição em todo o país.

Em janeiro, devem chegar ao Brasil 2 milhões de doses da AstraZeneca/Oxford produzidas na Índia. Esse imunizante foi testado em voluntários brasileiros e deve ser produzido pela Fiocruz. A importação, por R$ 59,4 milhões, foi autorizada pela Anvisa, mas ainda não há liberação para uso pela população. Quando começar a imunização, os primeiros a tomar as doses devem ser os profissionais de saúde.

Na semana passada, fracassou uma licitação do Ministério da Saúde para compra de seringas e agulhas para vacinação. O pregão previa a aquisição de 331 milhões de seringas, mas as empresas que participaram garantiram entrega de apenas 7,9 milhões. Elas reclamaram que o edital encomendava seringas e agulhas como um só produto e que os preços estavam abaixo dos praticados.

Nova variante do vírus

Em meio ao aumento de casos e mortes, nesta semana o Instituto Adolfo Lutz, referência em São Paulo, confirmou dois casos de uma nova variante do coronavírus no Brasil. Ela surgiu no Reino Unido, onde já representa mais de 50% dos novos casos diagnosticados, de acordo com a OMS.

Por enquanto, não há comprovação de que o vírus esteja mais forte ou cause uma versão mais grave da Covid-19. Mas um estudo médico divulgado no final de dezembro aponta que a nova versão é entre 50% a 74% mais contagiosa.

Segundo a OMS, ainda não há informação suficiente para determinar se a nova variante afetará a eficácia das vacinas – a entidade afirma que as pesquisas estão em andamento.

Da Redação do Agenda Capital

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