Paulo Octávio (PSD). Foto: reprodução

Em entrevista co Correio, Paulo Octávio afirma que é necessário “fazer um mutirão para gerar empregos na cidade de qualquer forma”.

Por Redação*

O pré-candidato ao Governo do Distrito Federal, Paulo Octávio (PSD), foi o primeiro da série de entrevistas que o Correio Braziliense fará com os postulantes ao Palácio do Buriti. O empresário destacou que não estava considerando ser candidato ao GDF, e que em outros momentos da vida política, teve que reconsiderar a candidatura para articular alianças partidárias.

O empresário, inicialmente, apoiava a reeleição de Ibaneis Rocha (MDB) e, hoje, ambos são rivais na disputa eleitoral. “Começou a nascer dentro do partido uma pressão muito grande, e todos, por unanimidade, diziam que queriam me apoiar para o governo. Nas minhas orações, senti que era o momento e falei ‘por que não ser candidato?’. Estou no momento da minha vida que posso tranquilamente dedicar toda a minha energia ao governo”, salientou, em conversa com a jornalista Ana Maria Campos.

CB – Sua candidatura foi definida nos momentos finais da convenção, onde estava se criando um clima para que você viesse como candidato ao Buriti. Como está a sua disposição de participar dessa campanha?

PO – Tem 32 anos que eu faço política sempre nos partidos políticos, como presidente (do partido) ou filiado, mas sempre participando da vida política de Brasília. Em 2002, eu queria ser candidato ao governo e, naquele momento, o governador (Joaquim) Roriz me chamou para um entendimento, e acabei indo como candidato ao Senado. Em 2006, na busca do entendimento, compreendemos que seria o melhor para a cidade juntar nossas forças (com José Roberto Arruda). Fizemos um entendimento que ele (Arruda) seria candidato em 2006, e eu em 2010. Ganhamos o primeiro turno (em 2006), e em 2010 eu não fui candidato, cenário parecido em 2014 e 2018 — neste último período fui muito convidado para ir ao Senado, pelo próprio governador Ibaneis — e agora, em 2022, estava analisando o quadro político, com o meu partido querendo se projetar na cidade, porque o partido é muito veiculado a Brasília, e que apoiou a construção da cidade. O partido (PSD) que foi do Juscelino (Kubitschek), que apoiou os cinco anos de governo de JK deu toda a sustentação moral, política e econômica para que todas aquelas metas fossem concretizadas. O partido foi interrompido em 1964 com a revolução, e resgatado por (Gilberto) Kassab — ex-prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD — em 2010. Eu tenho uma missão muita dura de fazer esse partido importante para o futuro da cidade e, por isso mesmo, um dos candidatos do partido é o meu filho, o André Kubitschek, que resgata um pouco da história de JK, colocando o seu nome, mesmo com 29 anos, a (deputado) federal.

CB – O seu vice, escolhido na convenção, é Luiz Felipe Belmonte. Ele é marido da deputada Paula Belmonte (Cidadania), que está em uma disputa judicial pela federação PSDB-Cidadania. Na sua opinião, ela vai acabar te apoiando? Mesmo que informalmente?

PO – A Paula Belmonte tem um trabalho muito bonito como federal, e é nova e determinada, voltada ao social. Quando foi criada a federação, criou-se essa confusão dentro da federação de quem seria candidato, e creio que foi um desgaste enorme para ambos (Izalci Lucas e Paula Belmonte). O PSC, que o Luiz Felipe Belmonte é presidente, esteve conosco e se prontificou para ir como vice. É um advogado competente, gosta de fazer política e tem o seu tempo determinado a isso, então (creio) que foi uma boa escolha tê-lo como candidato a vice-governador. A Paula, eu não sei qual o caminho que ela vai seguir dentro da federação e, logicamente, terminando a disputa, ela tende a nos apoiar dentro da nossa coligação, de maneira informal.

CB – É por isso que a vaga de vice não está formalizada? O nome do desembargador aposentado Carlos Divino foi anunciado na convenção, mas ainda não está formalizado isso?

PO – O desembargador é um dos grandes nomes novos para a política brasiliense. Ao meu convite, ele se incorporou ao partido e, inicialmente, pretendia disputar o cargo a deputado federal. É um homem ilibado que vai dignificar muito a nossa chapa e já estamos finalizando os acordos para suplente, para oficializarmos a candidatura dele ao Senado.

CB – Nesse final de semana, houve um encontro de vocês e outros partidos. Um desses, o PRTB, da Beth Cupertino, acabou fechando com o senador Izalci Lucas.

PO – É, ela esteve conosco e, inicialmente, protocolou apoio a nossa candidatura, mas, em seguida, teve o convite do Izalci para ser candidata a vice-governadora. Pelo que entendi no blog do CB.Poder, ela aceitou. Ela mandou uma nota para a gente se desculpando, porque é muito amiga da família Belmonte. Afirmou que tinha recebido um compromisso e achou que seria interessante ser candidata a vice-governadora com o senador Izalci. O PRTB é um caminho importante, e gostaríamos que estivessem conosco, mas a política é assim.

CB – Tive a impressão, durante o debate do Grupo Bandeirantes, que o governador Ibaneis Rocha se incomodou com a sua candidatura, até pelo tom que ele adotou em algumas perguntas. Você sente isso? A sua candidatura atrapalha a dele de alguma forma, já que são do mesmo campo?

PO – Eu senti que as perguntas foram pertinentes, e a pergunta que ele me fez foi sobre a minha vida empresarial, e fui bem claro na minha resposta. É a primeira vez que Brasília tem um candidato ao governo, que pode ser governador, que é empresário. Eu sou empresário, e se eu for gerir Brasília, será de uma visão muito consistente, com planos e metas objetivas, (além) de muito trabalho. Da mesma forma que desempenhei uma vida empresarial, que gerei várias carteiras de trabalho e atividades econômicas para a cidade, logicamente, assumindo um cargo de governo, eu me desvinculo da empresa e, felizmente, tenho quatro filhos, e dois deles já estão na empresa. Tenho 32 anos de política; 60 anos de Brasília; participei do governo Roriz ativamente; fizemos as grandes mudanças daquele momento, com um governo diferenciado, criando cidades novas, como Samambaia, Recanto das Emas, Paranoá. Eu trago toda essa história dos governos Roriz e Arruda. Toda a história da minha gestão como secretário, deputado federal e senador. É uma experiência que nos dá uma luz, uma visão abrangente de todos os cantinhos da cidade.

CB – No debate, você disse que Brasília já teve governador fazendeiro, advogado, médicos, e até  professor. No debate, você disse que era a hora de Brasília ter um empresário. É isso que pode fazer a diferença? Já que você sabe como gerar emprego.

PO – Não quero desqualificar nenhuma profissão, porque todas são importantes. Acho que é uma visão diferente, (porque) o empresário é muito pragmático, objetivo. Ser objetivo no momento de crise é importante. Se eu for eleito, eu vou ter que trabalhar 12 horas por dia e tenho consciência disso. Vou seguir as metas que vou estimular com unhas e dentes, até porque estou com 72 anos de idade, e já realizei muita coisa na minha vida. Estou preparado e pronto, e hoje o que me resta é ajudar a cidade, que eu amo e onde nasceram os meus filhos, além da minha empresa que vai fazer 50 anos. Não vou confundir jamais a vida empresarial com a vida governamental, como um professor não misturou as coisas, como um médico não misturou as coisas. É experiências e visões diferentes, e eu não posso esconder nada do meu passado, nada da minha história e nada da minha profissão. Eu sou empresário desde os 17 anos, e montei a minha empresa quando tinha 25 anos. Acho que o brasiliense quer uma gestão muita antenada, (querem) um governador muito ativo, 24 horas no ar. Aqui, você é governador e prefeito, porque você pode estar fazendo coisas grandes e, ao mesmo tempo, resolvendo um problema de vazamento de água em uma rua qualquer. É muito abrangente e desgastante a função de governador e, por isso, sempre defendi e foi o primeiro projeto que fiz em 1998, logo depois que Fernando Henrique Cardoso foi eleito (presidente), fiz um projeto de lei pedindo o fim da reeleição, com mandatos de cinco anos. Creio que cinco anos é o tempo exato para se fazer um bom governo.

CB – Por que não apoiar a reeleição do governador Ibaneis? Uma vez que ele foi seu aliado, e seu amigo, e tiveram uma boa relação ao longo dos últimos quatro anos. Por que não apoiá-lo e, sim, lançar a sua própria candidatura?

PO – Eu não estava pensando em ser candidato ao governo, e não estava me preparando para isso. Como presidente do partido, comecei a circular muito por Brasília, ouvir demandas da cidade e, com a experiência que eu tenho, e a incumbência que me foi dada, presidindo um partido e agregando 40 candidatos iniciais a deputado distrital, e oito a nove a federal. Começou a nascer dentro do partido uma pressão muito grande, e todos, por unanimidade, diziam que queriam me apoiar pro governo. E, também, fazendo minhas orações, (porque) peço muito a proteção de Deus na minha vida, minha família é muito religiosa. Temos um sentimento de fraternidade e de confiança em Deus. Sentindo, nas minhas orações, senti que era o momento e falei “por que não?”. Estou no momento da minha vida que posso tranquilamente dedicar toda a minha energia ao governo. Tenho experiência; tenho conhecimento; o partido quer; a família quer; e os amigos querem. Agora é o momento. Quero ser o primeiro governador evangélico de Brasília.

CB – O que você pode fazer de diferente? O que vai marcar o seu mandato e que não tem no governo atual?

PO – Eu não tenho críticas aos governos anteriores, creio que todos eles cumpriram o seu papel. O desenvolvimento econômico é fundamental, porque não quero viver em uma cidade que tem 260 mil pessoas desempregadas. Tem pessoas que estão sem alimentação, e a verdadeira cidadania é a carteira de trabalho assinada, de ter o compromisso de ter o salário em dia e ser respeitado, o que não tem acontecido. Temos que fazer um mutirão para acabar com isso, gerando empregos na cidade de qualquer forma. Eu entendo bastante de gerar empregos e acho que dá para buscar novas energias de empresas de fora, dá para pedir sensibilidade aos empresários locais para abrigarem mais pessoas, porque se eu posso, vamos melhorar e diminuir a taxa de desemprego.

CB – Brasília é uma cidade que depende muito do governo federal. Independentemente de quem ganhar a eleição nacional — bastante polarizada entre Bolsonaro e Lula. Se você for eleito, terá uma boa relação com quem assumir o Palácio do Planalto?

PO – Brasília tem um diferencial. Lá atrás, na minha primeira eleição, fui um dos articuladores do Fundo Constitucional do DF, e se hoje temos saúde, educação e segurança mantidas, é porque foi uma criação nossa lá atrás. O governador de Brasília (Ibaneis Rocha) tem uma relação muito próxima com o presidente (Jair Bolsonaro) e ele tem que ter canais de comunicação com ele. Não quero que o cidadão brasiliense, por uma rivalidade com o presidente, perca ajudas que o governo federal pode dar. Acho que a sinergia entre o governador do DF e o presidente da República é muito grande, tanto é que lá atrás não tivemos eleição. A primeira foi em 1990, e ficamos 30 anos em uma cidade sem democracia.

CB – O fato do PSD não ter candidato próprio na disputa ao Palácio do Planalto facilita para algum acordo no próximo governo?

PO – Eu tenho conversado muito com o Kassab para saber qual a decisão final ainda do primeiro turno, se o partido vai tomar rumo em uma das candidaturas. Estou aguardando, as eleições começam dia 15 e lá começa a marcha para as campanhas. No DF, grande parte dos filiados, são apoiadores de Bolsonaro.

CB – Além da sua candidatura, a família também aposta no André Kubitschek.

PO – Eu tenho quatro filhos, e falei: “Poxa, ficaria muito honrado se algum deles dedicasse a vida pública”. O primeiro falou que de jeito nenhum; a segunda filha também não; o terceiro, que é o Felipe também disse que não, afirmando que gosta da vida empresarial; e o quarto, que é o André (Kubitschek) e caçula, desde os 18 e 19 anos, se interessou muito pela vida política, acompanha a eleição americana e brasileira, e tem acertado todas as previsões para presidente e, para a minha surpresa, vem com força, porque está andando por Brasília toda. Acho que dentro da nova geração da política brasiliense, ele é uma revelação e um dia estará governando a cidade. Ele tem o fardo que leva o nome do JK.

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*Com informações do CB

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