Dr. Gutemberg Fialho, presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal. Foto; Delmo Menezes / Agenda Capital

Nos hospitais e unidades de saúde, uma regra deve ficar clara e ser levada a sério. Não dá para deixar no mesmo ambiente pessoas com suspeita de Covid-19 e pacientes com outras comorbidades.

Por Dr. Gutemberg Fialho*

Com mais de 236 mil contaminações e aproximadamente 4 mil mortes por Covid-19, segundo dados da Secretaria de Saúde, o Distrito Federal deve seguir em alerta para conter a doença. Há 11 meses, a comunidade científica do mundo todo afirma: o principal modo de conter o vírus e, com isso, decrescer a taxa de propagação, é o distanciamento social. Portanto, enquanto não surge a tão esperada vacina, é preciso reduzir o contato físico entre as pessoas. Para isso, sabemos, a conscientização ainda é a melhor estratégia. 

As aglomerações devem ser contidas pelo poder público. Isso significa que, além de fiscalizar o comércio e cobrar o controle de clientes dentro de seus espaços, é preciso levar em consideração que, para algumas pessoas, como as que dependem do transporte público para trabalhar, por exemplo, a única saída é ofertar ônibus em quantidade suficiente. Reduzir a frota de ônibus não faz a necessidade de locomoção cair. O contrário disso, no entanto, diminui as chances de contágio no transporte coletivo. 

Além da conscientização da população, que deve, na medida do possível, evitar aglomerações e usar, obrigatoriamente, as máscaras de maneira correta (cobrindo nariz e boca), é necessário pensar para além do tratamento. Ou seja, há uma série de medidas prévias que podem, sim, diminuir o impacto da segunda onda da doença. A começar pela vigilância epidemiológica. Ou seja: diagnóstico precoce, com testagem em massa, e monitoramento de contatos. Na Alemanha, por exemplo, esse trabalho teve ajuda da tecnologia, por meio de um aplicativo. 

Nos hospitais e unidades de saúde, uma regra deve ficar clara e ser levada a sério. Não dá para deixar no mesmo ambiente pessoas com suspeita de Covid-19 e pacientes com outras comorbidades. É preciso distinguir os ambientes e informar a população sobre esse direcionamento. Os hospitais de referência também são ferramentas imprescindíveis no controle e combate à doença: bem abastecidos de insumos, equipamentos de proteção individual e recursos humanos, vale ressaltar.

Por falar nisso, a monitorização da taxa de ocupação de leitos é outro fator que contribui, e muito, no controle da doença enquanto a vacina não chega ao Brasil. Por isso, as estatísticas sobre o número de casos devem ser atualizadas com fidedignidade. Elas guiam as ações e, por meio delas, é possível saber a quantidade ideal de leitos de UTI exclusivos para a Covid-19. Nem mais e nem menos. 

E diante da expectativa da chegada, em breve, de uma vacina contra a doença, a estrutura para o armazenamento desses imunizantes deve estar em dia. No DF, esse é um dos maiores desafios para que a imunização dos brasilienses ocorra de forma segura e eficaz. Segundo a Secretaria de Saúde, contudo, há um plano estratégico em andamento, que prevê a “estruturação do setor de compras públicas, objetivando a aquisição de seringas e contratação de câmaras frigoríficas; e seleção de profissionais de saúde da própria rede pública para a aplicação das vacinas”.

O uso consciente, transparente e correto dos recursos públicos soma-se à lista de combate a uma segunda onda no DF. Como são parcos, devem ser meticulosamente utilizados, oferecendo, de fato, acesso à saúde pública: uma conquista da nossa Constituição e um direito de todos. A pandemia não acabou. Preparar e orientar a população e os profissionais de Saúde para o que ainda está por vir não é exagero, é precaução.

*Dr. Gutemberg Fialho – Médico ginecologista e obstetra, atua em perícias médicas e detém o registro da Ordem dos Advogados do Brasil, com especialização em direito médico. É membro titular da Academia de Medicina de Brasília, presidente do SindMédico-DF e presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam). Colunista semanal do Agenda Capital.

(Há opinião de nossos colunistas não representam necessariamente a linha editorial do Agenda Capital)

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