Líderes partidários selam apoio do PSDB a Simone Tebet; com suspeita de covid, senadora participa de reunião por videoconferência Foto: Reinaldo Takarabe/Divulgação.

Coligação em torno da senadora emedebista terá apoio formal da sigla tucana, que, pela primeira vez desde 1989, não lançará candidato próprio na disputa presidencial

Por Redação

BRASÍLIA – O PSDB vai anunciar oficialmente nesta quinta-feira, 9, o apoio à pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) ao Palácio do Planalto. O acordo foi fechado nesta quarta-feira, 8, em reunião no gabinete do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), nome que será indicado mais adiante para vice da chapa. Com a aliança, três partidos de centro – MDB, PSDB e Cidadania – entram na corrida eleitoral com a proposta de representar a terceira via, uma alternativa à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A formalização do acerto passará pelo crivo da Executiva do PSDB, que vai se reunir nesta quinta, em Brasília, com participação virtual de Tasso. Pela primeira vez desde 1989, os tucanos não terão candidato próprio na disputa presidencial e vão apresentar o vice na chapa.

Para não avançar o sinal, porém, o presidente do partido, Bruno Araújo, tentou fazer segredo sobre o vice. “Temos um nome que aglutina muito, que é o do senador Tasso Jereissati. Mas vamos aguardar o momento oportuno para o anúncio de quem comporá a chapa”, afirmou. “Os dois (Simone e Tasso) sempre foram próximos e é claro que esse fator também fortalece as negociações em torno do vice.”

A construção da chapa da terceira via foi marcada por vários atritos e o apoio do PSDB a Simone acabou sendo confirmado 17 dias após o ex-governador de São Paulo João Doria anunciar a desistência de sua pré-candidatura. Doria venceu as prévias do PSDB, em novembro do ano passado, mas foi pressionado pela cúpula tucana a abrir mão da disputa, sob o argumento de que não decolava nas pesquisas. O alto índice de rejeição também estaria atrapalhando o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que disputa novo mandato.

Simone tem no máximo 3% das preferências do eleitorado, de acordo com os últimos levantamentos, mas apoiadores observam que ela tem potencial de crescimento por ainda ser desconhecida.

Mesmo tendo conquistado o apoio dos tucanos, Simone enfrenta resistências no próprio MDB. Uma ala do partido, sobretudo no Nordeste, quer apoiar Lula, favorito nas pesquisas. A outra, concentrada no Sul, está com Bolsonaro. O próprio PSDB também está dividido: a maioria da bancada federal do partido e parte de sua base é próxima ao presidente. A ala mais ligada à velha guarda, no entanto, dialoga com Lula.

No mês passado, o ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira, filiado ao PSDB há 25 anos, disse que apoiará o petista no primeiro turno. “O segundo turno já começou”, afirmou Aloysio ao Estadão, mesmo antes da desistência de Doria. “Tenho muito carinho pela Simone, mas vamos fazer campanha para ela (…) para quê?”

A expectativa da cúpula tucana, no entanto, é de que apenas o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) vote contra Simone na reunião desta quinta-feira. Integrante da Executiva e aliado do mineiro, o ex-prefeito de Belo Horizonte Pimenta da Veiga disse ser favorável à aliança com o MDB. “Sou a favor e, se o Tasso aceitar, deve ser o vice”, afirmou ele ao Estadão.

Além de Tasso e de Araújo, os presidentes do MDB, Baleia Rossi; do Cidadania, Roberto Freire; o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), o secretário-geral do PSDB, deputado Beto Pereira (MS), e o ex-governador Germano Rigotto, coordenador do programa de governo de Simone, participaram da reunião de ontem que sacramentou o acordo. Simone entrou por videoconferência porque está com suspeita de ter contraído covid-19.

Como contrapartida para o apoio a Simone, o PSDB exigiu a adesão do MDB à candidatura de Eduardo Leite ao governo do Rio Grande do Sul. A ideia é que o deputado estadual Gabriel Souza (MDB) desista para ser candidato a vice de Leite, que foi governador e deixou o cargo em março quando ensaiou uma investida na disputa pelo Planalto.

Depois de São Paulo, Estado que o PSDB governa desde 1995, o Rio Grande do Sul é uma das principais apostas dos tucanos nas eleições. O MDB gaúcho ainda não oficializou o apoio a Leite, mas deixou as portas abertas para uma composição.

Na lista das exigências do PSDB para fechar acordo com Simone também estavam os palanques de Pernambuco, Minas Gerais e Mato Grosso, mas não houve acordo. Após várias negociações, os tucanos admitiram que o MDB não conseguiria ceder nesses Estados.

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) tentou compor com Simone, mas não abriu mão de ser cabeça da chapa. Além de Doria, outros candidatos da terceira via ficaram pelo caminho. O ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) teve a candidatura abortada por seu próprio partido, que lançou o deputado Luciano Bivar, presidente da legenda, à Presidência.

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Com Estadão

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