Foto: Reprodução

Por Delmo Menezes*

Estamos vivendo dias difíceis em meio a pandemia do novo coronavírus que veio para mudar hábitos, provocando ansiedade e problemas financeiros graves nas famílias.

Quem nunca recebeu um telefonema do telemarketing oferecendo alguma coisa aparentemente vantajosa. Propagandas bem elaboradas, programas de crédito facilitado, (principalmente se você não estiver negativado), uma enxurrada de telefonemas, WhatsApp e e-mails com novidades, são um verdadeiro apelo a gastar.

A fonte de muitos problemas enfrentados pelas famílias está no mau uso do dinheiro e no abuso do crédito fácil. A internet disponibiliza todo tipo de propaganda para fazer uso do seu cartão de crédito e cair numa armadilha.

O limite entre a compulsão e o consumismo está justamente no impacto negativo que o ato de comprar gera na vida das pessoas. Se após a compra a pessoa se sente mal, tudo indica que há um problema.

Aquele que compra compulsivamente tem prejuízos em vários aspectos da vida e se sente perdido quando não pode comprar mais nada. É uma situação perigosa, pois abre caminho para o desenvolvimento de outras compulsões, como por bebidas alcoólicas e drogas, alerta Rogério Panizzutti, psiquiatra e professor da UFRJ.

Existe uma passagem bíblica que diz: “Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos”. (1Tm.6:10).

Todos estamos cientes da importância do dinheiro para a sobrevivência da família. No entanto, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Nesta importante passagem bíblica, Jesus diz que a busca das riquezas poderia exigir uma dedicação tão grande, quanto Deus exigia de seus servos. Seria, portanto, impossível servir aos dois ao mesmo tempo (a Deus e ao dinheiro). Quando o dinheiro se torna um “deus” na vida do homem, tal pessoa é capaz de usar até meios ilícitos para obtê-lo ou usá-lo. É o que está acontecendo nestes tempos terríveis em que estamos passando.

Explorando a desgraça alheia em tempos de pandemia

Com a decretação de estado de calamidade pública, praticamente em todos os estados do Brasil devido a Covid-19, é permitido que o governo autorize contratação direta com dispensa de licitação. Com isso, temos visto diariamente governantes e gestores serem presos ou alvos de investigações por mau uso do dinheiro público, devido a facilidade de adquirir equipamentos e insumos sem licitação.

Estas práticas ilícitas exploram a desgraça alheia em meio às inúmeras mortes espalhadas pelo país provocadas pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A tentação é tão grande que muitos mentem e enganam com a finalidade de obter lucros e vantagens pessoais.

Essas práticas ilícitas geram uma péssima imagem ao nosso país, pois o resultado da corrupção e o lucro desonesto, fazem com que o dinheiro público perca sua finalidade que é prestar um serviço de qualidade à nossa população. Isto aumenta a miséria e a pobreza, pois vai fazer falta nos investimentos em educação e saúde dentre outros.

A corrupção por si só, já é um desastre para as finanças do país. Neste caso em tempos de pandemia, afeta a todos principalmente quem não tem plano de saúde, e depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde, que como todos sabem está a beira da UTI.

Voltando ao tema central: o que fazer? É necessário união e compreensão entre os membros da família. Se todos tiverem afeição e confiança entre si, se houver altruísmo, tolerância e respeito como base para seu relacionamento, a família conseguirá superar seus problemas financeiros. É preciso que todos saibam fazer a diferença entre aquilo que é necessário e o que é supérfluo, cooperando-se mutuamente.

Deve-se ter uma atitude equilibrada com relação ao dinheiro. Ele não deve ser encarado como um fim em si mesmo. É apenas um meio pelo qual se alcançam alguns valores da vida. Por outro lado, não podemos minimizar sua importância. É justo que se trabalhe, se esforce e que se poupe certa quantidade para momentos imprevisíveis e para outras necessidades da vida. Economizar visando a um futuro melhor para os filhos é um dever dos pais, e os filhos aprenderão a gastar construtivamente dando a devida importância ao dinheiro.

É preciso entendermos que ganhar dinheiro em si não é errado, e sim as possíveis atitudes e inclinações do nosso coração. Alguém disse que uma pessoa pode ser milionária e não ter amor ao dinheiro, e outra pode ser pobre, porém gananciosa.

*Delmo Menezes – Gestor público, jornalista, teólogo e editor-chefe do portal de notícias Agenda Capital

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