Deputada Distrital Júlia Lucy, autora da Lei nº 6.895/2021, que assegura a todas as crianças nascidas nos hospitais da rede pública, o direito ao diagnóstico de Atrofia Muscular Espinhal (AME). Foto: Agenda CapitalLucy. Foto: Agenda Capital

“O racismo é um problema flagrante no Brasil, que é estrutural da nossa sociedade e precisa ser veementemente combatido”, diz Júlia Lucy

Por Delmo Menezes

Cientista política pela Universidade de Brasília, especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, com MBA em gestão de projetos. Servidora pública desde os 18 anos, já integrou os quadros da Polícia Federal, da Capes, e, hoje é servidora licenciada do Conselho Nacional de Justiça. Atualmente Júlia Lucy exerce o mandato de deputada distrital.

Nesta entrevista exclusiva ao portal de notícias Agenda Capital, Júlia Lucy fala do desafio de compatibilizar a carga de trabalho com a vida pessoal. A deputada de primeiro mandato se orgulha de ter uma equipe técnica e sem influência política. Questionada sobre a Vacina para o combate a Covid-19, a parlamentar apoia o desenvolvimento da vacina e uma política de distribuição para todos aqueles que desejam ser vacinados. A deputada defende o retorno as aulas presenciais.

Leia a íntegra da entrevista:

AC – No seu site consta que a senhora economizou desde o início do mandato o valor de R$ 2.528.263,00. Onde serão aplicados estes recursos?

Dep. Julia Lucy – O montante economizado pelo mandato permanece à disposição no orçamento da Câmara Legislativa. Tenho o mandato mais barato da CLDF porque não utilizo verba indenizatória, cota postal, telefone institucional ou qualquer benefício, além de utilizar apenas 50% do valor disponível para contratação de assessores. Essa economia é para que a Câmara possa devolver esses recursos ao GDF para que sejam investidos em educação e em saúde.

AC – Nesses 02 anos como parlamentar, a senhora tem adotado uma postura independente na CLDF, votando em várias ocasiões junto com a base governista. Em 2021 a deputada vai manter o mesmo posicionamento?

Dep. Júlia Lucy – Trabalho de forma independente, apoiando as iniciativas do governo que são boas para a sociedade e sendo contrária aquilo que avalio não ser bom. Seguirei a mesma postura, votando o que é bom para a cidade e denunciando aquilo que não é bom.  O partido Novo tem essa cultura de independência, seus dirigentes não são mandatários e nem possuem vínculo com eles, o que nos deixa bem à vontade para defender posicionamento com a devida isenção e transparência.

AC – Com o aumento de números de casos e óbitos pela Covid-19 a senhora tem manifestado apoio ao retorno das aulas presenciais na rede pública de ensino. Já que estamos próximos de uma vacina no primeiro semestre de 2021, não seria mais prudente aguardar um pouco mais?

Dep. Júlia Lucy – A pandemia da Covid-19 é mundial e o Brasil é o país que mais tempo ficou sem aulas em 2020. Isso gera uma diferença, ainda maior, entre crianças e adolescentes mais e menos favorecidos, além do enorme prejuízo para os estudos dos jovens, em especial, aos que não conseguem ter acesso à internet e as aulas virtuais. 

Além disso, estudos internacionais comprovam que a retomada das aulas não teve impacto no aumento de casos de Covid-19. Por defender a retomada de todas as atividades comerciais e escolas, destinei R$ 1 milhão para construção de lavatórios nas entradas das escolas e mais R$ 1 milhão para compra de EPIS e equipamentos para o combate ao Covid-19.

AC – A vacina contra a Covid-19 tem se tornado um debate ideológico que acaba prejudicando a população. Qual a sua opinião a respeito da vacina?

Dep. Júlia Lucy – O desenvolvimento da vacina é essencial para que possamos ter uma ferramenta de combate à pandemia. Defendo que haja um planejamento para compra de vacinas e uma política de distribuição para todos aqueles que desejam ser vacinados, assegurando a liberdade daqueles que, por alguma razão, não querem tomar a vacina.

AC – Semana passada, por ocasião de um jogo de futebol na Europa entre o PSG e o Istanbul, os dois times deixaram o campo após o 4º árbitro ser acusado de racismo. Como a deputada avalia esta questão do racismo no Brasil e no mundo?

Dep. Júlia Lucy – O racismo é um problema flagrante no Brasil, que é estrutural da nossa sociedade e precisa ser veementemente combatido. É um crime inafiançável e as pessoas que foram condenadas por racismo precisam sofrer o rigor da lei. É sempre muito necessário fazer campanhas publicitárias, no sentido de demonstrar à população atos, falas e exemplos de conscientização, que tragam em si uma campanha antirracismo.

A melhor forma de combater o racismo é dando oportunidade de acesso à educação de qualidade para todos os cidadãos brasileiros. A partir do momento em as pessoas tenham condições de se capacitar e se desenvolver, teremos negros ocupando espaços de decisão, espaços políticos e de destaque na sociedade.

Não vejo a política de cotas como capaz de resolver esse problema que é estrutural. Pelo contrário, acirra as diferenças de raça e acaba colocando um cidadão contra o outro.

AC – Devido a pandemia as sessões da CLDF têm sido virtuais. Isso tem influenciado nas votações e aprovações de projetos importantes?

Dep. Júlia Lucy – Com certeza faz diferença uma sessão ser virtual ou presencial. Presencialmente é mais fácil conversar com os colegas, apontar os pontos de vista e tem a participação direta da sociedade. Mas isso não tem dificultado a votação de projetos importantes para nossa cidade.

AC – Nesses dois anos na CLDF, qual foi seu maior desafio como deputada de primeiro mandato?

Dep. Júlia Lucy – O maior desafio é compatibilizar a carga de trabalho com a vida pessoal. Como eu gosto do meu trabalho e da missão de representar o povo do Distrito Federal é natural que eu estenda a minha rotina de trabalho por muitas horas e acabo até esquecendo de cuidar da minha saúde.

O processo de adaptação no trato com as questões políticas, com os colegas parlamentares e com as vertentes ideológicas diferentes é, também, um grande desafio.

AC – Nas eleições municipais deste ano, o Novo teve um desempenho pífio nas urnas. A que a senhora atribui este resultado?

Dep. Júlia Lucy – Discordo radicalmente quanto a afirmação de que o partido Novo teve desempenho pífio. O partido decidiu concorrer em apenas 35 prefeituras, em um país que tem 5.570 municípios. O partido pouco se colocou em disputa, conseguindo eleger o prefeito de Joinville, cidade mais importante de Santa Catariana, sem coligação, sem uso de dinheiro público. Na verdade, foi um desempenho muito bom.

Quando analisamos nossa taxa de vereadores eleitos aumentou quase 10 vezes. O Novo não é um partido que lança muitos candidatos, que faz processo seletivo e que muitas vezes nem chega a completar a nominata por conta disso. Nosso desempenho foi satisfatório.

AC – De 01 a 10 qual nota a senhora daria para atuação da Câmara Legislativa? E para sua atuação?

Dep. Júlia Lucy – Nota 7. Entendo que a Câmara pode ser um pouco mais independente em relação ao governo. Ao mesmo tempo, ela vota com celeridades os projetos, está sempre atenta às necessidades da população e vem modernizando sua forma de trabalhar, sendo cada vez mais transparente.

A nota que dou para mim é nota 8. Tenho a plena convicção de que trabalho da forma maneira possível, eu e toda minha equipe, servindo ao cidadão do Distrito Federal com a maior presteza, com a maior agilidade, sempre com embasamento técnico e de forma independente.

Como sou muito nova ainda na política, tenho certeza de que tenho muito o que aprender e melhorar. Mas dentro do que eu sou hoje, dou o meu melhor. Aquele aluno que é bom, mas tem consciência e humildade de reconhecer que pode avançar muito ainda. 

AC – Em 2022 vai concorrer à reeleição ou pretende alçar voos mais altos?

Dep. Júlia Lucy – Em 2022 foi me lançar ao cargo que for melhor para o meu partido e meu grupo político. Até o momento ainda não temos uma definição.

Da Redação do Agenda Capital

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