Bruxelas se orgulha de fornecer ajuda militar, mas Moscou pode vê-la como uma intervenção perigosa

Por Steven Erlanger, The New York Times, O Estado de S.Paulo

BRUXELAS – Os holandeses estão enviando lançadores de foguetes para defesa aérea. Os estonianos, mísseis antitanque Javelin. Os poloneses e os letões, mísseis terra-ar Stinger. Os tchecos, metralhadoras, rifles de precisão, pistolas e munição.

Mesmo países anteriormente neutros, como Suécia e Finlândia, estão enviando armas. E a Alemanha, há muito alérgica ao envio de armas para zonas de conflito, está enviando Stingers, bem como outros foguetes lançados pelo ombro.

Ao todo, cerca de 20 países – a maioria dos membros da Otan e da União Europeia, mas não todos – estão canalizando armas para a Ucrânia para combater invasores russos e armar uma insurgência, se a guerra chegar a esse ponto.

Ao mesmo tempo, a Otan está movendo equipamentos militares e até 22 mil soldados a mais para os Estados-membros que fazem fronteira com a Rússia e Belarus. A invasão russa da Ucrânia, maior ameaça à segurança europeia das últimas décadas, uniu os países do continente.

“A segurança e a defesa europeias evoluíram mais nos últimos seis dias do que nas últimas duas décadas”, afirmou Ursula von der Leyen, presidente do braço executivo da União Europeia, em discurso ao Parlamento Europeu nesta terça-feira. Bruxelas se moveu para “europeizar” os esforços dos Estados-membros e posicionar o bloco como um ator militar significativo.

Risco de uma guerra ampla

Mas se o armamento europeu continuará a chegar ao campo de batalha ucraniano a tempo de fazer alguma diferença, já não se sabe. Por mais orgulhosa que Bruxelas esteja de seu esforço, a estratégia corre o risco de encorajar uma guerra mais ampla e uma possível retaliação de Putin. A corrida de ajuda militar letal para a Ucrânia da Polônia, membro da Otan, visa, afinal, matar soldados russos.

Putin já vê a Otan comprometida em ameaçar ou mesmo destruir a Rússia por meio de seu apoio à Ucrânia, como ele repetiu em seus discursos recentes, mesmo após levantar o alerta nuclear de suas próprias forças para lembrar a Europa e os Estados Unidos dos riscos de uma interferência.

As guerras mundiais começaram por causa de conflitos menores, e a proximidade da guerra em relação aos aliados da Otan traz o perigo de atrair outras partes de maneiras inesperadas.

*Com Estadão 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here