Nicolás Maduro, porém, não dá qualquer sinal de recuo e disse já ter preparado dois presídios de segurança máxima para receber as mais de mil pessoas presas em protestos
Por Redação
Um dia após o governo americano sinalizar que estava perdendo a paciência com a Venezuela, devido à demora na apresentação das atas de votação das eleições do último domingo, o secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou em comunicado que o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado por Nicolás Maduro, “não representa a vontade do povo venezuelano” e parabenizou o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, “pelo sucesso de sua campanha”.
Os Estados Unidos, assim como o Brasil, não haviam reconhecido a reeleição de Maduro e cobravam a apresentação dos boletins eleitorais. No texto, Blinken afirma que a rápida declaração do CNE de que Maduro venceu o pleito com 51,2% dos votos não apresentou quaisquer provas. E destaca que a oposição, por outro lado, publicou mais de 80% das atas recebidas diretamente das assembleias de votação. “Essas atas indicam que Edmundo González Urrutia recebeu o maior número de votos nesta eleição por uma margem intransponível.
Observadores independentes corroboraram estes fatos e este resultado foi também apoiado pelas sondagens de boca de urna e pelas contagens rápidas no dia das eleições. Nos dias que se seguiram às eleições, consultamos amplamente parceiros e aliados em todo o mundo e, embora os países tenham adotado abordagens diferentes na resposta, nenhum concluiu que Nicolás Maduro recebeu o maior número de votos nestas eleições”, afirma Blinken. “Agora é a hora de as partes venezuelanas iniciarem discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica, de acordo com a lei eleitoral do país e os desejos do povo.”
Pouco antes, os governos de Brasil, Colômbia e México divulgaram uma nota conjunta sobre as eleições na Venezuela. O texto cobra das autoridades eleitorais a apresentação dos dados da votação e sua verificação imparcial e defende que os questionamentos ocorram por “vias institucionais”. “Acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação”, diz o comunicado, que estava sendo discutido pelos três países desde segunda-feira e dependia de um alinhamento diplomático sobre pontos como a forma de cobrar a apresentação das atas de votação, mantendo o respeito à soberania da Venezuela.
Antes de o texto conjunto ser divulgado, o presidente Lula conversou com seus colegas Manoel Lopez Obrador, do México, e Gustavo Petro, da Colômbia, sobre a crise eleitoral na Venezuela. E, mais cedo, Maduro pediu ao Palácio do Planalto uma conversa telefônica com Lula. Segundo a Presidência da República, não há previsão de um diálogo entre os dois. Caso ocorra, o telefonema será o primeiro contato direto Lula e Maduro desde o pleito do último domingo.
Em artigo publicado no Wall Street Journal, a líder da oposição venezuelana María Corina Machado afirma estar escondida e temer por sua vida. Ela reitera a derrota de Maduro, por 67% a 30%, e diz que sabia que ele fraudaria os resultados. “Nós, venezuelanos, cumprimos nosso dever. Votamos pela saída de Maduro. Agora, cabe à comunidade internacional decidir se tolera um governo comprovadamente ilegítimo. A repressão deve A repressão deve parar imediatamente, para que possa ser alcançado um acordo urgente que facilite a transição para a democracia”, escreve.
Nicolás Maduro, porém,não dá qualquer sinal de recuo e disse já ter preparado dois presídios de segurança máxima para receber as mais de mil pessoas presas em protestos desde a madrugada do último domingo. “Temos mais de 1.200 capturados e estamos procurando mais 1.000 e vamos pegar todinhos porque eles foram treinados nos Estados Unidos, no Texas; na Colômbia, no Peru e no Chile”, afirmou.
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Com G1/Meio/CNN