Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, preso em agosto de 2020 durante a Operação Falso Negativo. O objetivo é verificar a adequada aplicação dos recursos federais repassados ao GDF em razão da pandemia de covid-19. Mesa: advogado Cleber Lopes de Oliveira; ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo Filho; presidente da CPIPANDEMIA, senador Omar Aziz (PSD-AM); relator da CPIPANDEMIA, senador Renan Calheiros (MDB-AL). Em pronunciamento, à bancada, Foto: Pedro França/Agência Senado

Francisco Araújo afirmou que hospital de campanha fechou após cumprir prazo estabelecido em contrato e nega relação com a Precisa. Depoimento durou cerca de 3h30 e não teve a participação do relator Renan Calheiros (MDB) e do presidente Omar Aziz (PSD).

Por Redação

Em depoimento à CPI da Covid-19 na tarde desta quinta-feira (2/9), o ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo Filho afirmou que não tem relação com qualquer pessoa ligada à Precisa Medicamentos, empresa envolvida em negociações suspeitas para a compra de vacinas pelo Ministério da Saúde.

No Distrito Federal, a empresa foi a vencedora de licitação para venda de 150 mil testes de detecção de Covid. A compra, apontada como superfaturada, colocou o ex-secretário no radar do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).

Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, preso em agosto de 2020 durante a Operação Falso Negativo. O objetivo é verificar a adequada aplicação dos recursos federais repassados ao GDF em razão da pandemia de covid-19. Mesa: advogado Cleber Lopes de Oliveira; ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo Filho; presidente eventual da CPIPANDEMIA, senadora Leila Barros (Cidadania-DF); senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Foto: Pedro França/Agência Senado

“Não tenho nenhum tipo de relacionamento com a Precisa Medicamento. Não conheço os donos da empresa, eles participaram de um certame, como todos os outros”, declarou.

Em resposta a Reguffe (Podemos-DF), Francisco Araújo Filho detalhou melhor sua chegada à Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Disse que foi apresentado a Ibaneis Rocha (MDB), hoje governador, em um almoço com Adeílson Cavalcante no Ministério da Saúde; e que entrou para a equipe de transição de Ibaneis no final de 2018, pela mão do então deputado federal Vitor Paulo (PRB-DF).

Reguffe recapitulou as denúncias contra Araújo, e criticou-o por não ter mencionado a Ibaneis um processo por improbidade administrativa contra si, relativo a seu período como secretário de Assistência Social de Maceió (AL).

Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, preso em agosto de 2020 durante a Operação Falso Negativo. O objetivo é verificar a adequada aplicação dos recursos federais repassados ao GDF em razão da pandemia de covid-19. Em pronunciamento, à bancada, senador Reguffe (Podemos-DF). Foto: Pedro França/Agência Senado

A oitiva do ex-secretário de Saúde desta quinta ocorreu após o suposto lobista Marconny Faria não comparecer ao colegiado. Esta é a quinta vez que os senadores remanejam o depoimento de Araújo. Inicialmente, a oitiva estava prevista para ocorrer na semana passada, mas foi remarcada para a última terça (31/8) e, depois, para esta quinta.

Na semana passada, o ex-secretário obteve no Supremo Tribunal Federal (STF) liminar para ficar em silêncio em perguntas que possam autoincriminá-lo.

Veja como foi o depoimento

Eduardo Girão (Podemos-CE) quis saber de Francisco Araújo Filho o porquê do fechamento do hospital de campanha localizado no Estádio Nacional Mané Garrincha. O ex-secretário disse desconhecer o motivo, mas esclareceu que a unidade foi fechada após o período de seis meses estabelecido pelo contrato.

Leila Barros (Cidadania-DF) questionou se a motivação do fechamento seria a denúncia em relação à compra de 190 ambulatórios quando o contrato detalhava a aquisição de 190 leitos de UTI.

Francisco esclareceu que “em momento algum” houve descrição de leitos de UTI e que o contrato estabelecia a aquisição de 170 leitos de enfermaria e 20 leitos de retaguarda que dariam suporte aos hospitais de Base e Regional da Asa Norte (Hran).

Reguffe (Podemos-DF) criticou o fechamento da unidade antes do fim da pandemia e em plena a chegada da segunda onda de contágio e morte pela covid-19.

Senadora Leila Borges (Cidadania-DF). Foto: Pedro França/Agência SenadoFonte: Agência Senado

— Ainda tem o fato de que se monta um hospital de campanha, se gasta dinheiro público para fazer um hospital de campanha para o enfrentamento da pandemia, e se desativa o hospital antes do fim da pandemia, inclusive montando outros depois,questionou.

Marcos Rogério (DEM-RO) acusou a CPI de “seletividade”, por investigar casos de corrupção no Amazonas e no Distrito Federal, mas ignorar suspeitas de desvio de recursos em outras unidades da federação.

— Tentaram forjar nesta CPI material para ser usado na eleição de 2022. Alguém levou vantagem? Não, ninguém levou! Há dois pesos e duas medidas — afirmou.

O senador perguntou ao depoente se ele achava ter cometido erros. Francisco Araújo aproveitou para um desabafo:

— Se eu errei em algum momento, foi buscando o meu melhor. Não fiz nenhuma negociata. Trabalhei vinte horas por dia. Fui acusado no Brasil inteiro de desviar milhões. Fizeram há 20 dias uma busca em Manaus, quando eu estava dormindo com meus filhos gêmeos, de dois anos e meio. Maldade tem limite.

Francisco Araújo Filho volta a negar favorecimento à Precisa Medicamentos

Em resposta à senadora Leila Barros (Cidadania-DF), Francisco Araújo Filho negou favorecimento à empresa Precisa Medicamentos quando houve a dilação do prazo na licitação para compra de testes rápidos para a covid-19. Ele explicou que a intenção inicial era a compra de 50 mil testes e depois esse número subiu para 300 mil. Por conta desse aumento, segundo o ex-secretário, é que houve a dilação do prazo.

Testes anticovid foram comprados por empresa de brinquedos, diz Reguffe

Reguffe (Podemos-DF) apresentou auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) que aponta indício de irregularidade na escolha de uma empresa de brinquedos, a Luna Park Brinquedos, para aquisição de testes para detectar covid-19. Segundo o senador, a empresa também não teria ofertado o produto com o menor preço no processo.

O ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo Filho respondeu que não era papel dele “verificar nome social” e que outras 10 empresas participaram do certame. Durante o processo, disse Francisco, empresas que entraram com menor preço, na hora da compra não tinham o produto disponível e o governo teve que recorrer a outra oferta.  

Ex-secretário confirma existência de sindicância no governo do DF

Ao responder ao senador Izalci Lucas (PSDB-DF), o ex-secretário Francisco Araújo Filho disse haver uma uma sindicância para esclarecer a Operação Falso Negativo. Ele informou que os processos do controle interno ainda estão em andamento, assim como o processo na Justiça.

Izalci  disse estranhar uma condecoração para o ex-secretário. Em resposta, Araújo Filho informou que a homenagem ocorreu em 2019, antes da Operação Falso Negativo. O depoente negou ser “parceiro” do governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha e afirmou que trabalhou na Secretaria de Saúde do DF de forma técnica.

Da Redação do Agenda Capital com informações da Agência Senado

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