Vítima foi abordada em rodovia por agentes e, segundo parentes, tinha transtorno mental. Família cobra investigação e polícia diz que homem precisou ser contido após reação. Em protesto, manifestantes bloqueiam rodovia

Por Redação*

UMBAÚBA (SE) – Um homem morreu após ser trancado no porta-malas de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e aspirar um gás lançado pelos policiais, em Umbaúba, no sul de Sergipe. Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, foi abordado na tarde desta quarta-feira, 25, imobilizado e colocado no interior do compartimento da viatura. Em seguida, segundo testemunhas, os policiais lançaram um gás sobre a vítima e trancaram o porta-malas. O caso está sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

Segundo familiares, o homem sofria de esquizofrenia e há 20 anos tomava medicamentos controlados. A PRF afirma que a vítima resistiu à abordagem e precisou ser contida com armas não letais. 

Um sobrinho de Genivaldo contou que o tio foi abordado quando pilotava uma motocicleta. Ele transitava de moto pela BR-101, na área urbana de Umbaúba, quando foi parado pelos policiais rodoviários federais. De acordo com testemunhas e imagens divulgadas em redes sociais, Genivaldo obedeceu a ordem de parada, colocou as mãos sobre a cabeça e foi revistado. Quando os policiais o questionaram sobre cartelas de comprimidos encontrados em seu bolso, ele esboçou uma reação. Os policiais usaram spray de pimenta para derrubar e imobilizar o homem. Um dos agentes chegou a colocar o joelho em seu pescoço. Em seguida, ele foi amarrado e colocado no porta-malas do camburão.

Ainda conforme a testemunhas, foi nesse momento que os agentes lançaram outro tipo de gás contra o homem, que já havia sido colocado no porta-malas. Como as pernas ficaram para fora, os policiais forçaram a porta traseira da viatura contra os membros inferiores do abordado. Segundo as testemunhas, entre elas um tio do rapaz, os policiais lançaram outro tipo de gás no interior do porta-malas e fecharam a porta. Nas imagens, é possível ver uma espécie de fumaça saindo do compartimento. 

O laudo constatou que a morte dele se deu por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de Sergipe, outros exames foram realizados para detalhar as causas e os laudos complementares ainda serão emitidos.

A família registrou boletim de ocorrência na delegacia de Umbaúba. Familiares da vítima e testemunhas já foram ouvidas, mas, por envolver agentes federais, a investigação deve ser repassada à Polícia Federal.

Em nota, a PRF informou que, durante a abordagem da equipe, o abordado reagiu de forma agressiva e precisou ser contido com técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo.

“Na data de 25 de maio de 2022, durante ação policial na BR-101, em Umbaúba-SE, um homem de 38 anos resistiu ativamente a uma abordagem de uma equipe PRF. Em razão da sua agressividade, foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção e o indivíduo foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil em Umbaúba”, diz a nota.

Ainda segundo a PRF, a ocorrência foi registrada e a Polícia Judiciária vai apurar o caso. A PRF abriu procedimento disciplinar para averiguar a conduta dos policiais envolvidos.

Manifestantes bloqueiam rodovia em protesto contra morte de homem em abordagem da PRF

Um grupo de manifestantes bloqueou a rodovia BR-101 com uma barreira de fogo, na manhã desta quinta-feira, 26, em Umbaúba, interior de Sergipe, em protesto contra a morte do morador Genivaldo de Jesus Santos.

Os manifestantes – moradores e representantes de movimentos sociais – atearam fogo a uma fileira de pneus. O corpo de Genivaldo está sendo velado na casa da mãe da vítima, no povoado Mangabeira, em Santa Luzia do Itanhy. Ele era casado e tinha um filho.

Caminhoneiros relatam lentidão desde as 7h. Uma barricada de pneu e toras de madeira dificultam a passagem de veículos. Ao longo da rodovia, populares acompanham o desenrolar das manifestações. Uma faixa instalada no local pede justiça para o caso.

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*Com informações do Estadão 

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