Luiz Inácio Lula da Silva, presidente eleito do Brasil. Marcelo Camargo/Agência Brasil

NoVos nomes de ministros deixa de fora cargos sobre os quais há impasse, como Minas e Energia e Cidades, pastas na mira do Centrão

Por Redação 

BRASÍLIA – A dez dias de tomar posse, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciará nesta quinta-feira, 22, as primeiras mulheres que farão parte da Esplanada. A nova leva de ministros inclui o “núcleo duro” do governo – que ficará com o PT e terá o deputado Alexandre Padilha em Relações Institucionais –, mas deixará de fora cargos sobre os quais ainda há impasse, como Minas e Energia e Cidades, negociados tanto com o MDB quanto com o Centrão.

Dos 37 ministérios da Esplanada, aproximadamente 24% terão mulheres no comando. Uma delas é a socióloga Nísia Trindade Lima, a presidente da Fiocruz, que será ministra da Saúde. Nos últimos anos, a pasta era considerada uma espécie de “feudo” do PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), mas, agora, Lula recusou o pedido do Centrão e bancou o nome de Nísia.

A economista Esther Dweck, por sua vez, será titular de Gestão. Dweck já atuou no Ministério do Planejamento como secretária de Orçamento do governo Dilma Rousseff. O Ministério de Gestão é fruto do desmembramento de Economia, que será dividido em quatro. Além de Fazenda e Gestão haverá Indústria e Comércio e Planejamento.

Lula convidou o economista André Lara Resende para assumir o Planejamento, mas ele ainda hesita. O petista pediu, então, para o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice eleito, Geraldo Alckmin, conversarem com Lara Resende, na tentativa de convencê-lo a aceitar. Outro nome sondado para o Planejamento, na semana passada, foi o do senador eleito Renan Filho (MDB-AL), ex-governador de Alagoas.

A indicação, no entanto, é da bancada do MDB no Senado, que reivindica uma pasta com orçamento mais robusto e visibilidade, como Cidades, a ser recriada, ou Minas e Energia. Os dois ministérios também entraram na fatura cobrada pelo Centrão como contrapartida por ajudar Lula a aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição no Congresso, que permite ao futuro governo ampliar os gastos.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que ficou em terceiro lugar na corrida presidencial e apoiou Lula no segundo turno, virou outro problema para a montagem do ministério. Simone gostaria de comandar o Ministério do Desenvolvimento Social, que abrigará o Bolsa Família. O programa, no entanto, é considerado a vitrine do novo governo e o PT não quer entregar esse ministério, com muita visibilidade e recursos, para uma possível adversária nas eleições presidenciais de 2026.

O Estadão apurou que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tentou convencer Simone a aceitar a pasta de Agricultura. No primeiro momento ela não aceitou e disse preferir ficar fora do governo a ganhar um “prêmio de consolação”. Caso não haja acordo, o Ministério do Desenvolvimento Social deve ficar com o senador eleito e ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT-PI). Lula deve resolver a situação de Simone Tebet ainda nesta quinta-feira (22). Ele vai tentar convencê-la a aceitar a Agricultura.

O Meio Ambiente (MMA) ficará com Marina Silva, que já foi ministra da pasta no primeiro mandato de Lula. Deputada eleita pela Rede, Marina quer agora que a Autoridade Climática, a ser criada, fique sob a estrutura desse ministério.

Atualmente, o MMA já abriga uma Secretaria de Clima e Relações Internacionais. O relatório que o grupo ambiental do gabinete de transição concluiu, porém, aponta uma composição diferente, na qual a Autoridade Climática funciona como autarquia vinculada ao ministério.

Lula escolheu, mais uma vez, Alexandre Padilha para Relações Institucionais. O ministério é o responsável por fazer a “ponte” entre o Palácio do Planalto e o Congresso. Na articulação política, Padilha terá o auxílio de dois conhecidos parlamentares petistas: o deputado José Guimarães (PT-CE) será líder do governo na Câmara e, Jaques Wagner (PT-BA) ocupará a mesma função no Senado.

A Casa Civil, entregue ao governador da Bahia, Rui Costa, terá um perfil mais técnico e de gestão, nos moldes do que era quando Dilma Rousseff comandou a pasta, de 2005 a 2010, no governo Lula. O deputado Márcio Macêdo (SE), que foi tesoureiro da campanha presidencial e é um dos vice-presidentes do PT, ficará com a Secretaria-Geral da Presidência.

Com essa configuração, a chamada “cozinha” do Planalto terá o domínio do PT. Considerado hábil articulador, Padilha já comandou a então Secretaria de Relações Institucionais no segundo governo Lula. Foi também ministro da Saúde na gestão de Dilma, presidente que sofreu impeachment em 2016. Na campanha deste ano, Padilha fez várias reuniões com empresários, a pedido de Lula, tanto que seu nome também chegou a ser cotado para a Fazenda.

A ativista Anielle Franco, irmã da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, será ministra da Igualdade Racial. A pasta das Mulheres deve ficar com a professora Maria Helena Guarezi, que foi diretora de Itaipu quando a futura primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, trabalhou na empresa. A cantora Margareth Menezes será confirmada na Cultura e a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB), deve ir para Ciência e Tecnologia.

Futuros ministros foram chamados nesta quarta-feira, 21, para conversas individuais com Lula no hotel onde ele tem despachado, em Brasília. Na listava estava o ex-governador Márcio França, que queria Cidades, mas perdeu a disputa para o Centrão e é cotado para assumir Portos.

Veja a relação completa dos confirmados/cotados:

Casa Civil: Rui Costa.

Secretaria-Geral da República:

Márcio Macêdo – deputado federal, vice-presidente nacional do PT e tesoureiro da campanha de Lula.

Emídio de Souza – deputado estadual (PT-SP).
Marco Aurélio Carvalho – advogado e coordenador do Grupo Prerrogativas

Relações Institucionais: Alexandre Padilha – deputado federal e ex-ministro da Saúde de Dilma Rousseff.

Gabinete de Segurança Institucional (GSI): Marco Edson Gonçalves Dias – ex-segurança pessoal de Lula e chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional da ex-presidente Dilma Rousseff.

Secretaria de Comunicação:

Paulo Pimenta – deputado federal (PT-RS) e jornalista.

Rui Falcão – deputado federal (PT-SP) e jornalista.

Sidônio Palmeira – publicitário e marqueteiro de Lula.

Advocacia-Geral da União (AGU):

Jorge Messias – procurador da Fazenda Nacional e ex-assessor de Dilma.

Daiane Nogueira de Lira – chefe de gabinete de Dias Toffoli no STF.

Anderson Pomini – advogado e ex-secretário de Justiça de São Paulo no governo Doria.

Corregedoria-Geral da União (CGU):

Vinícius Marques de Carvalho – advogado do Grupo Prerrogativas e ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Juliano Breda – advogado do Grupo Prerrogativas e de Gleisi Hoffmann, presidente do PT.

Mauro Menezes – advogado do Grupo Prerrogativas e ex-presidente da Comissão de Ética Pública de Dilma e de Michel Temer.

Agricultura:

Simone Tebet – senadora e ex-candidata à Presidência da República em 2022.

Carlos Fávaro – senador e ex-vice-governador de Mato Grosso.

Neri Geller – deputado federal e ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Nilson Leitão – deputado federal.

Relações Exteriores: Mauro Vieira.

Pesca: Fábio Bernardino – subsecretário de Administração Geral da Secretaria de Empreendedorismo do GDF.

Ciência e Tecnologia: Luciana Santos – vice-governadora de Pernambuco.

Defesa: José Mucio Monteiro.

Fazenda: Fernando Haddad.

Planejamento:

André Lara Resende – economista e um dos mentores do Plano Real.

Renan Filho – senador e ex-governador de Alagoas.

Wellington Dias – senador e ex-governador do Piauí.

Desenvolvimento

Geraldo Alckmin – vice-presidente eleito e ex-governador de São Paulo.

Esporte

Ana Moser – ex-jogadora de vôlei e medalhista olímpica.

Leila Barros – senadora e ex-jogadora de vôlei.

Marta – ex-jogadora de basquete.

Indústria e Comércio

Armando Monteiro – ex-ministro Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior de Dilma.

Pedro Wongtschowski – presidente do conselho de administração do grupo Ultra.

Desenvolvimento Social, Família e Combate e Fome:

Wellington Dias – senador e ex-governador do Piauí.

Simone Tebet – senadora e ex-candidata à Presidência da República em 2022.

Gestão e Inovação:

Esther Dweck – economista e ex-secretária do Orçamento Federal de Dilma.

Educação: Camilo Santana.

Igualdade Racial:

Anielle Franco – educadora e irmã de Marielle Franco.

Martvs das Chagas – sociólogo e ministro da Promoção Racial de Lula.

Justiça e Segurança Pública: Flávio Dino.

Minas e Energia:

José Priante – deputado federal.

Jader Filho – presidente do MDB no Pará.

Cultura:

Margareth Menezes.

Portos e Aeroportos:

Márcio França – ex-governador de São Paulo.

Transportes:

Alexandre Silveira – senador.

Meio Ambiente:

Marina Silva – ex-ministra do Meio Ambiente e deputada federal eleita.

Randolfe Rodrigues – senador e líder da oposição ao governo Jair Bolsonaro no Senado.

Trabalho e Emprego:

Luiz Marinho – ex-ministro do Trabalho e deputado federal eleito.

Previdência:

Marília Arraes – deputada federal e ex-candidata ao governo de Pernambuco.

Saúde: Nísia Trindade – presidente da Fiocruz.

Povos Originários:

Sonia Guajajara – deputada federal eleita e liderança indígena.

Joenia Wapichana – advogada e deputada federal.

Eliésio Marubo – procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari.

Mulheres:

Debora Diniz – antropóloga e professora universitária.

Maria Helena Guarezi – ex-funcionária de Itaipu.

Desenvolvimento Agrário:

Valmir Assunção – deputado federal e militante do MST.

Edegar Pretto – deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do RS.

Cidades:

Paulo Teixeira – deputado federal.

Márcio França – ex-governador de São Paulo.

Direitos Humanos:

Silvio Almeida – advogado, filósofo e professor universitário.

Comunicação Social:

Randolfe Rodrigues – senador e líder da oposição ao governo Jair Bolsonaro no Senado.

Turismo: Pedro Paulo – deputado federal e economista.

Com Estadão e Agenda Capital

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