Petista entregou 16 de seus 37 futuros ministérios a outros partidos, sendo nove deles a União Brasil, MDB e PSD

Por Redação 

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assume seu terceiro mandato como presidente da República neste domingo (1º), 20 anos depois de ter subido a rampa do Palácio do Planalto pela primeira vez, com o desafio de construir no Congresso uma frente ampla que lhe garanta governabilidade pelos próximos quatro anos.

Eleito em 30 de novembro, no segundo turno, com 50,9% dos votos válidos contra 49,1% de Jair Bolsonaro (PL), uma diferença de 2,1 milhões de votos, o petista chega ao posto máximo do Poder Executivo diante de um país dividido.

Embora tenha entregado 16 de seus 37 ministérios a outros partidos, sendo nove deles a MDB, União Brasil e PSD, siglas de centro que não o apoiaram na eleição, o terceiro governo Lula ainda não tem uma base de apoio sólida no Legislativo.

As negociações para a formação da Esplanada dos Ministérios, consideradas “atabalhoadas” até mesmo por parte do PT, se encerram na quinta-feira (29), minutos antes de o presidente eleito anunciar no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede da equipe de transição, o desenho final de seu governo.

Nos bastidores, integrantes da cúpula do PT admitem que a fotografia do primeiro escalão “não foi a ideal”, mas dizem que, diante do cenário, “foi a imagem possível”. A avaliação dessa ala do partido leva em conta, especialmente, o acordo com o União Brasil.

Situação do União Brasil

A sigla do ex-juiz Sergio Moro —responsável por levar Lula à cadeia em 2017— indicou três nomes para a Esplanada, mas não garantiu adesão total à base do petista. O partido elegeu a terceira maior bancada na Câmara, com 59 deputados, e terá dez senadores a partir de 2023.

O presidente do União Brasil, Luciano Bivar (PE), diz que a legenda será independente ao governo, já que tem em seus quadros nomes de oposição a Lula —Moro, o principal deles.

Internamente, no entanto, aliados de Bivar dizem que o discurso de independência no Congresso é “apenas retórica política” e que as negociações serão tocadas no dia a dia.

A insatisfação dentro do partido é atribuída ao veto para o líder da legenda na Câmara, Elmar Nascimento (BA), para assumir o Ministério da Integração Nacional, e às negociações tocadas, exclusivamente, pelo senador Davi Alcolumbre (AP) —que emplacou o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), na pasta almejada pelo correligionário. Goés deve se licenciar do PDT e, em seguida, migrar oficialmente para o União.

O quadro dentro do União Brasil, que nasceu da fusão entre DEM e PSL, partido pelo qual Jair Bolsonaro chegou à Presidência, é um retrato dos desafios que Lula terá na relação com o Congresso, avaliam lideranças partidárias.

Mudanças futuras

À CNN, experimentados políticos fizeram projeções pessimistas, cravando que a fotografia da Esplanada do terceiro governo Lula dura, no máximo, seis meses. “O governo montou o ministério, agora tem que se mexer para montar a base no Congresso”, disse um deles, em caráter reservado.

Essas lideranças também preveem problemas na relação com o MDB da Câmara, que elegeu 42 deputados, e alertam para o fato de o PT não ter acomodado no primeiro escalão siglas que estiveram oficialmente na coligação de Lula na disputa presidencial: Solidariedade, Avante e PV.

Reviravolta política

Apesar da extensa lista de desafios a serem enfrentados a partir deste 1º de janeiro de 2023, Lula volta ao comando do Palácio do Planalto aos 77 anos, cinco depois de ter sido preso pela Operação Lava Jato. O petista ficou 19 meses, ou 580 dias, mais especificamente, detido na Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba.

Nesse cenário, o retorno à Presidência da República é tratado por aliados do petista como uma espécie de redenção pessoal de Lula.

Em junho de 2021, o agora presidente eleito recuperou seus direitos políticos, após o Supremo Tribunal Federal (STF) considerar a atuação de Moro na Lava Jato parcial, e abrir caminho para que as condenações de Lula fossem anuladas.

Embora tenha adotado o discurso de “não ter rancor” do período em que se tornou alvo da Lava Jato, Lula volta ao poder reverenciado a política e os políticos —que caíram em descrédito durante os anos de atuação da força-tarefa de Curitiba.

Lula não faz mais questão de fazer referências explícitas à operação, mas marca posição sempre que pode. A mais recente delas foi na última quinta-feira (29), quando anunciou a formação final de seu governo.

Ele disse não ter medo de escolher políticos para compor seus ministérios. Não foi apenas uma resposta a críticas por acomodar partidos como PSD, União Brasil e MDB em seu terceiro mandato.

“No meu governo não há medo de escolher político. Porque sou daqueles que acha que, fora da política, a gente não encontra solução para quase nada neste planeta”, disse.

Com CNN

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here