Levantamento feito pelo Metrópoles mostra que, dos parlamentares eleitos, 14 efetuaram ao menos 22 mudanças desde o ingresso na vida pública

Por Caio Barbieri e Manoela Alcântara

Pelo menos 14 deputados distritais dos 24 atualmente na Câmara Legislativa do DF trocaram de partido ao longo dos mandatos. Levantamento feito pela reportagem revela que, desde a legitimação pelas urnas para assumir um cargo público, 58,3% da atual composição migrou de sigla. No total, foram 22 mudanças de agremiações.

A campeã das trocas é Celina Leão. A parlamentar iniciou a carreira política pelo PMN, passou pelo PSD, foi eleita em 2014 pelo PDT, chegou ao PPS e hoje está no PP. As mudanças mostram que a distrital navegou por partidos de linhas ideológicas distintas, como o PMN – mais inclinado à direita – e depois para siglas mais à esquerda – como PDT e PPS.

Em segundo lugar, está Cláudio Abrantes, hoje, sem legenda, já passou pelo PPS, PT e Rede. Até o dia 7 de abril, a lei eleitoral exige aos  candidatos filiação em algum partido, visto que a regra é que os políticos se filiem até seis meses antes das eleições de outubro.

Para Celina Leão, os interesses dos comandos das siglas inevitavelmente ficam acima do que o político com mandato pensa, e isso eleva as constantes mudanças de filiação. “As pessoas hoje em dia não votam mais em partido, e, sim, em nomes”, disse a distrital.

Ainda de acordo com Celina, na primeira mudança, ela deixou o PMN após se afastar da família Roriz. “Depois, deixei o PSD, pois ameaçava apoiar a reeleição do governo Agnelo (PT), e achei abrigo no PDT e logo depois segui com o [senador] Cristovam Buarque para o PPS. Agora, fui convidada a ir para o PP por um desafio de chegar ao Congresso Nacional”, explicou.

Segundo colocado da CLDF em relação às mudanças partidárias, Cláudio Abrantes compara a filiação política a um casamento. “Nas legendas onde estive, houve desacordos sobre o que acredito ser a política. Estou há quase um ano sem partido, mas tenho procurado uma sigla”, disse. Para o parlamentar, a maior preocupação é encontrar guarida onde “não haja interferências no mandato”.

Fidelidade
No contraponto da tendência da maioria da Câmara Legislativa, há também os que seguem fiéis às agremiações pelas quais foram eleitos: apenas oito distritais da atual legislatura permanecem no mesmo partido desde que foram agraciados com o mandato.

Filiado ao PT, o distrital Ricardo Vale descarta a migração de sigla para tentar viabilizar o projeto de reeleição, mesmo com o possível número maior de candidaturas proporcionais no partido em 2018. “Não tenho pretensão de sair do PT”, disse, acrescentando que ele se sente afinado com a ideologia da legenda.

De olho no fisiologismo
Para o advogado eleitoral e comentarista político Emerson Masullo, apesar de a Justiça Eleitoral ter regras sobre as mudanças partidárias, acaba estimulando as trocas com a abertura da janela. “Existem exceções que podem resultar na insatisfação dos políticos em determinada agremiação. Não se pode condenar um político pela mudança constante de legendas”, disse.

Contudo, o especialista pondera ser a rotineira mudança reflexo de uma renovação da legislação eleitoral. “O mais importante é ressaltar ao eleitor a importância do acompanhamento constante da trajetória política do candidato. No caso específico desta eleição, é preciso ter mais cuidado na escolha do político. Uma das opções é analisar se a postura dele com a legenda se dá por um fisiologismo político ou porque realmente estava dentro das exceções resguardadas pela lei”, afirmou.

Da Redação com informações do Metrópoles

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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