Protesto foi convocado pelo próprio ex-presidente e tenta repetir manifestação que reuniu milhares de bolsonaristas na Paulista em fevereiro; no final, Bolsonaro posou para fotos com pré-candidatos nas eleições de 2024

Por Redação

RIO E BRASÍLIA – O ato em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Rio de Janeiro, neste domingo, 21, foi marcado por acusações de parcialidade contra o o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e por manifestações de gratidão ao empresário Elon Musk, dono do X, da Tesla, da SpaceX e da rede de satélites Starlink.

No discurso, Bolsonaro disse que o empresário é um “mito da liberdade” e fez críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a equipe de governo do petista. O ex-presidente, alvo de investigação por tentativa de golpe de Estado, terceirizou a aliados os ataques a Moraes e sugeriu que a pressão que vem sofrendo seria para “concluir o trabalho de Juiz de Fora”, onde foi vítima de uma facada em 2022.

O ex-presidente voltou a minimizar a minuta do golpe, documento encontrado pela Polícia Federal. Segundo a investigação, Bolsonaro não só tinha conhecimento como também editou o texto que poderia ser usado para justificar uma ruptura sem motivos legais. “É uma proposta que o presidente dentro de suas atribuições constitucionais pode submeter ao Congresso brasileiro. O presidente só baixa decreto depois que o Parlamento der o sinal verde”, disse.

Ao final dos discursos, Bolsonaro posou para fotos de braços estendidos com aliados que estavam no palanque. Boa parte deles vai disputar as eleições de 2024. Na corrida pelo prefeitura do Rio, o deputado Alexandre Ramagem deverá ser o representante do bolsonarismo.

A manifestação foi um novo capítulo da busca por manifestação de apoio popular por parte de Bolsonaro, pressionado por investigações que correm no STF e pelas condenações que o deixaram inelegível até 2030. A primeira foi realizada na Avenida Paulista, em fevereiro.

Elon Musk instiga há duas semanas uma campanha contra instituições brasileiras com acusações de fraude eleitoral e censura. No discurso, Bolsonaro pediu aplausos para o bilionário. “Quando eu tive com Elon Musk, em 2022, começaram a me chamar de mito. Eu falei ‘não’. Aqui, em 2022, aqui sim temos um mito da liberdade: Elon Musk”, disse.

O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) fez parte do discurso em inglês porque “Elon Musk está olhando”. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também pediu palmas ao empresário “pelo que ele está fazendo”.

Coube ao pastor evangélico Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, o discurso mais duro. Ele disse que Alexandre de Moraes é um ditador que adota um “modus operandi” comum aos ditadores para “prender alguns para colocar medo em outros”. O religioso também cobrou a renúncia dos chefes das Forças Armadas e chamou de “frouxo e covarde” o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, por não pautar um impeachment do ministro da Suprema Corte. Pacheco disse ao Estadão que não comentará as falas.

“É safadeza dizer que Jair Messias Bolsonaro tramou um golpe. Tentativa de golpe está no Artigo 359 do Código Penal, que diz que tentativa de golpe é tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais. Lula foi impedido de ser presidente? Os ministros do STF foram impedidos? Cadê o canhão? Cadê a bomba?”, disse.

O ato também serviu para expor bolsonaristas que serão lançados nas disputas pelas prefeituras nas eleições de outubro. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou que os eleitores cariocas precisam “de uma política nova”, de “gente de bem”. Ela optou por um discurso menos inflamado, na comparação com o tom adotado no ato de fevereiro. Na Avenida Paulista, ela reclamou de “ataques e injustiças” e afirmou que “fomos negligentes ao não misturar religião e política” porque “o mal tomou o espaço”.

Em um discurso com verniz religioso, Michelle também fez críticas ao feminismo. “Mulheres sábias edificam uma nação. E essa mensagem que queremos passar para vocês. Mulheres femininas, mulher fazendo uma política feminina e não feminista”, afirmou.

Nikolas Ferreira também apostou em tom religioso. “Este País não precisa de mais projetos de lei, este País não precisa mais de emenda. Este País precisa de homens com testosterona”, disse.

Restrições de contato

A manifestação desde domingo foi aberta pelo presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto. Ele disse que é no Rio onde o partido é mais forte e anunciou os principais nomes da sigla no Estado. Em seguida, Valdemar saiu do carro de som porque, por decisão do STF, ele não pode manter contato com Bolsonaro. Eles são investigados por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.

O general Braga Netto, vice na chapa de Bolsonaro em 2022, também foi ao ato de Copacabana, mas também não pode se encontrar com o ex-presidente por determinação judicial e não subiu no carro de som. O militar também está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral.

O ato também serviu para expor bolsonaristas que serão lançados nas disputas pelas prefeituras nas eleições de outubro. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou que os eleitores cariocas precisam “de uma política nova”, de “gente de bem”. Ela optou por um discurso menos inflamado, na comparação com o tom adotado no ato de fevereiro. Na Avenida Paulista, ela reclamou de “ataques e injustiças” e afirmou que “fomos negligentes ao não misturar religião e política” porque “o mal tomou o espaço”.

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Com Estadão 

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